Para os mais velhos, passar horas jogando Pinball foi um dos grandes baratos da infância. Reunir os amigos e competir para ver quem marcaria o maior número de pontos sem dúvidas era um dos pontos altos do dia. Pois o tempo passou, as coisas mudaram e hoje o Pinball não é mais tão popular entre os jovens. Com a chegada das redes sociais e vídeos games, os garotos deixaram o passatempo de lado.
Febre nas décadas de 70 e 80, o jogo foi criado muito antes disso. Documentos dão conta que os primeiros esboços destas máquinas surgiram por volta de 1600, durante o reino de Luís XIV na França. Diferente do acontece hoje, as bolinhas eram lançadas com pedaços de pau até a outra extremidade da mesa. Com a chegada do século 20 as coisas se alteraram e as mesas se tornaram verdadeiros parques diversão.
"Nos anos 70 e 80 o pinball era a diversão que tínhamos. Aquilo era uma coisa fantástica e ainda é (risos). As luzes, a bola cromada, os alvos, a música, os sons, enfim para a época era algo inovador e muito procurado pelos jovens, diz Richard Thomaz", de 41 anos e há três décadas amante incondicional do Pinball.
Tempos modernos
Em um mundo cada vez mais tecnológico e quase sem espaço para tradições, coisas simples como brincar de bola na rua com os amigos ou jogar Pinball não fazem parte da rotina das crianças nascidas no início do século 21. "Hoje, com tanto entretenimento disponível no mercado, os jovens não enxergam o Pinball como nós," explica Richard que ainda garante que os pais possuem papel decisivo para a continuidade da tradição. "A renovação existe dentro do próprio ambiente e rol de amigos, um filho que acompanha seu pai no hobby e acaba gostando," conta.
Outra maneira de fazer com o que o Pinball se mantenha popular entre os jovens são as versões estilizadas. De tempos em tempos o mercado recebe máquinas inspiradas em clássicos do cinema ou até mesmo em grandes conjuntos de rock. O exemplo disso é uma máquina do grupo de rock Rolling Stones. O equipamento chegou às lojas com 13 músicas da banda, capas clássicas e fotos dos integrantes como parte do design. Entretanto, este sonho de consumo não sai por menos de cinco mil dólares (quase 10 mil reais), o que afasta os novos consumidores. Os altos preços não param por aí não, algumas marcas brasileiras chegam a custar até 15 mil reais.
"O mercado nacional está muito agitado em relação ao Pinball, pois várias pessoas que não são colecionadoras, mas especuladoras fazem disso um mercado negro. Os preços estão bem salgados," lamenta Richard.
Clube do bolinha
Não é difícil encontrar homens na faixa dos 40 anos se reunindo para brincar, isso mesmo, brincar. Nos quatro cantos do país existem clubes (que não recebem mulheres) onde os amigos se juntam para relembrar os bons tempos de infância e como não podia ser diferente, o Pinball também é bem popular entre os marmanjos.
"A ideia do clube surgiu como um meio de poder dividir com outras pessoas da época estas experiências que vivemos muitos anos atrás. É bacana compartilhar de alguma forma essas sensações com amigos e convidados, criando um ambiente repleto de alegria que anos atrás nos proporcionaram momentos de grande prazer," diz Richard Thomaz, que faz parte do ABC Pinball Clube de Ribeirão Pires, interior de São Paulo.
Jogando em casa
Para os apaixonados por Pinball, não existe nada mais fascinante do que ter uma destas máquinas em casa. Além de poder jogá-las quando preferir, o usuário não precisa procurar por clubes, cada vez mais escassos, e que possuam algum modelo. Entretanto, é preciso ter disposição em gastar, pois os preços oscilam entre os 200 até cerca de 15 mil reais. "Este é sem dúvida um hobby muito dispendioso e demorado, mas basta ter paciência para poder tê-la funcionando perfeitamente em casa. Não existe restrição alguma, você só precisa ter bastante espaço, caso queira ter várias (risos)", explica Richard.
Além disso, para os que não possuem dinheiro suficiente para adquirir uma, os grandes centros, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas, oferecem serviços de aluguel de máquinas. Muitas destas empresas disponibilizam inclusive manutenção do Pinball. Caso não seja possível ter um Pinball particular, ainda existem clubes que incentivam e investem em novos admiradores do jogo. "Cada equipamento pesa em torno de 180 kg a 200 kg, imagine um modelo com 40 anos. O caixote de madeira necessita de acompanhamento profissional para manutenção," conta Richard.
Falando em clubes, atualmente no Estado de São Paulo existem três grandes, além do ABC Pinball Clube de Ribeirão Pires, citado acima, completam a lista o Pinball Clube de São Paulo e o Pinball Clube de Boituva.
Dentro da lei
No Brasil, os chamados jogos de azar (fliperamas e bingos, por exemplo), que não deixam nas mãos do jogador a possibilidade de vencer ou perder, estão proibidos. Todavia, o Pinball não é visto como parte deste grupo.
"As máquinas antigamente eram consideradas jogos de azar, pois ficavam ao lado de caça-níqueis e na periferia. Depois de um bom tempo elas saíram desta categoria e passaram a serem vistas como uma forma de entretenimento, já que você não ganha dinheiro nas partidas, mas créditos para jogar novamente. É importante ressaltar que nenhuma máquina de Pinball lhe devolve dinheiro, somente créditos para novas partidas e bolas extras. É um jogo que exige habilidade, não sorte," enfatiza Richard Thomas, que trabalha com eventos e há 30 anos é fanático por Pinball.
Por fim, Richard explica o motivo de sua paixão pelo jogo. "É divertido poder vivenciar hoje o que você viveu há muito tempo atrás, se lembrar de quantas vezes correu da sua mãe quando ela estava atrás de você nos fliperamas, as aulas que nós matamos para jogar, coisas que nunca iremos esquecer."
Para mais informações e o endereço dos principais clubes do país, visite o site oficial dos amantes do Pinball (http://www.pinballbrasil.org).
Serviço
Local: ABC Pinball Clube
Endereço: Avenida Brasil, 193 (Complexo Esportivo Ayrton Senna)
Cidade: Ribeirão Pires, São Paulo
Telefone: (11) 4823-7444
