1972: Rock em quantidade e qualidade Foi difícil, mas compilamos os dez álbuns seminais deste ano mágico, que poderia render facilmente um top 100 de respeito gplus
   

1972: Rock em quantidade e qualidade

Foi difícil, mas compilamos os dez álbuns seminais deste ano mágico, que poderia render facilmente um top 100 de respeito

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O ano de 1972 foi um marco na história do rock n’ roll. A sensação que dá é quase todas as grandes bandas desta época resolveram disputar quem fazia o melhor álbum daquele período. E o interessante é que os outros grandes grupos vinham de sucessos arrebatadores, como é o caso do “4”, do Led Zeppelin, de 1971, e o Dark Side of The Moon, que seria lançado, em 73, pelo Pink Floyd. 

E muita, mas muita gente boa lançou bolachas de altíssima qualidade em 1972. Dava para fazer uma lista com 100 discos antológicos com o pé nas costas. Mas como os dez supremos tiveram que ser escolhidos, será usado o critério de ordem alfabética do nome da banda/artista para que fique claro que houve empate técnico no quesito qualidade. Todos os longplays  são essenciais na coleção de qualquer roqueiro.

Black Sabbath – Vol.4
Lançado em setembro, o quarto disco de estúdio do Sabbath, que contava com sua formação clássica (Ozzy, Iommi, Butler e Ward) afiadíssima, é um mix de rock pesado com pitadas de progressivo. Uma curiosidade é que o álbum iria se chamar “Snowblind”, uma das faixas do LP, em referência à cocaína. Os clássicos do Vol. 4 são “Changes”,  “Supernaut", "Snowblind"  (claro!) e "Wheels of Confusion/The Straightener" . 

David Bowie - The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars
Considerado por muitos como o marco do Glam Rock, esta obra-prima de um ainda jovem, mas indiscutivelmente maduro compositor, David Bowie é um álbum conceitual que narra a história de um alienígena (Ziggy Stardust) que vem para salvar a Terra, que seria destruída em cinco anos, e acaba formando uma banda, os "Spiders from Mars". 

O disco trata justamente do estrelato e da decadência de Ziggy, que, por contados exageros do rock, acaba suicidando-se. Essa bolacha pode ser considerada perfeita. Não há como destacar nenhuma faixa, pois todas são maravilhosas. Tanto que a conceituada revista Melody Maker elegeu o quinto álbum de estúdio da carreira de Bowie como o melhor disco de toda a década de 1970.

Deep Purple – Machine Head
Um dos pilares do hard rock, o Purple vinha do experimental Fireball, de 1971, disposto a retomar a pegada primal de In Rock (1970). E o resultado saiu melhor que a encomenda. Apesar dos problemas na fase de gravação, já que os cinco integrantes da banda inglesa tiveram que improvisar um estúdio em um hotel abandonado de Genebra, na Suíça, pois o espaço locado para as sessões pegou fogo na noite anterior ao início dos trabalhos durante um show de Frank Zappa. A história foi imortalizada na música que tem o riff mais famoso e executado do rock em todos os tempos: Smoke On The Water. Outros clássicos, como “Highway Star”, "Space Truckin'", “Lazy” e "Pictures of Home", alçaram o Purple ao topo. 

Emerson, Lake & Palmer – Trilogy
O terceiro disco de estúdio de Emerson, Lake & Palmer, lançado em julho de 1972, foi responsável por levar o grupo ao estrelato mundial. O grande destaque deste LP é a música "Hoedown", um novo arranjo para esta composição de Aaron Copland. Trata-se do álbum favorito de Greg Lake, que compôs a bela "From the Beginning". Este LP foi uma espécie de embrião para o descomunal Brain Salad Surgery, de 1973.  

Jethro Tull – Thick is a Brick
Um dos discos mais audaciosos do rock, Thick is a Brick, do Jethro Tull, é um daqueles casos de criações surreais do gênero que só encontramos nos anos 1970 ou no final dos 60. Os 43 minutos e 50 segundos do álbum compreendem apenas uma faixa, Thick is a Brick, que é dividida em três partes. Tudo gira em torno de um poema escrito por um garoto inglês que fala sobre os desafios de envelhecer. 

Lou Reed – Transformer
O poeta e dublê de cantor Lou Reed é uma espécie de Chico Buarque inglês. É um cara que não canta nada, mas é um gênio da música. Dono de composições fantásticas, Reed lançou, em 08 de novembro de 1972, seu melhor disco e um dos mais célebres lançamentos do subgênero Space Rock. : Transformer. O LP traz petardos como "Walk on the Wild Side", "Make Up", “Satellite of Love" e o hino “Perfect Day”.

Neil Young - Harvest
Harvest não é somente uma obra-prima do rock, mas sim da música mundial. Calcado no folk, o quarto álbum da carreira do canadense Neil Young também tem seus momentos Soft Rock. Trata-se de um LP de profunda sensibilidade e equilíbrio entre músicas de extrema simplicidade e beleza, como "Out on the Weekend", "Harvest", "Heart of Gold" e "Old Man". Grandes nomes do gênero, como seus antigos companheiros de CSNY, David Crosby, Graham Nash, Stephen Stills, além de James Taylor, fizeram participações no LP. 

Rolling Stones – Exile on Main Street
Considerado o melhor álbum da carreira dos Stones, Exile on Main Street teve 110% de contribuição de todo os seus cinco integrantes. Com uma pegada bluesy, Jagger e Richards vão na raiz do rock, o blues, buscar os ingredientes essenciais para a concepção deste longplay, que também tem momentos de peso (Rocks Off), belas linhas melódicas (Let It Loose) e até gospel (Shine a Light). Os Rolling Stones estavam no auge de sua criatividade. Detalhe: Exile é, originalmente, quádruplo (quatro vinis).  

Uriah Heep – Demons and Wizards
Uma das bandas mais injustiçadas da história do rock, o Uriah Heep sempre foi taxado por ser um grupo que não lançava singles bem-sucedidos. E a explicação para isso é a coesão de seus discos, já que uma música era intimamente ligada às outras. Seus fãs não estavam nem aí para o nariz torcido da imprensa (dita) especializada da época, tanto que lotavam shows ao redor do mundo e foram responsáveis pelas vendagens milionárias do quinteto nos anos 1970. 

Demons and Wizards é lembrado como o mais importante lançamento da banda, na ativa até hoje. As faixas são meio que interligadas, em variações entre baladas, progressivo e hard rock. Destaque para o clássico setentista "Easy Livin'", as tocantes "The Wizard" e "Circle of Hands", com sua arrepiante introdução do órgão Hammond de Ken Hensley, e a paradoxal "Paradise/The Spell", que apresenta inúmeras alterações de arranjo e andamento. 

Yes – Close To The Edge
E para fechar, o célebre Close To The Edge, do Yes, que contava, nada mais nada menos, com músicos do quilate de Rick Wakeman, Jon Anderson, Cris Squire, Bill Bruford e Steve Howe. Os fãs e os críticos consideram este álbum como o melhor da trajetória do grupo. 

Close to the Edge iniciou uma tendência da banda em incluir uma canção guia, mais longa que as outras. A receita foi repetida em lançamentos posteriores, como como Relayer ("The Gates of Delirium") e Going for the One ("Awaken"). Nos moldes da música clássica, as duas primeiras faixas são divididas em quatro andamentos.