Se você nasceu nos anos 70 provavelmente teve uma mãe apaixonada pelo Ronie Von. A minha era uma dessas moças fãs incondicionais do galã da Jovem Guarda chamado de “Pequeno Príncipe” – apelido que recebeu ao vender mais de 1 milhão de cópias do compacto “A Praça”, em 1967. E queria-porque-queria que o seu filho – eu, no caso – nascesse com os olhos verdes claros do carioca nascido Ronaldo Lindenberg von Schilgen Cintra Nogueira. Hoje um setentão boa pinta e bom papo, Ronnie – que virou cult como cantor, mas fez carreira como apresentador de tevê – está comemorando, esta semana, 10 anos à frente do “Todo Seu”, seu 13º programa, no ar na Gazeta. Nessas duas décadas de jornalismo, eu pude entrevista-lo algumas vezes e, numa delas, revelei a ele esse causo de família e o agradeci por ser fonte de inspiração para a minha mãe (sim, o mantra dela deu certo).
Nosso último encontro fora na casa de Ronnie. Sentado na sala dele, em uma manhã de céu azul, ouço o galo cantar três vezes por volta das 10h. A sinfonia ecoava do quintal do casarão, localizado na zona sul da capital paulista. Ronnie surge e logo me conta que fez da sua casa um clube. Nela, há quadra de tênis, pomar, piscina, forno a lenha e... galinheiro. Bicho do mato que não curte sair de casa, ele resolveu configurar assim o seu lar para atrair para perto de si as pessoas que mais ama, familiares e amigos, adultos e a molecada. Foi em meio a esse ambiente acolhedor que o lorde Ronnie Von topou divagar sobre os experimentalismo de sua vida afetiva nos campos sexual e amoroso. Abaixo, veja o relato de como ele perdeu a virgindade e se apaixonou por uma mulher 28 anos mais velha.
– Qual avaliação faz da primeira vez que fez sexo?
Péssimo! Eu fui seduzido pela babá de uma prima. Eu tinha 12 anos recém completados. Estava na casa da minha tia e a babá foi no meu quarto, de noite. Me pegou, me beijou, manuseou, pintou o diabo. Foi horrível. Eu não sabia o que estava acontecendo direito. A segunda já foi muito melhor. Foi com a mesma moça um ano e pouco depois. E eu quem quis. Daí pra frente tomei gosto. Ela era mais velha, 20 e poucos anos, tinha cabelo preto liso, a pele muito branca, quase leitosa, com sardinhas. Essa pigmentação de pele...
– Virou seu tipo preferido.
Passou a ser, pra mim, a coisa mais sensual que existe. Gosto de mulher que tenha uma atitude comportamental e feições serenas, sossegadas, plácidas, uma coisa estilo Grace Kelly. Todas as minhas grandes experiências com moças exuberantes ou com famosas foram, na horizontal, um terror! Moças com anorgasmia, que choravam, enfim, problemas de toda a ordem. As quietinhas, as comportadas, normalmente, tinham uma performance excepcional.
– Magras ou mulheres com mais curvas. Qual prefere?
Mulheres acima do peso passaram a ser um clichezão meu por muito tempo. Conversei com amigos ligados a sexualidade os questionando do porquê. Me disserem que normalmente elas têm uma carga hormonal de testosterona maior. Também tenho predileção por mais velhas. Claro que não foi a tônica, mas inclusive me apaixonei perdidamente por uma amiga da minha mãe.
– É nada!?
Eu tinha 18. Ela, 42. Foi o ensina-me a viver. Eu era cadete aviador da Força Aérea Brasileira. E Norma, recém-separada, morava em uma cobertura na avenida Atlântica, no Rio. Um dia, jantávamos na casa da minha mãe e a perna dela encostou na minha, debaixo da mesa, sem querer. Aí eu encostei meu pé na Norma, que não desviou, deixou. A levei até a casa dela. Ela perguntou se eu não gostaria de subir para um café. Nesse dia, sapequei-lhe um beijo. No dia seguinte, liguei. No terceiro dia, mandei flores e, no quarto, já estava na horizontal com a moça. Ela é uma das melhores, maiores e mais gostosas lembranças da minha vida. Ela me preparou para este mistér: o pré, o pós e o durante. Sexo tem de ter esses componentes. Não gosto de sexo só mecânico. Me mudei de mala e cuia para a casa dela. Um dia, minha mãe foi lá me buscar, dizendo a ela: “Você aliciou o meu menino”. E Norma terminou o romance, que durou seis meses, aos prantos.
Sobre Rodrigo Cardoso
Rodrigo Cardoso é jornalista. Escuta mais que fala. Deu certo na arte de contar histórias de gente (de Mandela a Andressa Urach) apesar da memória seletiva.
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