A cada janela de transferências, recordes são batidos e amplamente versados pela mídia esportiva: o valor de mercado dos jogadores de futebol nas contratações dos clubes, em especial no cenário europeu, asiático, e, mais recentemente, o africano - liderado pelas recentes investidas do Egito nos atletas do futebol brasileiro.
O maior impacto recente foi a aquisição de Neymar pelo Paris Saint-Germain, da França. Após fracassar no "projeto Liga dos Campeões" por algumas temporadas - mesmo com um elenco recheado de bons jogadores -, o clube parisiense foi atrás de um atleta para mudar o patamar da equipe e aumentar as chances de título na maior competição de clubes do mundo.
Encontrou em Neymar Jr., multicampeão e ainda jovem, a peça para o sucesso. A ferramenta para agilizar a engrenagem, no entanto, custou caro: 222 milhões de euros, mais de R$ 800 milhões na cotação da época da negociação.
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Na Espanha, o Real Madrid investiu pesado no garoto Vinícius Jr., ex-Flamengo. Pagou ao clube da Gávea cerca de R$ 164 milhões e esperou o jogador alcançar a maioridade para poder vestir suas cores. O negócio, para muitos analistas, se mostra arriscado pela inexperiência de Vinícius no futebol do Velho Continente e pela quantia desembolsada pelo time da capital espanhola.
UM NOVO MUNDO FINANCEIRO
A Economia global do esporte vem mostrando sinais de mudanças já faz tempo. Os clubes arrecadam cada vez mais dinheiro e investem esse capital das mais variadas maneiras, principalmente em suas peças humanas, os jogadores de futebol. O caixa financeiro das equipes é preenchido com dinheiro proveniente de diversas fontes, entre as principais: cotas de televisão, patrocínios, renda de bilheteria e venda de atletas.
A Premier League, considerado por muitos o maior campeonato nacional do planeta, é líder em cotas de TV. Somente para a temporada 2016/2017, por exemplo, os 20 clubes ingleses do torneio receberam quase 10 bilhões de libras, distribuídos por critérios. Além de um valor fixo e o número de jogos exibidos, uma quantia é dada de acordo com a colocação final de cada equipe no certame. O Chelsea, campeão naquela temporada, abocanhou pouco mais de 150 milhões de libras (cerca de R$ 627 milhões).
CAPITAL HUMANO E FINANCEIRO
Por mais que alguns clubes gastem muito para adquirir atletas, a prática em muitos casos também é vista como investimento a médio-longo prazo, já que devido à alta nos preços dos jogadores - que às vezes cresce de maneira exorbitante -, o futebolista dará lucro aos cofres da equipe quando for novamente negociado.
Além disso, os atletas dão retornos indiretos às agremiações, motivando os torcedores a aderirem o plano de sócio-torcedor e até mesmo cedendo seus direitos de imagem para propagandas do clube - divulgadas na grande mídia e também na internet.
IMPACTO MENOR NA RECEITA
Por mais que as cifras nas contratações sejam bem maiores do que no passado, não é necessariamente certo dizer que um clube comprometeu mais o seu caixa do que em negociações de anos atrás. Um exemplo: o Real Madrid, em 2001, contratou Zidane por cerca de 70 milhões de Euros. De acordo com levantamento do site "The Economist", esse valor comprometeu mais de 50% das receitas do clube espanhol.
O PSG gastou na contratação de Neymar, em 2017, mais de 200 milhões de Euros, porém, comprometeu pouco mais de 40% de suas receitas - cerca de 10% a menos do que o Real Madrid 16 anos atrás.
A CHINA, AS EMPREITEIRAS E O ESTADO
Cada vez mais os jogadores saem do futebol brasileiro para jogar na China, com salários milionários - às vezes cifras pouco vistas até no cenário europeu. E qual a razão do crescimento do esporte no país asiático e a debandada dos craques tupiniquins? Um dos motivos que ajuda a explicar é a relação entre as empresas e o governo da China.
Com a intenção de expandir o desporto no país, o Estado chinês começou a conceder "facilidades" para empresas que apostam no esporte. Os times do futebol da China costumam ser controlados por companhias - boa parte delas empreiteiras -, e os investimentos batem a casa dos milhões, o que dá poderio econômico para as agremiações investirem em jogadores de todas as partes do mundo.
O Guangzhou Evergrande, por exemplo, um dos clubes mais conhecidos da China e destino de muitos atletas brasileiros, é regido pela empresa "Evergrande Real Estate Group".
O MITO DAS CAMISAS
Quando Cristiano Ronaldo acertou com a Juventus para a próxima temporada, muitos torcedores argumentaram que seria possível pegar a contratação com o alto número de camisas do craque que seriam vendidas.
Apesar de realmente o número de camisetas comercializadas aumentar, elas representam um valor ínfimo nos cofres de uma equipe. Isso porque no contrato entre clube e fornecedora de material esportivo já está estipulado que apenas uma porcentagem das vendas é destinada ao time, boa parte do montante vai para a fornecedora - no caso da Juve, a Adidas.
O retorno que CR7 dará ao time italiano passa por outros fatores - dentro de campo, com possíveis títulos; fora dele, através de marketing e até em uma eventual venda, apesar da idade do craque português.
Sobre Rudiney Freitas
Apaixonado por livros, esportes, cinema, música, a vida e seus passageiros. No mundo do jornalismo porque gosta de se comunicar, até por sinal de fumaça.
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