No topo do mundo O alpinista brasileiro Rodrigo Ranieri conta como venceu o medo e o cansaço rumo ao cume do monte Everest gplus
   

No topo do mundo

O alpinista brasileiro Rodrigo Ranieri conta como venceu o medo e o cansaço rumo ao cume do monte Everest

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O histórico de mortes e acidentes ocorridos no monte Everest desde sua descoberta como montanha mais alta do mundo em 1852 intimida até os alpinistas mais experientes. Situada entre o Tibet e o Nepal, na cordilheira do Himalaia, a região é de difícil acesso  até mesmo para resgates de emergência. Mesmo assim, o atleta paulista Rodrigo Ranieri, 41, foi o primeiro brasileiro a ter coragem de enfrentar por duas vezes os ventos extremos, as péssimas noites de sono no gelo e o ar rarefeito do Everest, alcançando o ponto mais alto do planeta em 2008.  

Nascido em Ibitinga, no interior de São Paulo, Ranieri escalou a mesma face da montanha em 2005, mas voltou faltando apenas 50 metros para chegar ao topo, devido às condições adversas. "Não senti medo. Lá você tem que estar concentrado, pensando em como otimizar seu espaço e preservar energia para a volta, nao dá pra ficar com medo. Medo é um sentimento ruim, ele te paralisa, consome energia, tira a atenção, e atrapalha o poder de decisão", explica o alpinista.

Longe de casa e a mais de 8 mil metros de altura não é nada fácil ter uma boa noite de sono. Ranieri conta que, uma vez lá em cima, é necessário armar uma barraca inteira sobre plataformas feitas com pedras e todos têm que dormir conectados por uma corda. "No Everest a gente até consegue uns platôs que dão pra deitar, mas o problema maior são os ventos, que são violentos lá em cima", comenta o alpinista. Em temperaturas abaixo de zero, se as medidas de segurança não forem observadas, corre-se o risco de se ter  os membros congelados, como os dedos das mãos e dos pés.

Por ter sido criado em sítios, desde cedo Ranieri foi influenciado pelas viagens promovidas por seus professores no colégio, posteriormente formando um grupo de viagens enquanto cursava a universidade. Numa dessas viagens, o atleta conheceu Itatiaia, onde escalou o pico das Agulhas Negras de quase três mil metros de altura em 1998. "Depois nunca mais parei", afirma Ranieri. 

Nesta época, o alpinista mal sabia que sete anos depois encararia a montanha mais alta do globo, cujo cume está a quase nove mil metros do nível do mar.

Atualmente,  Ranieri ministra palestras motivacionais e expedições, dividindo a vida de empresário com a de atleta. No Rio de Janeiro e em São Paulo estão seus locais preferidos para praticar o esporte, em especial as cidades de Campos do Jordão e São Bento de Sapucaí. Além do alpinismo ele também encontra tempo para praticar voos de parapente aos finais de semana.

"Tenho ainda um projeto de voltar ao Everest e descer voando em 2013", revela o alpinista brasileiro que viu o mundo de cima, e acredita que a superação "é conseguir realizar desafios que você não tem certeza absoluta que é capaz, quebrando seus próprios limites", desabafa Ranieri.