Final da Copa do Mundo de 2014. Cerca de 75 mil torcedores aguardam o início da partida mais esperada do ano. De um lado Argentina de Lionel Messi, de outro, uma Alemanha entrosadíssima. Enquanto o mundo todo ansiosamente espera o apito inicial, a câmera da HBS (Hosting Broadcast Services, empresa responsável por transmitir a Copa do Mundo) foca na tribuna de honra. Entre a presidente do país sede, Dilma Roussef, e o presidente da próxima sede da Copa do Mundo, Vladimir Putin, encontra-se um sujeito calvo e com ar de seriedade. Seu nome é Joseph Sepp Blatter.
Menos de um ano depois, lá estava Blatter em busca de sua quarta reeleição. Nas vésperas da eleição que aconteceria em Zurique, um evento inesperado abalou o mundo do futebol. A polícia suíça deteve 8 dirigentes da FIFA mais o então vice-presidente da CBF, José Maria Marín. Em meio à confusão, Blatter conseguiu ser reeleito com certa tranquilidade. Entretanto, 4 dias após as eleições, Sepp misteriosamente renunciou ao cargo.
No mínimo estranho. Mas é certo que "transparência" não é lá muito a praia dos executivos da FIFA, e muita coisa acaba indo para debaixo dos panos. Recolher a "sujeira" escondida e expô-la à sociedade é certamente uma tarefa árdua e ousada. E descobrir o que se passa no mundo dos cartolas foi missão de Jamil Chade, repórter do O Estado de S. Paulo.
Chade passou 15 anos como corresponde do Estadão na Europa para ver o que se passava nos bastidores da FIFA. Como resultado, o jornalista lançou o livro Política, Propina e Futebol (Objetiva, R$ 40,00) no final de novembro. O livro conta sobre como se formaram as oligarquias do futebol, o fim da era Blatter, as propinas pagas para sediar a Copa do Mundo e tantas outras coisas.
Mas não é somente em “Política, Propina e Futebol” que é possível encontrar um mar de denúncias contra a entidade máxima do futebol. O escocês Andrew Jennings, um dos mais prestigiados jornalistas investigativos do universo esportivo, deixou sua marca em Jogo Sujo – O Mundo Secreto da FIFA (Panda Books, R$ 60,00). O livro, fruto de anos de investigação, retrata casos de corrupção, fraude, tráfico de influências e outras mazelas que aconteceram na FIFA a partir da “Nova Era do futebol”, que segundo o autor é marcada pela emersão de João Havelange à presidência do órgão máximo do futebol.
Não satisfeito, Jennings lançou uma segunda versão de Jogo Sujo, Um Jogo Cada Vez Mais Sujo (Panda Books, R$ 50.00). Em seu segundo livro sobre o jogo sujo praticado pelos cartolas do futebol, o jornalista escocês vai mais a fundo em suas investigações e encontra negociações que envolveram Franz Beckenbauer para sediar a Copa e 2006, que é detalhadamente contado no livro. O ex-presidente da CBF, José Maria Marín também foi alvo de suas investigações e ganhou um capítulo exclusivo, dedicado a ele.
Ainda na mesma pegada, os jornalistas Amaury Ribeiro Jr., Leando Cipoloni, Luiz Carlos Azenha e Tony Chastinet escreveram O Lado Sujo do Futebol (Planeta do Brasil, R$ 40,00) . Por meio de dados financeiros e documentos certificados em cartório nacional e internacional, os autores comprovam lavagem de dinheiro, fraudes e esquemas mafiosos formados pelo conchave entre Ricardo Teixeira e João Havelange. Uma ótima opção para quem quer saber mais sobre o que rolou sujo nos bastidores da FIFA e da CBF.
Futebol é muito mais que só futebol. Disso o jornalista americano Franklin Foer sabe bem. Em seu livro, Como o Futebol Explica o Mundo (Zahar, R$ 50,00), Foer mostra como o esporte mais praticado do mundo explica a globalização e importantes segmentos da sociedade. Para cada capítulo o autor procura explicar um determinado assunto, como a forma que futebol explica o paraíso dos gângsters, questões judaicas, a sobrevivência dos cartolas e outros assuntos.
Já para quem procura um livro mais “científico” sobre o futebol, Soccernomics (Tinta Negra, R$ 60,00) é a escolha certa. Por meio de uma minuciosa análise econômica do mundo futebolístico, o jornalista esportivo inglês, Simon Kuper e o economista esportivo polonês, Stefan Szymanski, lançaram o livro que virou best-seller em 2010, uma espécie de Freaknomics do futebol.
Tendo como base análises de estatísticas e dados por meio de teorias econômicas e psicológicas, a dupla estudou diversas áreas do esporte mais popular do mundo. O livro traz informações de como a nacionalidade do jogador e a influencia em seu passe, a relação da folha salarial de um clube com seus resultados no fim da temporada e critica modelos de gestão e que a Copa do Mundo é um desperdício de dinheiro. Soccernomics também faz análise dos possíveis ganhos que sediar grandes eventos esportivos, como Copa do Mundo e Olimpíadas, leva ao país sede, que, segundo os autores, não traz riqueza nem grandes benefícios econômicos. Para o público brasileiro, os autores fizeram uma edição exclusiva, com análises sobre jogadores brasileiros que vão para o futebol europeu e suas dificuldades de adaptação.
Sobre Guilherme de Souza Guilherme
Prefere perguntas a respostas e está num relacionamento sério com o jornalismo. Fã de música e livros, é zagueiro adepto do bom futebol, palmeirense-roxo e ex-taekwondista.
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