Já pensou no dia em que você puder levar a gata para um rolê "diferente" na praia e, em vez de circular à beira-mar, esticar a quinta até cortar o giro direto para dentro d'água com a sua máquina? Diante de tantos peixes e corais, a conquista estaria garantida! Mas quando algo está muito bom, a gente sempre cai da cama e acorda.
Enquanto a tecnologia não alcança nossos desejos fetichistas, uma pequena empresa norte-americana resolveu dar um passo a mais rumo ao sonho de uma geração. Com apenas 80 funcionários, a Gibbs Technologies desenvolveu o Quadski, veículo anfíbio que chega a 72 km/h tanto na água quanto na terra, e faz a transição com o simples acionamento de um botão. O porte do anfíbio lembra o de um grande jet-ski futurista, com as rodas inclinadas para cima.
Durante o lançamento do modelo, o fundador da Gibbs, Alan Gibbs, confirmou que o Quadski é um veículo multiuso voltado à recreação, mas frisou que ele também se mostrou muito eficiente para "resgates em regiões de difícil acesso para os meios comuns".
Já o Aquada, o irmão mais velho do Quadski, alcança velocidades de 176 km/h em solo e 72 km/h sobre a água. Embora o projeto pareça minimalista, o custo total de desenvolvimento do modelo ultrapassou a marca dos US$ 100 milhões. Seu projeto inicial começou em Detroit no ano de 1997, e foi concebido por um time de cerca de 20 engenheiros, entre eles Neil Jenkins – responsável pelo desenvolvimento e produção do Jaguar XJ220.
No entanto, o conceito partiu de Allan Gibbs, um negociante industrial neozelandês. Ele costumava passavar os finais de semana em sua fazenda, onde o rio que cortava a propriedade transbordava quase dois metros em algumas épocas do ano.
Cansado de rebocar os carros com um trator quando enchentes ocorriam, ele construiu seu primeiro veículo anfíbio em 1995. Pouco tempo depois, ele se deparou com o primeiro problema de sua invenção: o protótipo alcançava uma boa velocidade na água, entretanto não conseguia ultrapassar uma pessoa caminhando em terra.
Gibbs matou a charada somente um ano depois, quando visitou uma exposição sobre exigências náuticas locais. No evento ele foi apresentado à solução do projetista Terry Roycroft para reduzir o arrasto na água. Com as ideias fermentando, o industrial solicitou à fabricante automotiva britânica Lotus um estudo de viabilidade sobre seu projeto. Após revisar a proposta, a marca declarou que o anfíbio de Gibbs era tecnicamente possível.
Em pouco tempo, o negociante abriu uma empresa e desenvolveu três protótipos de veículos anfíbios. Hoje em dia, a Gibbs Military Amphibians, um segmento da empresa, está desenvolvendo este tipo de veículo para uso militar em parceria com a Lockheed Martin.
Porém, quem já curtiu a ideia de sair por aí pilotando estes brinquedos em trilhas enlamaçadas, lagos e rios, ainda terá que esperar sentado. Além do Quadski e do Quada, a companhia planeja lançar um terceiro anfíbio de alta velocidade estilo wagon nos EUA até o final deste ano, cujas fotos ainda não estão disponíveis. A Gibbs informou ao AreaH que até lá também deverá definir os preços finais dos veículos.
Suspensão e Retração
A peça mais rara de engenharia no Aquada se encontra na estrutura que sustenta as rodas. Ela conta com um suporte compacto único de multifunções, oferecendo um sistema de nivelamento automático, além de um amortecedor de choque.
Depois de elevar altura do veículo em alguns centímetros, o dispositivo levanta as rodas para fora da água. Tudo é controlado por um computador que gerencia as 17 válvulas do sistema hidráulico.
Turbina
O primeiro modelo fabricado pela Gibbs – o Aquada – proporciona quase uma tonelada de impulso através de uma turbina que tem metade do comprimento e 1/4 do peso de uma embarcação comum.
Sua força é suficiente para sugar pedras do tamanho do seu punho a quatro metros de profundidade embaixo d'água. Cerca de 100 m³ de água por minuto são lançados pela parte traseira do propulsor.
Transmissão
Há trinta anos atrás, o projeto de Gibbs teria sido impossível: a capacidade de relacionar peso e potência melhorou muito durante esse período, segundo a Gibbs Techonolies. Os veículos da companhia precisam de um motor de apenas 2.5 litros para desenvolver 65 cavalos de potência - um desempenho quatro vezes superior ao dos carros produzidos nos anos 80.