Uma biografia é um gênero literário em que o autor narra a história da vida de uma pessoa ou de várias pessoas. Desde os gregos as figuras públicas têm suas vidas contadas, mas por algum motivo, apesar de não estar na constituição, até o começo de 2015 era necessário ter autorização do biografado para publicar no Brasil. Liberada por unanimidade no Supremo Tribunal Federal recentemente, as biografias agora podem ser publicadas sem autorização prévia da pessoa que está sendo biografada. Pra comemorar a liberdade de expressão, a gente selecionou algumas das biografias não-autorizadas mais controversas que deram o que falar. Confira só:
7. Dirceu – A biografia (2013)
Escrito por um repórter da Veja, o livro-reportagem narra a história do maior lobista do Brasil e os seus diversos talentos como “consultor”. O homem que apresentou Lula a Marcos Valério é, segundo Otávio Cabral, “um personagem importante para entender a história do Brasil nos últimos 40 anos”. Dirceu não estava entre as 63 pessoas entrevistadas pelo jornalista, apesar de ter sido convidado, mas também não o impediu de produzi-la.
6. Roberto Carlos em detalhes (2006)
Roberto Carlos entrou na justiça contra o escrito Paulo Cesar de Araújo oito dias após o lançamento e conseguiu tirar o livro das prateleiras quase um ano depois. Nele, o autor foi acusado de injúria por mais de dez passagens da obra de Araújo, entre elas a que relata o acidente que Roberto Carlos sofrera na infância e a morte de sua esposa Maria Rita. Eles finalmente entraram em acordo em 2015.
5. Noel Rosa – Uma biografia (1990)
Lançada pela UnB, a obra de João Máximo e Carlos Didier, a biografia do sambista brasileiro que morreu aos 26 anos de tuberculose foi barrada na justiça pelas sobrinhas de Noel Rosa. Elas alegaram que o texto desrespeitava a memória da família por relatar o suicídio do pai e da avó do compositor. e só em 2012 retiraram a última queixa contra os autores.
4. Jogo Duro – A História de João Havelange (2007)
O jornalista Ernesto Rodrigues ousou retratar a vida do todo ex-todo-poderoso presidente da Fifa entre 1974 e 1998, mas acabou omitindo passagens mesmo sob a desaprovação de colegas de profissão. Em 2013, entretanto, ele lançou o documentário Conversa com JH, onde revelou o áudio das conversas em que recebia ameaças de Havelange.
3. Minhas Lembranças de Leminski (2013)
Convidado pelas herdeiras do poeta paranaense Paulo Leminski, o jornalista e publicitário Domingos Pellegrini teve seu texto final desaprovado pela viúva e as filhas do escritor. Elas desaprovaram a quarta edição da obra por ela falar sobre o suicídio do irmão de Leminski e do seu problema com o álcool. Leminski morreu de cirrose em 1989.
2. Lampião – O Mata Sete
O livro que ainda deve ser lançado pelo juiz aposentado Pedro de Morais reforça o que já se sabia há 30 anos: o Rei do Cangaço era gay e mantinha um triângulo amoroso com Maria Bonita e outro cangaceiro, Luiz Pedro (que foi o assassino do irmão de Virgulino Ferreira, o Lampião). A obra fora vetada até 2014 a pedido de Vera Ferreira, neta de Lampião.
1. Estrela Solitária – Um brasileiro chamado Garrincha
Ruy Castro, biógrafo de Carmen Miranda e Nelson Rodrigues, chegou a dizer em 2014: “Não escrevo mais biografia até acabarem com essa doença”. Ele se referia ao veto que várias das filhas de jogador impuseram na Justiça sobre sua versão da história da vida de um dos maiores de jogadores brasileiros. Castro teve que conceder à família 5% do valor da capa por mencionar que Garrincha era bem dotado e tinha “vigor sexual raro”.
Sobre Danilo Barba
Danilo Barba é músico e jornalista pós-graduado em Negócios Internacionais pelo George Brown College de Toronto. Bloga sobre Sexo Oposto no Yahoo Mulher. No Insta e Twitter: @dambarba
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