A infidelidade existe desde que inventaram a fidelidade. No entanto, a traição ainda é um tabu em nossa sociedade. Ao longo do tempo, o tema foi tratado em diversos livros, peças e filmes, e, ainda hoje continua dando o que falar, até porque “nunca estamos tão mal protegidos contra o sofrimento como quando amamos”, como já dizia Freud.
Se você já chifrou ou ganhou um par de chifres, saiba que nem sempre a culpa é exclusivamente sua ou de seu parceiro. A ciência explica que a traição é um tema mais complexo do que muitos pensam.
Voltando às origens
“O ser humano tem uma natureza poligâmica. A gente torna o desejo monogâmico por uma escolha social e cultural” afirma a psicóloga Blena de Oliveira. O resultado disso tem origem em nossos antepassados. Por conta da maioria das sociedades pré-histórias terem sido poligâmicas, uma das explicações mais aceitas pelos cientistas é a que para que o homem conseguisse disseminar seus genes, ele tinha relações sexuais com várias mulheres. Mas se a poligamia é mais natural do que a monogamia, por que esta passou a ser culturalmente e socialmente mais aceita em nossa sociedade?
Como o Dráuzio Varela explica em seu artigo, tanto a poligamia como a monogamia tem suas vantagens e desvantagens evolutivas. Uma das explicações é que a monogamia tenha sido adotada por algumas sociedades para que a prole fosse mais bem cuidada e para que os homens tivessem certeza de que os filhos eram mesmos seus. Ainda no século XIX, o filósofo Friedrich Engels atribuía o surgimento da monogamia às condições econômicas, na qual a propriedade privada seria repassada como forma de herança.
Motivos de traição
De caso para caso, os motivos que ocasionam relacionamentos extraconjugais são muito variados. Vingança, curiosidade, monotonia da relação e até a busca por uma aventura podem ser alguns deles.
Certamente, relações problemáticas nem sempre resultarão em infidelidade, mas as chances de isso acontecer aumentam. Segundo a sexóloga Enylda Motta, a traição pode estar relacionada à insatisfação pessoal diante de seu relacionamento. Entretanto, nem mesmo o amor e uma relação harmoniosa torna o casal totalmente imune à infidelidade.
Ao contrário do que algumas histórias melodramáticas tentam transmitir, “a traição não está relacionada ao amor”, como adverte Enylda Motta. Claro que isso varia de casal para casal, mas no geral, a traição pode ter muitos motivos, e, inclusive, pode nada ter a ver com o parceiro.
Apesar de um relacionamento harmonioso reduzir consideravelmente as chances de uma traição aflorar, nem isso torna a infidelidade impossível. Como Blenda de Oliveira alerta: “mesmo em casais felizes a possibilidade de uma traição existe porque nenhum de nós conhece o outro na sua intimidade mais profunda. Não necessariamente [a traição acontece] porque a pessoa está infeliz, mas porque há uma busca íntima muito individual”.
O gene da infidelidade
Em 2010, pesquisadores da Universidade do Estado de Nova York (SUNY) descobriram que pessoas com o gene DRD4 tendem a pular mais a cerca do que quem não tinha essa característica genética. O estudo revelou que entre os 189 pessoas que serviram de cobaia, os portadores de DRD4 traíam até duas vezes mais que aqueles que não possuíam o gene.
Para explicar sua descoberta, Justin Garcia escreveu um artigo ao jornal PLOS, especializado em medicina. Em seu texto, ele conta que pessoas com DRD4 em seu DNA podem se sentir felizes em seus relacionamentos e mesmo assim ter uma vontade quase incontrolável em trair seus parceiros.
O DRD4 é um variante do receptor de dopamina (o hormônio do prazer) e também está associado ao alcoolismo e jogos de azar e até consumo de tabaco. Cerca de uma em cada quatro pessoas são portadoras desse gene.
Como superar
Descobrir uma traição é muito doloroso e, se não for o fim de um relacionamento, pode ser o começo de um novo fim. De qualquer forma, após a traição, sempre é possível recuperar a relação. De acordo com Enylda Motta, quando o casal resolve dar uma nova chance , “a casa tem que estar limpa, nada de guardar sujeiras debaixo do tapete”. Segundo ela, a relação pode tanto piorar quanto melhorar, tudo vai depender da entrega de cada um. "O casal que resolve recomeçar a após traição tem que estar aberto a vivenciar algo novo. Sem sentimento de culpa e sem trazer o passado para o presente e o futuro", alertou a sexóloga.
Se o melhor for terminar, não se desestabilize. A dor é passageira e já há pequisa que diz que, no máximo, a pessoa demora 3 meses para se recuperar após o término de um namoro.
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Sobre Guilherme de Souza Guilherme
Prefere perguntas a respostas e está num relacionamento sério com o jornalismo. Fã de música e livros, é zagueiro adepto do bom futebol, palmeirense-roxo e ex-taekwondista.
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