O caminho das pedras do trainee Bons salários, ascensão profissional rápida e prestígio: o trainee é visto como o líder do futuro nas grandes empresas gplus
   

O caminho das pedras do trainee

Bons salários, ascensão profissional rápida e prestígio: o trainee é visto como o líder do futuro nas grandes empresas

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Quem está chegando perto do término da faculdade ou já é recém-formado sabe bem que ser um trainee significa um passo e tanto na carreira. Mas, como se não bastasse o estresse da escolha da profissão em plena adolescência e a concorrência do vestibular por uma vaga em uma faculdade conceituada, ser um dos poucos eleitos pelas grandes empresas em seus processos seletivos é motivo para uma festa de arromba – e saber o caminho das pedras neste momento é de fato imprescindível.

Mas, antes de qualquer coisa, o que significa exatamente ser na prática um trainee em uma empresa? "São jovens profissionais identificados e selecionados com a perspectiva de que assumirão uma posição mais rapidamente de liderança dentro de uma empresa", explica a gerente de talentos da Unilever, Joana Rudiger. Isso não significa exatamente que se você não conseguiu se tornar um trainee será incapaz de subir dentro da empresa, porém sem dúvidas será uma ascensão mais lenta e que dependerá muito de seu esforço.

Quanto às funções de um trainee, resumidamente, é um "faz-tudo". Mas, ao contrário da lenda dos estagiários, que são contratados para tirar fotocópias e fazer cafezinho, o trainee está muito mais próximo das principais ações e decisões de sua empresa.

"Durante o período do trainee, este profissional desempenha várias funções com o objetivo de lhe dar uma formação mais ampla, para aprimorar sua carreira, colocá-lo diante de tarefas, isto é, fazê-lo aprender. É, basicamente, como um profissional júnior, em começo de carreira. E conforme isso acontece, o nível de complexidade do trabalho vai aumentando", aponta Joana. Ou seja, desde o início, o jovem selecionado trabalha desde o "chão da fábrica" até as mais importantes reuniões, afinal é este um dos pilares do desenvolvimento do trainee: estar envolvido em processos, atividades e projetos importantes para a companhia.

Estou animado, quero ser trainee!
O caminho de fato não é fácil. No caso da Unilever, uma das empresas mais procuradas por recém-formados, em 2011 foram 32 contratados para cerca de 47.500 candidatos. Ou seja, para cada contratado, 1484 outros candidatos ficaram para trás. Motivo de desânimo? Não, pois é importante saber que as empresas procuram justamente aqueles que lutam até o fim por um lugar ao sol, além de uma série de outras qualidades que se destacam na hora da temida "malha fina" de processos seletivos como os desta natureza.

"Toda empresa tem um hall de comportamentos que ela espera de seus funcionários e estes comportamentos são selecionados de acordo com o nível ou a intensidade mais presente ou menos presente em um profissional. De uma maneira geral o que estamos buscando quando selecionamos um trainee, é aquela pessoa que quer fazer a diferença. Não apenas no mundo do trabalho e pessoal, mas para sua própria vida e para a sociedade, que tenha motivação e energia para fazer melhor, diferente dos demais, que está apto a contribuir de uma maneira mais intensa que a média", dá o caminho das pedras Joana.

Há também quem sempre acredite que no final das contas algumas figurinhas carimbadas sempre "atropelam" processos seletivos – os famosos indicados. Todos sabem que isto de fato existe em empresas menores ou em processos seletivos para estagiários (mesmo nas grandes empresas), mas quanto ao trainee, esta é uma possibilidade completamente fora de questão – até porque estas empresas investem pesado nestes profissionais, então um bom perfil é fundamental para que a própria empresa não perca tempo e investimentos.

Nosso processo de seleção de trainees tem início em agosto e só termina em novembro, dezembro. Claro, algumas fases virtuais, pois não conseguiríamos conhecer pessoalmente a todos, mas no momento decisivo no qual essas pessoas podem apresentar seu potencial (as duas últimas fases potenciais), contamos com as participações de gestores. Então, os líderes de hoje selecionam os líderes do futuro. 

Boa parte das empresas que fazem estes grandes processos seletivos de trainees não usa consultorias externas. Caso da Unilever, que para selecionar os 32 jovens aprovados em seu último processo, dispôs de mais de 100 gestores para tomarem as decisões sobre os nomes que conseguiram se destacar desde as provas online, dinâmicas de grupo, apresentações ao tão esperado momento da entrevista final.

Bons salários e investimentos na carreira
MBA, Mestrado, Doutorado, curso de línguas. Pelo fato de a maioria das empresas grandes priorizarem em sua escolha final o melhor material humano (e não apenas técnico), não é incomum encontrar vencedores destes longos processos que no currículo possuem "apenas" a graduação de Ensino Superior.

"Não fazemos da língua estrangeira um pré-requisito para o descarte de candidatos. Isso é muito comum em outros programas, mas acreditamos que todo conhecimento técnico desta natureza é perfeitamente acessível e possível de ser ensinado para qualquer um. Isso não é um problema", aponta Joana. Além disso, apesar de o perfil desejado pelas grandes empresas ser o  de um líder nato, há cursos para instigar esta característica dos trainees.

"Oferecemos oportunidades de desenvolvimento em gerenciamento de projetos, gestão de pessoas, marketing além de um curso que investimos bastante para o desenvolvimento comportamental do trainee, de seu aspecto de liderança. I imaginamos que nesses três anos ele já estará pronto para assumir uma função de gerentes".

Você não tem o perfil da empresa...
"Nós temos um período de três anos, audacioso para formar um gerente é bem verdade, mas um tempo suficiente para notar se nossas escolhas foram acertadas – tanto por parte da empresa quanto por parte do trainee. Nesse tempo algumas vezes o próprio trainee descobre que não é aquele desafio que ele estava procurando. Por outro lado, a empresa reconhece também que alguns às vezes não terão uma performance desejada como líderes e gerentes. É um momento difícil para a empresa, pois desde o processo seletivo há um investimento muito grande, mas quando isso acontece nós acreditamos que é melhor reconhecer o mais rápido possível", afirma Joana.

Quanto aos cursos mais favorecidos na hora da seleção de profissionais, é indiscutível que Administração de Empresas, Direito, Engenharia, Economia e Ciências Contábeis recebem alguma atenção especial, mas quem fez outros cursos não pode se desanimar. Hoje em dia há uma série de empresas que não fazem mais a distinção de cursos e qualquer profissional formado em Ensino Superior, de qualquer curso, pode conseguir uma vaga. "Nosso exemplo mais exótico é uma hoje colega de RH que estudou zootecnia. Então, o talento que buscamos pode estar em qualquer lugar".