Franquia certa Saiba quais são os cuidados que se deve ter ao investir em franchising, um segmento que fatura R$ 88 bi ao ano e só cresce no país gplus
   

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Saiba quais são os cuidados que se deve ter ao investir em franchising, um segmento que fatura R$ 88 bi ao ano e só cresce no país

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Quem conseguiu economizar uma grana considerável nos últimos anos e procura um investimento de retorno mais rápido para seus tostões suados pode encontrar a saída numa opção tradicional, porém ainda bastante popular: a franquia.

Pelo menos uma vez na vida já nos ocorreu ouvir amigos e conhecidos citando pessoas que enriqueceram através de grandes "sacadas" de negócio no ramo das franquias que, apesar de exigirem um capital inicial elevado, proporcionam um faturamento positivo mais rapidamente do que diversos outros empreendimentos. 

O sistema de frachising é atraente principalmente por possibilitar a abertura de um negócio próprio sem necessidade de vasta experiência empresarial no setor escolhido e a redução do risco, já que a franquia usa um conceito já estabelecido no mercado. Além disso, o franqueador – aquele que paga os royalties para usar a marca – tem acesso a todo o know-how da empresa, bem como apoio técnico, administrativo e de gestão para tocar a nova unidade. Mas será que as coisas são tão simples assim?

Para entender mais sobre o assunto, conversamos com a especialista em planejamento empresarial e estratégia competitiva Claudia Bittencourt, diretora do Grupo Bittencourt. Ela revela quais são os perigos, vantagens, desvantagens e até como escolher um bom ponto para uma franquia de sucesso.

ESCOLHENDO UMA FRANQUIA
Primeiro é necessário identificar quais redes se enquadram nas suas expectativas, considerando o valor de investimento, retorno e filosofia da empresa. O próximo passo é pesquisar as oportunidades de negócios. A Internet é um dos melhores meios de procurar, além das revistas, jornais e feiras. Quanto mais você pesquisar, mais chances terá de encontrar um negócio que corresponda a suas expectativas.

 É importante também pesquisar o segmento que você se identifica – alimentação, serviços, saúde, etc –  para depois escolher a marca. Vale inclusive visitar a empresa franqueadora e conferir de perto sua estrutura, equipe e manuais operacionais. 


Feito tudo isso, após a entrevista com o franqueador e aprovação de seu cadastro, você deverá receber uma  COF (Circular de Oferta de Franquia), que é o primeiro documento a ser analisado. Caso não tenha familiaridade em análise de legislação e contratos, consulte um advogado. É muito importante que você tenha certeza do que irá assinar. Estando de acordo é só assinar e boa sorte!

PERFIL 

Trabalhar em algo que você gosta e que além de descolar um bom lucro também proporcione prazer e motivação depende de alguns aspectos que o empreendedor deve considerar e avaliar antes de optar por um negócio sob o sistema de franquias.  

Saber se o empreendedor tem o perfil adequado para operar um determinado tipo de franquia já faz parte do processo de seleção de muitos franqueadores. Afinal de contas, um novo empresário que arrisca investir num conceito formatado e com regras definidas tem mais chances de ter sucesso se tiver o perfil adequado para o tipo de negócio. Por exemplo, se o candidato a uma franquia tem perfil técnico com características predominantemente conservadoras terá dificuldades para trabalhar em algo que exija habilidade comercial, criatividade e facilidade para relacionamentos. 


VANTAGENS E DESVANTAGENS
Muitas são as vantagens para um franqueado, no entanto a que atrai mais empreendedores é a oportunidade de investir em um negócio já testado, consolidado no mercado e com uma marca conceituada. Desta forma, o novo empresário não irá precisar passar pelos mesmos erros e acertos que a franqueadora passou.

Além disso, o franqueado conta também com os benefícios de uma grande rede sendo uma pequena empresa e também a capacitação das futuras equipes da franquia. A matriz também é responsável pelo sistema de gestão do negócio e a orientação sobre o marketing local e institucional.

Quanto às desvantagens, elas são mínimas em relação aos benefícios que se encontra ao abrir um franchising. Mesmo se tratando de um bom investimento, não é todo mundo que parte para um negócio próprio disposto a apostar suas economias no mercado sob um sistema de regras pré-definido. 

A venda ou a transferência do negócio também está sujeita as regras previamente definidas. Na maioria das redes disponíveis hoje, o franqueador que detém o ponto é quem aprova o próximo franqueado.

LINHAS DE CRÉDITO E CUSTOS
Existem alguns bancos que possibilitam o investidor interessado em franquias a financiar o seu negócio. A linha de crédito funciona com o credenciamento do franqueador que deve ser cadastrado no banco. Após passar por uma qualificação, são apresentadas algumas regras para a concessão do crédito: tempo de atividade, tempo mínimo como franqueador, possuir mais de um franqueado, entre outras. Com a aprovação, o banco traça com o pretendente um plano de negócio para continuidade e acompanhamento do investimento.

Os custos para se abrir uma franquia varia bastante de acordo com o ramo e o reconhecimento da marca no mercado. De acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF), o segmento de franquias mais rentável no ano passado foi de companhias de negócios e serviços – responsável por mais de R$ 24 bilhões dos R$ 88 bilhões arrecadados pelo setor em 2011. Isto envolve empresas de consultoria e serviços jurídicos, cujas franquias variam entre R$ 17 mil a R$ 1 milhão.

PERIGOS
Para avaliar a viabilidade de uma franquia estrangeira em solo brasileiro, é importante se questionar sobre qual classe social teria acesso ao produto ou serviço, principalmente se ele depender de importações.

A marca também deve estar registrada no Brasil pelo dono do negócio, pois se ela estiver registrada no INPI por outro empresário, este poderá impedí-lo de operar  no país. Por outro lado, se o empreendimento já for um sucesso lá fora, sem dúvidas a aceitação será mais rápida em terras tupiniquins, como foi o caso das franquias do Frozen Yogurt em terras tupiniquins.

Vale ainda observar as condições do franqueador no cenário internacional, uma vez que você não pretende correr o risco de entrar num negócio que esteja passando por dificuldades financeiras – em média, o tempo de contrato varia entre cinco até oito anos.

RESPONSABILIDADES
Neste quesito, a franquia não é diferente de outras modalidades de empreendimento: o franqueado é responsável pela gestão e pelos resultados da franquia sob seu comando. O que diferencia o empresário independente – não franqueado – da franquia é que ele tem desafios maiores no início. Além de estar em um negócio novo,  ele não conta com muito apoio e orientação sobre como gerenciar bem essa operação, o que pode levá-lo à falência já nos primeiros anos de vida. 

Já o franqueado, entretanto, tem a grande vantagem de contar com o apoio da franqueadora e orientações quanto à gestão do negócio durante a relação contratual entre os dois. Ele entra no negócio com vantagens, e não precisa passar pela experiência que a empresa matriz passou. Isto "queima etapas", proporcionando mais chances de obter resultados em função do conceito da marca, do ganho de escala, do marketing e do sistema de gestão.

Em contrapartida, o franqueador tem obrigações pré-definidas em contrato, como o cumprimento das metas de vendas determinadas pelo franqueador, a prestação de contas junto à franqueadora, compra somente de distribuidores credenciados e a atuação apenas no território definido. É importante ficar claro que o franqueado deve trabalhar para gerar seus próprios resultados, pois o franqueador não vai gerenciar a unidade por ele.

SELECIONANDO O PONTO
A escolha correta do ponto comercial é fator determinante para o sucesso de qualquer negócio e precisa ser feita sempre com análise criteriosa de vários fatores para ampliar as possibilidades de ganho. Isto significa observar o tipo de público que frequenta a área escolhida antes de se decidir pelo local, bem como os hábitos de consumo e as razões que atraem as pessoas até ele. Essa observação será fundamental para descobrir se a região é adequada ao negocio. 

A princípio uma região pode parecer excelente, mas numa visita mais detalhada, às vezes é possível notar uma distorção dessa percepção. Por exemplo: é comum pensar que o centro é um ótimo lugar para instalação de um comércio, pois é um local onde há um enorme fluxo de pessoas.


 Esse conceito aplica-se à maior parte das cidades, porém, nas cidades maiores, determinadas áreas do centro abrigam prédios antigos e mal conservados, o que estimula a frequência de indivíduos sem poder aquisitivo e moradores de rua – a população consumidora pode ter transferido o local de compras para os shoppings ou novas regiões comerciais onde não corram riscos.


Outro aspecto a ser considerado para verificar se a localização é boa é a visibilidade. A capacidade de exposição varia com a localidade, a qual irá exigir uma estratégia diferente de acordo com o ponto escolhido.

Franquias estabelecidas em esquinas muitas vezes tornam-se ponto de referência, tanto na rua quanto em shopping. Já locais próximos a semáforos podem conquistar clientes que observam a loja enquanto aguardam o sinal abrir, principalmente se a estrutura arquitetônica se destacar das demais na redondeza. 

O local deve ser de fácil acesso, seja por meio de transporte coletivo, carros ou pedestres. De preferência em rua conhecida, estacionamento no local ou bem próximo, facilidade de visibilidade da loja; etc. Oferecer local apropriado de acesso para portadores de necessidades especiais e estacionamento, por exemplo, são fatores, que influenciam a decisão do consumidor ao ir à loja.