Esqueça o recheio de catupiry, os escondidinhos de carne seca, as esfihas e o hambúrguer. Na mesa de um macho genuíno tudo isso não passa de papinha de nenê. Um varão que se preze não escolhe o pedaço mais macio do churrasco, ele pega qualquer um. Depois de roer um pé de porco ainda ele é capaz de dizer aos quatro cantos que, além do pezinho, as orelhas e o rabo do animal dão todo o sabor da comida! Mas, na verdade, ele tem razão.
Não só de arroz e feijão se faz uma feijoada. O feijãozinho da semana não chega aos pés de uma feijoada suculenta e borbulhante, curtida em muita carne suína e gordura. Apesar da explicação popular sobre a origem do prato – que atribui aos escravos a ideia de cozinhar "restos" de animais consumidos pelos seus senhores – o fato é que não há evidências históricas que comprovam esta versão.
De qualquer maneira, a feijoada se transformou numa iguaria típica da cozinha brasileira, e a simplicidade de sua receita e modo de preparo exige uma "mão" experiente para pilotar o fogão. Por causa disso, invadimos a cozinha de José Mário Ribeiro Souza, o chef Maurinho, que desde 1976 comanda a renomada feijoada do Bolinha.. Confira nosso bate-papo de dar água na boca, onde o simpático e confitante chef revela os segredos de sua receita com a despreocupação de um mestre. Afinal, o sucesso no preparo depende "muito da mão do cozinheiro", garante Maurinho.
"Antigamente, quando comecei a trabalhar aqui, havia a ideia de que quem ficava na cozinha era gay. Para não ser sacaneado o tempo todo eu falava que trabalhava na copa ou no salão. Hoje em dia minha profissão virou sinônimo de status", desabafa o chef.
Mas será que os brasileiros tem mesmo colhões para se empanturrar de feijoada com muita carne de porco? Maurinho arrisca um palpite: "Nossa feijoada light é a que mais tem saída por conta das mulheres. Elas pedem, e os homens cedem".
