Entre os dramas dos romances contemporâneos tem a frase reproduzida as infinitum pelo grupo de homens mais achincalhado na crítica feminina: os caras nota cinco, eles engatam a quinta na contramão poética e sem nenhuma criatividade sentimental para se despir da mesmice quando precisam se aproximar de uma mulher, atuam como porta-voz da leviana mediocridade: e aí, sumida?
Não pode.
Guardam em seu folclore que a expressão mais falida entre as técnicas do approach funciona. Pode ser uma questão ligada à própria coragem, pode ser falta de traquejo social, pode ser que tenha funcionado em algum capítulo de Malhação e também pode ser aquela arrogância que faz subestimar a inteligência alheia.
Você não precisa ser o Washington Olivetto dos xavecos, nem versar Camões para convidar pra uma cerveja, mas “e aí, sumida?” quando a pessoa jamais sumiu, até porque você sabe onde encontrá-la, é vestir aquele uniforme tradicional de sonso por mais MacGyver que você possa se achar.
Tem uns que não conseguiram trabalhar a desenvoltura. Sou solidária. É difícil mesmo ser uma pessoa multifacetada nos assuntos da paquera. Têm outros que fizeram só duas sessões de terapia e as respostas para a baixa estima ficaram naqueles encontros que não rolaram com a psicóloga. Também entendo. Têm outros que são recorrentemente zuados pelos amigos. É complicado quando seu próprio eleitorado fica contra você. Têm outros que sempre atuaram com as meninas que trocavam papel de carta no colégio, e aí a frase era tiro e queda.
Mas tem aqueles que se julgam integrantes do grupo de homens Mac Montgomery, exemplo: se classificam como um projeto arquitetônico de alto luxo, mas não passam de uma quitinete a ser reformada no baixo Santa Cecília. Atesto: não há um só remédio em toda medicina.
Toda vez que você joga essa frase pra uma mulher fica aquela miséria residual que evidencia os limites da sua falta de esforço. Tinha como ser melhor.
O que acontece é que você fica sem ter como competir com seus concorrentes porque nem no prefácio consegue ser o mínimo inovador. É triste. Pra você, claro – a gente ri mesmo da sua cara. E printa a mensagem do WhatsApp e manda pra todas as amigas seguida de “kkkkkkkkkkkkk olha esse imbecil tentando contato”.
Se você não sabe como agir em determinado momento, eu posso ajudar com algumas dicas: Aonde você conheceu a garota? Tente fazer uma brincadeira com aquele dia. Quais são os seus dons? Sabe cozinhar, tem bom gosto musical, é metido a despachante, tem uma Ong? Ofereça-se para ser útil nesse sentido. Qual é a profissão dela? Faça um breve comentário sobre aquele amigo seu que trabalha na mesma área.
O que eu to querendo dizer é que dá pra ser mais interessante e evitar ser ABSOLUTAMENTE desinteressante. Tem sempre como cavar uma situação para levantar uma conversa. SEMPRE.
Trata-se apenas de trabalhar seu vigor e seu empenho para ser considerado pelo menos um cara legal e evitar ser taxado como rascunho da própria incompetência. Acho que você consegue.
Sobre Denise Molinaro
Denise Molinaro é jornalista, paulista mas prefere o Rio de Janeiro. Gosta de observar as pessoas para escrever sobre elas. Edita o AreaH. Manda sua sugestão de pauta pra ela.
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