"Quentin Tarantino". O nome representa um estilo cinematográfico que já pode, há algum tempo, ser facilmente identificado pelos amantes de cinema como obra do diretor de 55 anos.
As cenas de Tarantino são cheias de diálogos sarcásticos e profundos, frequentemente fora da ordem cronológica, e constroem uma narrativa que é montada a partir do uso de personagens carismáticos e, por vezes, caricatos. Além disso, toda a estrutura costuma ser regada a muito sangue. O que passa despercebido, muitas vezes, é a minúcia com que Quentin Tarantino faz uso das músicas em suas obras.
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A trilha sonora, componente importante na linguagem cinematográfica ao longo de décadas, adquire grande relevância nas cenas coordenadas pelo diretor. Muitas vezes, em vez de harmonizar um ato de violência com uma canção mais acelerada, por exemplo, Tarantino faz o contrário: combina as ações de truculência com uma música blasé.
O resultado dessa combinação equalizada você pode ver abaixo, em seis cenas com trilhas marcantes dos filmes do cineasta. O equilíbrio no casamento de ambos elementos, tão marcantes na sétima arte, é um convite à obra de Quentin Tarantino.
Atenção: pode conter spoilers.
#1 - CÃES DE ALUGUEL (1993)
Uma das películas mais marcantes na filmografia de Quentin Tarantino, Cães de Aluguel tem uma cena clássica imortalizada na mente de milhões de espectadores, muito pela música que a conduz. Mr. Blonde (Michael Madsen), personagem que está prestes a torturar uma vítima, dança de forma descontraída enquanto toca a canção Stuck In The Middle With You, da banda escocesa Stealers Wheel. A estrutura da cena é uma marca de Tarantino: violência, sangue, e, claro, uma música disruptiva para o que se espera de um momento peculiar como esse.
#2 - PULP FICTION (1995)
Considerada uma obra-prima do cinema, Pulp Fiction tem cenas icônicas que exemplificam o estilo de Tarantino no uso da trilha sonora. A primeira é quando Mia Wallace (Uma Thurman) dança ao chegar em casa após um jantar com Vincent Vega (John Travolta). Girl, You'll Be A Woman Soon, do grupo de rock Urge Overkill, é colocada em alto e bom som antes dos momentos de tensão que virão a seguir.
#3 - PULP FICTION (1995)
O segundo exemplo nesta lista é a canção You Never Can Tell, de Chuck Berry, usada para compor a cena clássica em que Vincent Vega (John Travolta) dança com Mia (Uma Thurman) em um concurso que decidem participar de última hora. A atuação de ambos atores, coordenada por Tarantino, é aclamada até os dias atuais.
#4 - BASTARDOS INGLÓRIOS (2009)
David Bowie é o dono da voz de Cat People, canção que conduz a cena marcante de Bastardos Inglórios em que Shoshanna (Mélanie Laurent) se prepara para consumar sua vingança contra nazistas em uma festa. O verso da música "And I've been putting out the fire with gasoline" (tenho apagado o fogo com gasolina, em tradução livre), é um prenúncio do que está prestes a acontecer.
#5 - DJANGO LIVRE (2012)
A trilha sonora de Django é outra muito bem escolhida por Quentin Tarantino. Uma das músicas que chama bastante atenção pela maneira com que contrasta e finaliza a cena é 100 Black Coffins, do rapper Rick Ross. O som aparece ao final da passagem, após um entrevero entre o protagonista Django Freeman (Jamie Foxx) e Billy Crash (Walton Goggins). Com a vitória verbal de Freeman na confusão, o personagem sobe no cavalo e sai de cena triunfante, enquanto a música de Rick Ross finaliza o ato. O contraste fica por conta do gênero urbano escolhido para compor uma sequência de um filme de faroeste.
#6 - KILL BILL VOL. 1 (2003)
Um dos filmes mais amados da carreira de Tarantino, Kill Bill Vol. 1 é um poço de homenagens à cultura pop. Um trecho desta obra que merece destaque é o momento de tensão que envolve a tentativa de assassinato de Beatrix Kiddo (Uma Thurman). Uma integrante do Esquadrão Assassino de Víboras Mortais caminha até a vítima convalescente, a qual pretende matar envenenada. Durante a tarefa, ouve-se Twisted Nerve, de Bernard Herrmann - a combinação de Tarantino faz a cena ficar ainda mais marcante.
Sobre Rudiney Freitas
Apaixonado por livros, esportes, cinema, música, a vida e seus passageiros. No mundo do jornalismo porque gosta de se comunicar, até por sinal de fumaça.
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