Uma noite em "50 tons de ciúme" O que aconteceria se na hora do coito sua parceira te chamasse pelo nome de outro? gplus
   

Uma noite em "50 tons de ciúme"

O que aconteceria se na hora do coito sua parceira te chamasse pelo nome de outro?

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Irmão, você já teve o seu nome trocado bem na hora “H”, no ponto alto do amor? Não? Sorte a sua. Porque é um trauma dificílimo de superar.

Como foi? Foi assim, ó: 

Tudo estava ralando e rolando muito bem, dentro dos conformes, ou seja, dureza peniana nível Frota pós-amendoim, lubrificação vaginal de dar inveja à Cantareira e os vizinhos certamente pensando em organizar uma passeata a fim de extinguir os nossos gemidos, porém, logo depois que a palma da minha mão carimbou sonoramente a bunda dela, ela berrou: “Bate mais, Grey!”.

GREY?

Minha piroca murchou na hora. Murchou feito o sorriso da criança cheia de expectativas que, ao invés do tão sonhado videogame ou da muito almejada bola de futebol, ganhou uma camisa pólo no último Natal. Consegue visualizar a cena?

Grey? Grey? GREY?, Berrei três vezes, antes de agarrar o celular dela – que estava sobre o criado-mudo – e iniciar uma busca frenética pelo telefone do filho da puta. 

Gabriel, Galego, Gérson, Gilmar, Giovani, Gordão Lanches, Goiano Peças, Gregório, Gretchen, Helena... Mas nada do tal do Grey! E sabe o pior? Enquanto eu fervia de raiva e me descabelada para achar o contato do cara que havia me transformado em um touro de nome descartável, ela gargalhava alto, como se dissesse: “Você nunca vai encontrá-lo, seu loser!”.

Não tem graça, Laura Maria. Cadê ele? Cadê a merda do Grey?, Eu gritei, desesperado. E ela continuou a gargalhar em um tom insuportável, como uma bruxa após a realização de uma maldade qualquer. Cadê o Grey?,Insisti, como faria um bandido desesperado por um smarthphone, por uma carteira, por qualquer trocado. E ela, para a minha surpresa, não parou de emitir aquele barulho irritante, estridente; apenas levou as mãos ao abdômen e encolheu as pernas, como se eu tivesse acabado de contar a piada mais engraçada do mundo. Mas qual é a graça de ser corno?, Eu me perguntei, mas, obviamente, não cheguei a lugar algum, muito menos ao misterioso amante da minha mulher – “ex-mulher”, na real.

Então eu perdi a paciência, mandei a Laura à merda e saí bufando da casa dela. Saí enquanto ela dizia: “Paulo, espera! Não é nada do que você está pensando, eu juro que posso explicar.”

Explicar?,Pensei alto e de olhos arregalados, antes de estilhaçar o espelho do elevador com um só murro e, consequentemente, cortar a mão.

Quando eu estava a caminho do hospital, meu telefone tocou várias vezes, mais de cem. Mas eu não atendi. Não sou corno manso, do tipo que aceita dividir a mulher com qualquer panaca de nome gringo. E também não sou ingênuo a ponto de cair na lábia daquela cascavel.

E sabe o mais estranho? Enquanto eu esperava para ser costurado, eu ouvi o diálogo entre as duas mulheres que estavam ao meu lado, também esperando para serem atendidas. “Adoraria que médico fosse como o Grey!”, afirmou a moça que estava com uma bolsa de gelo sobre o joelho. E logo veio a inacreditável resposta da amiga: “Se fosse, amiga,você certamente imploraria para sair daqui ainda mais machucada do que está agora. E adoraria!”. 

Aquele papo me deixou transtornado, possesso. Como assim? Esse Grey está fazendo a rapa, está comendo geral.

Costurei a mão sem anestesia. Disse ao médico que era alérgico, mas, na verdade, eu precisava sentir dor. Queria ver se aquela raiva passava. Mas não passou, as agulhadas não serviram como anestesia à minha dor de chifrudo. 

Então eu liguei para uma amiga que também mora no bairro - acho que o Grey deve morar por lá, só pode! – e perguntei se ela, por acaso, conhecia algum Grey. Adivinha o que a filha da puta me respondeu? “Que mulher não conhece o Grey?”. Não aguentei saber o resto, irmão. Atirei o celular pela janela do carro e fui voando para um bar, onde fiquei até ser expulso pelo garçom já cansado dos meus desabafos enrolados.

Depois disso, para tentar superar o tal do Grey, fui até a um psicólogo, o Dr. Freitas. Acredita? Logo eu que só acredito em números e que sempre chamei a psicologia de “coisa de frouxo”. Mas o cara era um charlatão de quinta categoria. Por quê? Primeiro ele me perguntou se sou muito alienado, se não vejo TV, navego na internete leio revistas. O que isso tem a ver?, Pensei, mas fiquei quieto. Aí o maluco se dirigiu até à pequena biblioteca que existe naquele consultório com odor de naftalina, pegou um livro que provavelmente se tratava de autoajuda barata e disse: “A resposta está aqui, leia!”. Fiquei puto. Eu pago para o cara me ajudar e ele transfere a responsabilidade para um livro?Acha honesto agir assim com um homem recém-chifrado? Joguei a merda do livro fora, não li nem a orelha. Minha mulher me trai e o cara me manda ler um tal de 50 Tons de Cinza?


Ricardo Coiro