Financiamento: escape dos juros altos! Quer ter seu apê a qualquer custo? Especialista revela os riscos por trás das letras miúdas dos contratos financeiros gplus
   

Financiamento: escape dos juros altos!

Quer ter seu apê a qualquer custo? Especialista revela os riscos por trás das letras miúdas dos contratos financeiros

Confira Também

Para investimento ou moradia, a compra do primeiro imóvel é sempre um grande passo na vida de um homem. Rumo à independência financeira e pessoal, por outro lado, esta etapa tão inspiradora apresenta uma verdadeira sinuca de bico no orçamento: financiar ou não financiar, eis a questão.

Se você um dia quebrou o cofrinho e percebeu que suas economias não iriam acompanhar suas pretensões, provavelmente já ouviu falar algo sobre financiamento. Esta operação financeira tão popular permite que você compre o imóvel em parcelas até quitar o valor total -- acrescentados os juros. Ao contrário do empréstimo, os recursos do financiamento precisam necessariamente ser investidos do modo acordado em contrato.

Embora seja uma alternativa para aqueles buscam rendimentos superiores aos das aplicações comuns ou querem fugir do aluguel, é preciso ter muito cuidado na hora de entrar num financiamento. A leitura paciente dos contratos pode evitar que você se envolva em grandes enrascadas por conta de taxas não-explícitas. “A instituição financeira às vezes te cobra a avaliação do imóvel ou seguros diversos. Fora que a taxa divulgada nem sempre coincide com a taxa efetiva -- cujo o anúncio é obrigatório. É bom ficar de olho no contrato, pois embora em letras pequenas, essas informações devem estar lá”, alerta Samy Dana, professor de economia da FGV-SP.

Geralmente o financiamento oferece taxas mais baixas porque o imóvel é um bem alienável, portanto um risco menor para o banco. No entanto, cada caso deve ser analisado pelo custo efetivo. Segundo Dana, é muito comum inflar os preços de tabela para oferecer descontos mais vantajosos no mercado imobiliário.

“Enquanto você decide financiar um imóvel, por exemplo, no valor de 300 mil reais a uma taxa aparentemente baixa de 8% mais TR, o valor à vista pode sair 20% mais barato. Neste caso, 70 mil reais não aparecem como juros em lugar nenhum, mas são juros!”, esclarece o economista.

Mas ainda há uma maneira de fugir dos contratos. Os bancos estipulam taxas que variam entre 8-12% -- de acordo com seu relacionamento com o banco, embora não seja bem definido o que é relacionamento. “Na maioria dos casos o ‘relacionamento’ significa comprar um monte de produtos que você não precisa”, protesta Dana. Isso não está incluso no financiamento, mas “existe sob a ótica do comprador”. 

O professor observa que quem vende o financiamento geralmente não é muito claro a respeito do valor final que você realmente irá pagar -- e muitas vezes porque, na prática, o próprio vendedor não tem conhecimento das taxas envolvidas. Ele recomenda ficar de olho na taxa SELIC na hora de comprar para se ter uma noção segura de patamar de juros. 

Por outro lado, se você já “meteu o pé na jaca” e agora não consegue se livrar das dívidas geradas por taxas de juros abusivas, Samy Dana é direto: “Você tem que renegociar o quanto antes para ter menos dor de cabeça e não perder o imóvel -- todos os bancos têm interesse em receber o dinheiro de volta.”