O que ajuda a parar? Adesivos, gomas, pastilhas, cigarro elétrico. O que realmente funciona se você quer ser um ex-fumante gplus
   

O que ajuda a parar?

Adesivos, gomas, pastilhas, cigarro elétrico. O que realmente funciona se você quer ser um ex-fumante

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Definitivamente parar de fumar não é uma tarefa fácil. E a explicação disso é bem simples: por incrível que pareça, não existe droga que vicia tanto (e tão rápido) quanto a nicotina, uma das mais de 4.700 substâncias tóxicas que compõem um único cigarro. E da mesma forma que milhões de pessoas foram estimuladas um dia a fumar, para que fizessem parte de um "lindo e charmoso" mundo prometido por propagandas cinematográficas da indústria do tabaco, hoje a história é diferente – cigarro é sinônimo de câncer, doenças, restrições e já não agrada mais a ninguém.

E muitos já perceberam isso. Se há 20 anos o país chegou a ter 33% de toda a sua população com mais de 18 anos na classe dos fumantes, hoje este número foi reduzido a 18% da população brasileira – uma redução bastante significativa. Se você quer ajudar esta conta a se tornar ainda mais expressiva e ainda não conseguiu, provavelmente quem precisa de ajuda é você. Muitos recorrem a produtos que prometem ajudar a parar. Algum funciona de fato ou só são mais uma promessa de publicitário?

"Os únicos métodos realmente efetivos e comprovados cientificamente, que ajudam mesmo o fumante a não sentir tanta necessidade do cigarro são o adesivo, a pastilha e a goma de mascar. Estes produtos não levam a dependência se bem utilizados, seguindo a instruções médicas", explica o pneumologista Ricardo Meirelles da Divisão de Controle do Tabagismo do INCA – Instituto Nacional de Câncer. Ele aponta que estes produtos são capazes apenas por atuarem na diminuição da síndrome de abstinência. "Trata-se de uma terapia de reposição na nicotina, para fazer com que este fumante não sofra tanto a falta da substância em seu cérebro", aponta Ricardo.

Remédios não-nicotínicos, tais como Champix, Zyban e Bupropiona, apesar de terem efeitos colaterais desagradáveis, também fazem parte de alguns dos métodos de tratamento. Porém, apesar de todos esses famosos métodos realmente ajudarem, um grande problema é o fato destes "remédios" serem vendidos sem receita, pois estimula um tratamento errôneo por parte de muitos fumantes.

Tratamento
Estudos apontam que apesar de 70% das pessoas desejarem abandonar o fumo, apenas 5% conseguem sem ajuda. Logo, é fundamental que o dependente, por mais que acredite que pode conseguir sozinho, procure uma ajuda. "Para o tratamento existem alguns critérios usados para analisar o grau de vício do fumante, como por exemplo, se fuma cerca de um maço de cigarros por dia, se a cada cinco minutos sentem uma vontade muito forte por fumar, ou se já tentaram parar anteriormente e não obtiveram êxito", aponta Maria Vera Castellano, médica pneumologista e membro da SPPT – Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia.

"Cerca de 10 a 15% dos pacientes estão em uma fase na qual apenas a conversação e a orientação de estratégias para parar são realmente possíveis, como o que fazer para evitar a vontade de fumar, parar os chamados 'gatilhos' para se acender um cigarro", explica Maria Vera. Muitas são as vezes nas quais o fumante acende um cigarro sem que seu cérebro realmente precise da substância – como o clássico depois da refeição ou o quando está bebendo cerveja. Este é o famoso vício comportamental.

"Isso faz o tratamento sob a responsabilidade de um profissional ainda mais importante. Normalmente se trabalha com um período de no mínimo três meses de acompanhamento e de abstinência completa do fumante. Nesse caso, quando há mesmo força de vontade por parte do fumante, as taxas são muito boas de sucesso. Mas, todos os estudo e trabalhos mostram que pelo menos 1 ano é o período ideal", lembra Maria Vera. Então, não tenha vergonha – é preciso se assumir como um viciado em uma droga (lícita, mas ainda sim, droga). Procure ajuda e saiba que estará a um passo enorme de vencer este "leão".

Cigarro eletrônico
Apesar de ter importação e comercialização proibidas no Brasil, o cigarro elétrico virou uma figurinha carimbada dos fumantes que lutam contra o vício. É inegável que este produto faz menos mal à saúde que o cigarro verdadeiro, porém isso não significa que ele não faça mal. "O cigarro eletrônico não é um método antitabagista, mas sim uma forma da indústria manter as pessoas viciadas. Um estudo da FDA (US Food and Drug Administration, órgão americano que regula a comercialização de alimentos e medicamentos) apontou ter encontrado várias substâncias cancerígenas no cigarro eletrônico", aponta Ricardo.

Além de possuir essas substâncias, o produto oferece menor intensidade de nicotina com o passar das tragadas, perde sua efetividade e faz com que seu usuário tenha que tragar muito mais para compensar sua própria falha - um efeito semelhante ao já existente entre os fumantes após a criação dos famosos cigarros light, que logo compensam sua menor graduação de substâncias por quantidade. Enfim, ele sacia e, a princípio, é menos nocivo que o cigarro convencional, só que ainda sim pode viciar (até mesmo mais). Nesse caso, é literalmente trocar um vício pelo outro.

E também nunca é demais lembrar todo o trabalho feito no Brasil nos últimos anos para reduzir o número de fumantes. E aos que já são, desde 2005 o Sistema Único de Saúde, o SUS, tem expandido sua rede de atendimento voltado exclusivamente às pessoas que desejam parar de fumar. Hoje são mais de mil municípios que possuem unidades públicas para auxiliar este duro, mas um dia necessário caminho ao fumante.