Considerada por muitos como o mal do século XXI, a depressão é uma doença que acomete cada vez mais pessoas. E se à primeira vista esta doença parece ser inofensiva ou passageira, somente quem já passou por este problema sabe o quão difícil é passar ileso por tantas turbulências emo-cionais. Raros os casos são vencidos sem ajuda de um psicólogo ou psiquiatra, e é muito comum que sejam prescritos remédios para o auxílio do tratamento.
Novidades para o mercado não faltam, como o caso do recém-lançado Reconter, novo antidepressivo da Libbs à base de escitalopram que promete custar cerca de 135% menos que o produto líder do mercado. A intenção da empresa é oferecer um produto com bom custo-benefício. Mas, ao contrário do Prozac, antidepressivo a base de fluoxetina, o Reconter é um escitalopram, que também age como inibidor seletivo da recaptação de serotonina, categoria na qual se encaixam alguns remédios como Cipralex, Lexapro, Exodus e Espran.
Aí começam as dúvidas. Além dos medicamentos que se encaixam na classe de inibidores seletivos de recaptação de serotonina, existem outros dois tipos mais comuns de medicamentos antidepressivos e com meios de ação distintos: os tricíclicos e os inibidores da enzima monoaminoxidase. Quais as diferenças entre todos estes medicamentos?
Inibidores de recaptação de serotonina
"A classe de antidepressivos chamada 'inibidores seletivos de recaptação de serotonina', eleva a quantidade deste neurotransmissor entre os neurônios, o que aumenta a sensação de prazer e bem-estar. Ele é um medicamento mais moderno e possui menos efeitos colaterais, dentre eles redução na libido, possibilidade de impotência e, para alguns profissionais, aumenta o risco de o paciente cometer suicídio'', explica o neurologista e neuropsiquiatra Edson Zerati. Esse tipo de medicamento é o que há de mais moderno em termos de descobertas científicas testadas e comprovadas.
Tricíclicos
"Os antidepressivos tricíclicos foram sintetizados aproximadamente na mesma época em que foi demonstrado que outras moléculas de três anéis eram tranquilizantes e muito eficazes para a esquizofrenia. Suas propriedades antidepressivas foram casualmente observadas nas décadas de 1950 e 1960, e eles acabaram sendo colocados no mercado para o tratamento da depressão. Em termos de ações terapêuticas, funcionam essencialmente como moduladores alostéricos do processo de recaptura do neurotransmissor. Mas, o termo "antidepressivo tricíclico" é considerado arcaico pela farmacologia atual", explica Adalberto Tripicchio, neuropsiquiatra e logoterapeuta.
Inibidores imediatos da monoaminoxidase
"Foram os primeiros antidepressivos clinicamente eficazes a serem descobertos. Embora conhecidos como poderosos antidepressivos, eles também são agentes terapêuticos para certos transtornos de ansiedade, como o transtorno do pânico e a fobia social. Foram descobertos acidentalmente ao se observar que uma droga tuberculostática aliviava a depressão que coexistia em alguns dos pacientes portadores de tuberculose", explica Adalberto. Acontece que a falta ou excesso da monoaminoxidade causam uma série de problemas, tais como fobias, distúrbio de déficit de atenção e a própria depressão e esta medicação tende a regular esta balança.
A depressão não é tão incomum no Brasil, ao contrário do que muitos pensam. A doença chega a atingir cerca de 8 a 15% da população (na proporção de duas mulheres para cada homem). Muito confundida com tristeza e desinteresse, o mal se agrava se não descoberto precocemente. Seus principais sintomas são: mudanças de humor, perda de interesse ou prazer nas atividades, perda de auto-estima, energia e concentração, além de sentimento de culpa.