Antigamente eram poucos os brasileiros que realmente conheciam a soja, diferente de hoje, onde muitos já sabem que o grão é um dos principais produtos da balança de exportações do agronegócio brasileiro. Mas, não bastasse apenas sua importância econômica, a soja em menos de 20 anos venceu um desafio que parecia impossível: se tornar uma das grandes protagonistas da dieta alimentar nacional.
Porém, da mesma forma que se tornou popular no Brasil, a soja tem gerado polêmicas discussões sobre seu consumo: há quem diga que ela faz bem à saúde, como também quem jure que faz mal, principalmente aos homens. Neste braço de ferro, quem está certo?
Argumentos de que faz mal
É comprovado que a soja é um alimento rico em isoflavona, composto orgânico que apresenta efeito estrogênio (em função de uma semelhança estrutural com estes hormônios predominantemente femininos) e fitoestrógeno (para se ter uma ideia, uma opção muito recomendada para a reposição hormonal das mulheres). Ou seja, a soja seria decretada como um alimento feminino ou de efeito "feminilizador" aos homens.
Essas informações foram divulgadas inicialmente por um estudo da Universidade de Harvard, mas se tornaram mais conhecidas entre os homens através do livro O Fator T, difundido como a "Bíblia" de quem deseja adquirir rapidamente grandes e fortes músculos, e de fato não são completamente mentirosas.
Com menor presença da testosterona no corpo, fica mais difícil manter o metabolismo tão potente (queimando calorias e aglomerando mais músculos). Mas, apesar da suposição fazer sentido, o fato é que cientificamente não há nada comprovado entre a ingestão de soja e a redução da testosterona. Quanto à saúde de fato não há qualquer relato de que o grão faça mal – nem que a redução da testosterona o tornará homossexual.
Argumento que faz bem
As doenças cardíacas coronárias são um grande problema de saúde (primeira causa de morte no mundo, tanto de mulheres quanto de homens). E já é comprovado que a redução dos níveis de lipídios no sangue reduz o risco de doenças cardíacas coronárias e de derrame cerebral. Mas, o que a soja tem a ver com isso? Acontece que a proteína do grão é uma verdadeira campeã nesta redução. É o que aponta recente estudo publicado no European Journal of Clinical Nutrition.
Além disso, o estudo comprovou que a proteína da soja é capaz de reduzir o colesterol total ainda mais que os carboidratos (naturais redutores do mal colesterol). Se comparada à proteína do leite, a suplementação com proteína de soja aumentou significativamente o HDL (colesterol bom) e reduziu significativamente o índice de LDL (colesterol ruim).
"Simples mudanças no estilo de vida, tais como incluir proteína de soja em sua alimentação, podem muitas vezes ter um impacto positivo na sua saúde", afirmou Elaine Krul, líder na área de nutrição na Solae. "As pesquisas continuam a demonstrar que a proteína de soja pode ajudar a reduzir os índices de colesterol LDL, um importante biomarcador para doenças cardíacas coronarianas", explica. Além disso, a soja é boa para prevenção de alguns tipos de câncer (até mesmo os comuns entre os homens, como o de próstata) e a diabetes, uma vez que as fibras do grão agem como reguladores dos níveis glicêmicos.
O resumo desta Ópera é que apenas um estudo mais profundo poderia realmente comprovar se a soja realmente é capaz de reduzir a testosterona e se tornar mesmo maléfica aos instintos de masculinidade do homem. Mas, quanto à saúde não há qualquer contraindicação, seja para homens ou mulheres.