Desconhecido do grande público até alguns anos atrás, o HPV surgiu como um dos potenciais perigos à saúde feminina. Mas, hoje se sabe que não só as mulheres que têm que se preocupar com os problemas relacionados ao HPV, muito ligado ao câncer de colo de útero. Descobriu-se que o tema deve ser de importante discussão entre os homens, pois pesquisas mostram que o vírus pode causar câncer de boca, pênis e ânus, verrugas e outras complicações.
Estima-se que o vírus contamina 75% de homens e mulheres sexualmente ativos, ou seja, uma epidemia verdadeiramente perigosa, ainda mais para uma doença que foi descoberta há tão pouco tempo (em termos médicos), de meados da década de 70. Logo, para sua prevenção o uso de preservativos nas relações sexuais é sempre recomendado – todavia, nem sempre eles são o suficiente. É mole?
"No homem, a localização mais frequente das lesões da HPV é na glande (cabeça do pênis), sulco bálanoprepucial, meato uretral e, mais raramente, dentro da uretra, podendo ocorrer também na virilha, bolsa escrotal e região perianal. Existem as formas subclínicas e latentes nas quais não há lesões visíveis", explica o urologista Carlos Augusto Marques Bispo, que também aponta que o diagnóstico do HPV no homem é feito principalmente pelo exame clínico, onde são identificadas as lesões verrugosas típicas. Há também a peniscopia, que identifica as lesões suspeitas, que podem ser alvo de uma biópsia e submetidas à análise histológica pelo patologista.
Tratamento
Claro, sempre é melhor prevenir do que tratar, mas quando isso não é mais possível não adianta chorar o leite derramado: procurar um urologista é fundamental para tirar as pulgas atrás da orelha e pôr fim da doença. Aliás, como é possível ver quando ela aparece? Através de verrugas penianas. Elas nem sempre surgem em todos os portadores do HPV, uma vez que existem diversos tipos do vírus (alguns mais agressivos e outros que podem até desaparecer com o tempo).
"A maioria das lesões são tratadas através de substâncias como a podofilina, o ácido tricloroacético, o fluoracil, a podofilotoxina e o imiquimod. O tratamento pode ser feito também utilizando-se a cauterização elétrica, laser, crioterapia e cirúrgica (exérese da lesão ou circuncisão). Existe ainda a imunoterapia com interferon, com resultados bons, mas que está sujeita a efeitos colaterais.
Vacina
Comprovando a necessidade de cuidados especiais do HPV também para homens, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o uso de uma vacina para prevenir a doença. Apesar da vacina já existir há algum tempo, ela não era aprovada oficialmente. Todavia, ela não está disponível no SUS e custa até R$ 1 mil.
"É recomendada para antes do início da atividade sexual e tem expressão máxima se aplicada aos 11 ou 12 anos, diferentemente das mulheres, na qual a vacina é mais efetiva para as que já passaram desta faixa etária, entre 13 a 26 anos. A taxa de proteção obtida pela vacina é alta, de 95% contra estes vírus", aponta Carlos.
Portanto, ao contrário do que muito se disse no passado, é hora dos homens também se preocuparem com a HPV. Diferente de outras doenças sexualmente transmissíveis, este vírus pode não gerar nenhum desconforto ou não se manifestar, mas age silenciosamente. Ou seja, você pode estar infectado e não sabe. Então, procure seu urologista.