Cuidado ao cantar vitória antes da hora! A noite de hoje sem dúvidas merece ser celebrada debaixo dos lençóis, já que não é todo dia que se comemora uma sensação tão venerável quanto o clímax sexual. No entanto, pesquisas recentes podem jogar um balde de água fria na noitada caliente de muitos, pois revelam que o espetáculo de gemidos e espasmos que sua gata dá na cama provavelmente é puro teatro.
Criada por uma rede de produtos eróticos do Reino Unido, a data tem origem curiosa, uma vez que apenas 20% das britânicas chegam ao orgasmo regularmente, segundo a empresa. No Brasil, a situação não é tão alarmante: 39% das mulheres afirmam gozar regularmente, de acordo com um estudo feito pelo Datafolha, uma em cada três brasileiras ainda diz não sentir desejo.
Para Odair J. Comin, psicólogo clínico e autor do livro “Mestre das Emoções”, os fatores que levam à anorgasmia são diversos, e podem variar desde a educação adquirida até o abuso sexual na infância ou adolescência. “Assim como a falta de conhecimento do próprio corpo, posturas familiares repressivas, a privação de informações sobre sexo e liberdade para abordar o assunto”, explica Comin.
A terapeuta sexual Luciane Secco concorda, acrescentando que “a carência de diálogo e entrosamento entre as partes” é outra condição que pode minar o caminho até o orgasmo. É importante salientar, entretanto, que indiferença sexual não é sinônimo de anorgasmia, pois “o desejo é uma coisa, e o orgasmo é outra -- uma pessoa pode muito bem iniciar uma relação sem desejo e terminar tendo prazer”, esclarece Secco.
E quem falou que homem não finge orgasmo? O estudo realizado pelo instituto de pesquisas mostrou ainda que 26% dos entrevistados disseram já ter fingido na hora H. Secco destaca o papel dos valores sociais, uma vez que “é uma coisa nova esse negócio do homem falar de sua falta de desejo. Já para a mulher não ‘pega mal’ conversar a respeito”.
Àqueles cuja ausência de clímax é recorrente, Comin indica o tratamento através da psicoterapia, que envolve hipnose e um levantamento de informações sobre a história de vida do paciente, além do histórico da sua formação e vivência sexual. Essas técnicas auxiliam o processo de ressignificação da sexualidade do indivíduo: “Normalmente são questões inconscientes que dão sustentação para a dificuldade e, por isso, a cura também precisa chegar nesse nível para ter resultados”, garante o psicólogo.
De qualquer maneira, você não pode se revoltar caso pegue sua parceira com a boca na butija. Afinal de contas, aquelas que dão risada pelas nossas costas, por conta de uma boa atuação erótica, é porque não aprenderam que os machos são capazes de forjar relações por décadas.