Ser pai de uma menina, em especial, vai além de fazer o papel de durão superprotetor que irá assustar os futuros namorados. Ser pai de uma garota envolve se vestir às vezes de princesa, fazer trancinhas, conversar sobre menstruação e sair para fazer compras. Sem preconceitos, sem tabus. Conheça homens que realizaram essa tarefa com êxito, provando que quando o assunto é paternidade não existem papéis específicos.
# Eles sabem fazer trancinhas
Não há porque os homens, considerados super-heróis pelas suas filhas, se sentirem intimidados por escovas, chuquinhas e laços. Foi pensando nisso que o salão Envogue Salon, nos Estados Unidos, criou um evento chamado Cervejas e Tranças. O objetivo era ensinar penteados básicos aos pais que não faziam ideia nem de como era um rabo de cavalo. Ao fim do evento, aquele que elaborou o melhor penteado ainda levou para casa um pack de cerveja.
Diversos homens de fato acreditam que saber fazer um coque é apenas uma obrigação das mães, mas, então, como ficam os pais solteiros nessa história? Greg Wickherst provou que nenhum homem é incapaz de fazer penteados. Quando sua filha Izzy de três anos pediu para que ele fizesse um rabo de cabelo para ela ir à escola, Greg notou sua dificuldade em lidar com os fios loiros da menininha.
Na tentativa de agradá-la, ele entrou em um curso de noções básicas de salão de beleza. Sua jornada é registrada no Dad’s Guide To Surviving Hair – Guia do Papai para Sobreviver ao Cabelo. No seu canal do youtube, ele tem vários tutoriai mostrando os penteados que se arrisca fazer. Se antes um rabo comum era um desafio, agora, este pai solteiro já aprendeu até mesmo a técnica de uma trança embutida – coisa que eu, por exemplo, não sei fazer até hoje. Então, mães, da próxima vez que um homem falar que não tem o dom para fazer penteados, mostre a ele as fotos do Greg.
#Let it go
Rob Chillingworth é um tatuador barbudo de 100 kg. O fã de heavy metal tornou-se por uma noite a Elsa, princesa da animação “Frozen”. Ele mandou fazer um vestido azul cheio de glitter sob medida, colocou uma peruca loira e saiu pelas ruas de Londres vestido dessa maneira para acompanhar a filha Ruby.
Os dois foram assistir a uma versão sing-along do filme. Rob achou que deveria se fantasiar assim como outras crianças e, com isso, ganhou o apelido de “melhor pai do ano” nas redes sociais. Simplesmente porque se vestiu de princesa para agradar sua filha. Imagine se todos os pais fizessem o mesmo sem considerar o ato um grande mérito.
# Amélios
Em 2012, um estudo feito pelo centro de pesquisas americano Pew Research mostrou que o número de pais que não trabalham fora dobrou em 25 anos – 1,10 milhão em 1989 para 2,2 milhões em 2012. 23% desses pais ficam em casa porque estão desempregados e 21% afirmam que querem cuidar de suas famílias, um número considerável em relação aos 5% de 1989. Os outros 22% estão estudando, são aposentados ou têm outras justificativas. Diversas famílias, aos poucos, percebem que a ideia de que o homem deve estar no escritório e a mulher em casa é totalmente ultrapassada.
Esse é o caso da Karina, autora do blog Vida de Mamãe Moderna. Como contou para o site da Revista Crescer, durante o primeiro de sua filha Sophia ela ficou em casa, mas, com o tempo, sentiu a necessidade de voltar ao mercado de trabalho. Outro ano se passou e dessa vez ela e o marido trabalhavam fora, dividindo as tarefas.
O pai, então, resolveu se dedicar ao negócio de ambos e passou a ter horários flexíveis, enquanto Karina tinha hora para entrar e sair do escritório. Com isso, seu marido passou a ser quem dava banho na filha, arrumava a sua mala, a levava para escola, conversava com as professoras, entre outras atividades típicas da mãe que decide ficar em casa. No entanto, isso nunca tornou Karina menos mãe e Sophia agora tem um pai sem “mimimi”.
# Leite paterno
Se eu pudesse, eu faria é o slogan do Projeto Amamentação – Project Breastfeeding – criado pelo fotógrafo Hector Cruz. Na maioria das fotos, homens aparecem sem camisa segurando bebês contra o peito como se os tivessem amamentando. A campanha pretende reduzir os estigmas ligados à amamentação, educando os homens e empoderando mulheres. No vídeo da campanha, Hector diz que o projeto é uma maneira dos pais entenderem que tem um papel crucial na amamentação de suas companheiras.
Rodolfo Marga, um brasileiro, causou polêmica com o mesmo tema em 2013 ao postar uma foto apoiando a Semana de Amamentação daquele ano. O motivo? Ele estava amamentando sua filha Valentina, na época com três meses. Alguns comentaram que Rodolfo estava roubando o papel da mãe ou era um pedófilo, enquanto outros reconheceram que sua atitude rompia com o machismo.
Naquele dia, sua mulher havia saído para fazer um exame e demorou mais do que o esperado. Nesse meio tempo, Valentina acordou chorando. “Bom, pensei comigo, às vezes não é fome, às vezes é carência. Num súbito acesso fiz o que me veio à cabeça, vou amamentar”, escreveu na legenda. Rodolfo contou que sua filha pegou o peito, cerrou a gengiva e ficou lá, parada. Quinze minutos depois, voltou a dormir. Pais não podem amamentar, mas podem apoiar ao invés de ignorar. Desde as suas parceiras dentro de casa até outras mulheres em público.
Depois de todas essas histórias e iniciativas, será que existe mesmo um papel tão restrito de pai?
Sobre Luana Toro
Estudante de jornalismo, feminista, um pouco instável e apaixonada por filmes de terror.
Acredita em destino e sabe que dançando ballet é mais feliz.
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