* Alessandro Loiola, especial para o AreaH
Jogando limpo: se tem algo capaz de provocar uma resposta emocional intensa pra caramba é a tal da Rejeição. É difícil lidar com ela impunemente. É o tipo de planta que arde, irrita, desequilibra e pode lhe deixar incrivelmente inseguro.
Mas tem uns caras que tomam rejeições na cabeça a torto e a direito e continuam vivendo como se nada tivesse acontecido. Não importa se o contexto é uma paquera ou o fechamento de um negócio, eles de alguma maneira dão um jeito de se reerguer do insucesso. Eles se sacodem, cospem a rejeição na sarjeta e não levam para o lado pessoal, seguindo em frente, ilesos.
Infelizmente, nem todos nós somos assim tão impermeáveis à rejeição. Mas o lance é que a gente não é incapaz de ser impermeável: a gente escolhe não ser. Em algum momento da sua vida você estabeleceu um padrão de resposta para a rejeição, e nunca mais se deu ao trabalho de revisar ou calibrar melhor este padrão.
A rejeição acontece. Até para os melhores. é como você reage à rejeição que faz toda a diferença. Vou lhe dar dois cenários e você me diz em qual deles a resposta à rejeição é justificada.
Cenário 1: você vai a um bar com seus amigos. Você está se divertindo, batendo papo e tomando umas, e então você vê uma gostosa com algumas amigas em outra mesa. Você não a conhece, mas isso não lhe impede de ir lá e puxar assunto. Entretanto, a mina não está nem aí para conversar com você. Ela não lhe dá nenhum motivo especial: ela simplesmente não quer abrir espaço.
Sentindo-se rejeitado, você retorna ao seu grupo de amigos e passa o resto da noite remoendo o fora. Você tenta participar do papo com seus amigos, mas sua mente continua atolada naquele único, breve momento de rejeição.
Cenário 2: você está apaixonado há algum tempo. Ela é uma pessoa especial e você está considerando a possibilidade de levar o jogo para o próximo nível. Então você faz uma cópia extra das chaves da sua casa e entrega a ela, todo carinhoso.
Infelizmente, ela não estava na mesma vibe, não via o relacionamento indo no mesmo rumo e ritmo que você. Ela até gosta da sua pegada, mas não está apaixonada e não quer entrar no mérito dessa discussão, então ela lhe dá um pé na bunda. De coração partido, você fica sem tomar banho, não faz a barba, não sai de casa, passa a se alimentar de pizzas e enlatados.
Em qual dos dois cenários a resposta à rejeição é justificável? Em nenhum deles.
Em nenhum, brother, por um único motivo: a rejeição é nada. Simples assim. Ela não tem impacto algum sobre você, a menos que você permita. Ela não tem peso em si: é você que coloca o peso sobre ela. Ninguém e nada além de você mesmo é capaz de dar um significado para aquilo.
Algumas vezes, a rejeição não é tão direta. Ela pode acontecer em frações, estendendo-se ao longo de meses ou mesmo anos.
Você pode estar em um relacionamento há muitos anos, experimentando sempre um sentimento de rejeição. Talvez não esteja recebendo a atenção que gostaria, ou o afeto, ou o sexo. Talvez ela tenha uma tendência de ficar mudando os planos, sempre com uma desculpa diferente, mas nunca com uma justificativa que você ache pertinente.
Existem infinitos sinais que dizem a você que sua dedicação não está recebendo uma recíproca equivalente. Mas você conhece aquela mulher, sabe adivinhar a pistas que ela deixa sem precisar de muitas explicações. Basta abrir os olhos e conferir a situação. E vai se enfiando cada vez mais fundo no lamaçal das rejeições subliminares.
A maioria das pessoas desenvolve uma tal aversão à rejeição que, sem perceberem, bloqueiam todos os sinais. Você vê os sinais, sabe o que eles significam, mas faz cara de paisagem fingindo acreditar que aquela pessoa se importa - mas ela não se importa. Por quê? Por que você não quer ser rejeitado? Sério: pondere sobre esta pergunta por alguns instantes.
Eu já sei a resposta. Não é que você não queira ser rejeitado. Você não quer é sentir-se rejeitado.
Mas será que a rejeição é uma rejeição se você não se sente rejeitado? Apesar do ato da rejeição existir de fato, se você não se permitir ser consumido por ele, então aquilo não importa. Se você não se permitir ser ferido, aquele ferimento abstrato deixa de fazer parte do seu mundo.
Isso pode parecer mais fácil de falar do que de fazer, mas não é verdade. Não é tão difícil assim. Não quando você compreende uma coisa simples: ainda que as pessoas lhe forcem a fazer algo, ninguém pode lhe forçar a pensar algo.
É você quem tem o controle da sua mente. É você quem controla o modo como reage, como sente. Suas emoções e seus pensamentos estão sob seu controle e de ninguém mais.
Uma rejeição não faz você se sentir por baixo. Quem faz isso é você mesmo. A rejeição é uma ação, não uma emoção. A ação pode estar além do seu controle, mas você certamente pode controlar sua resposta mental para o ocorrido.
Então, cavalheiro, se você acha que está sendo rejeitado, provavelmente você está sendo, sim. Mas quem está cagando e andando para isso? Na minha última contagem, éramos mais ou menos uns 7 bilhões de pessoas nesse planeta. Eu lhe recomendo: aperte o botão do foda-se e vá viver sua vida. Em algum lugar existe uma pessoa digna de você. Aceite o desafio e siga em frente.
(*) Alessandro Loiola, além de viver uma vida de casado, é autor da Manhood Brasil, página no Facebook onde escreve sobre os ideais masculinos.
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