No mundo de hoje, tem muito macho por aí com grande dificuldade de se amarrar, namorar e ficar sossegado com uma fêmea. Ele se sente preso, enjaulado. Acima de tudo, sente seu espaço invadido, violado. É difícil ter de conciliar seus desejos com os da gata. Ficar em segundo plano, muitas vezes.
Se você é um desses, pense em uma situação um pouco mais complicada de equacionar. Você se apaixona por uma mulher com “bônus”. É isso mesmo que você está pensando: uma mãe solteira! Prepare-se, amigo, pois você tem muito que aprender! Então, aperte o cinto, respire fundo e leia com atenção. O AreaH conversou com Cássia Franco, psicoterapeuta (especialista em terapia de casal), sexóloga e coach. Cássia falou um pouco sobre a realidade da mãe solteira e com filhos – ela mesma é um exemplo! – e apontou os prós e contras de um relacionamento da fêmea que vem com “bônus”.
Pra começo de conversa, Cássia faz um alerta. Atenção, você, macho que se apaixonou por uma mãe, mandamento número 1! “O homem que se interessa e que se envolve com uma mulher que tem filhos, tem de perguntar a si próprio se está disposto a ser o segundo grande amor da vida dela. Porque o primeiro é o filho”, diz, na lata, a psicóloga.
Segundo Cássia, é natural que a mãe acuda os filhos em qualquer imprevisto. Portanto, o homem tem de se perguntar se está disposto, ao menos nos primeiros passos da relação, a ser o segundo amor, porque é o que ele vai ser.
E não importa se vocês fecharam aquela viagem romântica de 10 dias para Paris, com seis meses de antecedência, e se programaram para deixar o pimpolho com os pais dela. Na véspera, ele acorda com 39 graus de febre! Com que cabeça você acha que a gata vai viajar? Ela tem “bônus”, amigo. Se você não sabe lidar com isso, nem comece o relacionamento.
Se você está completamente apaixonado e quer encarar o pacote completo, fique atento para algumas dicas. O ex-marido, por exemplo, pai da(s) criança(s). Isso não é problema seu. Somente em última instância o novo macho da relação tem de interferir nessa questão. Cássia lembra que, hoje em dia, as mulheres lidam muito bem com o ex.
“Porque a única coisa que bota o cidadão rapidamente na cadeia é não pagar pensão! As mulheres aprenderam a se valer da lei e fazer esse tipo de exigência. Muitas de uma forma leviana, mas boa parte faz de forma correta, porque simplesmente é o dever dele como pai”, ressalta. Aí está um ponto positivo para você. O ex paga as contas dela e dos filhos. Não há com o que se preocupar.
O sinal de alerta toca quando a mulher não tem uma relação totalmente resolvida com o ex. Isso pode virar uma assombração no namoro com ela. “Tem aquela que separou, mas não separa. Inferniza o ex, se martiriza com o fim da história. Se ela já resolveu bem a separação dela, o papel do ex é em relação aos filhos”, afirma Cássia.
Um fator positivo em se relacionar com uma mãe é que você tem mais tempo para pensar a paternidade. “Quem entra em um relacionamento com uma mulher que já tem filhos, não vai ser cobrado para ser pai. Pelo menos, não tão cedo. Ele vai poder namorar bastante, curtir bastante até que ela venha com a questão. Ou ele próprio sinta necessidade e comece a perguntar se ela quer ter filhos com ele também. A mamãe já escolada com isso não vai chatear tão cedo!”, opina Cássia.
Mas, e o(a)s filho(a)s dela, como me relaciono, pergunta o macho leitor. Primeiro, tem de chegar devagarinho! Deixe que ele(a)s te conheça(m). As perguntas vão acontecer, claro. “Ele precisa esperar, sentar e deixar ver as reações. As crianças vão chegar perto, querer saber. Se for mais velho um pouco, na pré-adolescência, se for menino, vai ficar enciumadinho, vai querer saber que apito toca, pra ver se a mamãe dele tá protegida. Se tem uma menina, também vai querer ver, se interessar”, exemplifica a psicoterapeuta.
O importante, segundo ela, é ter abertura para se envolver com os pequenos. A psicóloga faz um alerta. “Se ele tem tendência para acolher crianças, ele vai ser dar bem, não vai ter grandes problemas. Mas, se ele tem horror à criança, então é bom ele pensar duas vezes antes de se envolver nessa relação, porque as crianças ocupam espaço, sim, e têm necessidades muito específicas. Mas nada que ele, com vontade de participar, não consiga superar”.
Mais do que superar, você pode se envolver com as crianças de uma forma muito bacana. “Ele tem de mostrar que está disponível para aquelas crianças, que deixe que elas se aproximem dele. Com muitas acontece de gostarem mais dele do que do pai, porque o pai, muitas vezes, começa a fugir dessa rotina de conviver com os filhos. Ou quando vai, enche de presente, participa só da parte boa, não educa”, lembra Cássia.
Claro, há diferenças no modo como os filhos encaram esse novo ser na dinâmica da família. Muitos não gostam, porque fantasiam uma volta da união dos pais. Por isso, olham o namorado da mãe como um forasteiro. Segundo Cássia, isso não é problema específico seu. É natural o filho adolescente não entender a separação dos pais e se revoltar contra a realidade. Seja paciente! Em algum momento, ele vai te aceitar e até virar um amigo. Vai te pedir conselhos com as meninas, sobre balada, e por aí vai.
Há vários aspectos positivos, mas a questão da intimidade do casal é algo delicado, mas fundamental e, segundo Cássia, cabe à mãe delimitar para os filhos claramente. “Essa história de ficar pendurado na cama da mãe está errada. Eu nunca precisei passar a chave na porta do quarto. A minha filha nunca entrou no quarto. Sentei com ela e, desde cedo, expliquei: eu sou mulher, vou sair, vou namorar, trabalhar, viajar e quero respeito. Quando eu reencontrei uma pessoa que me interessava, ela já sabia que ia fazer parte da vida. Enquanto a porta estiver aberta, pode entrar, brincar. Quando eu disser ‘boa noite’, a porta tá fechada”, conta a psicóloga, relembrando como funcionou com ela.
Para finalizar, Cássia diz que o namoro com uma mãe pode ser muito rico para o macho. Basta fazer alguns ajustes. Como todo e qualquer relacionamento, lembra a psicóloga. Portanto, amigo, se pintar uma mulher com bônus na sua vida, não se assuste. Devagar, devagarinho, você pega a manha da relação a três, quatro, cinco...