Se ainda não aconteceu com você, prepare-se pois mais cedo ou mais tarde você irá cruzar com aquela mulher maravilhosa que caiu na sua conversa mole e topou ver a lua do "telescópio" que você tem em casa. O clima começa a esquentar, a bebida a subir e, subitamente, ela aparece: a culpa na cama. Multifacetada, ela ganha formas diversas que variam desde a vergonha de mostrar certas partes do corpo até a carência ou ausência de "resposta" durante a relação sexual. "Muitas mulheres ainda são educadas de forma a considerar qualquer abordagem do tema sexualidade como inadequada ou pecaminosa", esclarece Theo Lerner, médico da USP especializado em Sexologia.
Ele acrescenta que essas mulheres evitam ter contato ao longo da vida com "imagens ou histórias que possam servir como referência para o comportamento na cama", o que explica a vergonha que algumas mulheres sentem ao expor sua intimidade. Como o sentimento geralmente está associado com pessoas alheias ao relacionamento, muitas vezes os homens ficam perdidos e não sabem o que fizeram de errado ao presenciar a resistência da gatinha.
Mas neste contexto, o sexo tem um outro sentido para a mulher. A preocupação demasiada com a aparência e em seguir as regras do "politicamente correto" faz com que elas acabem "mantendo relações por insistência do parceiro, por obrigação social ou por medo de perder o relacionamento, e não para obter prazer", garante Lerner.
O médico também afirma que, nestes casos, qualquer atividade diferente da passividade total pode ser considerada como vergonhosa.
"O relacionamento sexual depende muito da comunicação verbal e não verbal de ambos os parceiros. É muito difícil adivinhar o que o outro deseja ou sente se este não sinalizar de alguma forma", lembra o sexólogo, que já foi colaborador do Programa de Atenção a Vítimas de Abuso Sexual (PAVAS), em 1996.
É importante ressaltar, porém, que a dificuldade em sentir desejo ou motivação para iniciar qualquer atividade sexual pode estar relacionada a situações de mudanças na dinâmica do relacionamento. Este tipo de "frigidez", ou desejo sexual hipoativo, é causada por fatores internos ou externos ao casal, os quais são utilizados para investigar a origem do problema.
No entanto, o que fazer quando nos damos conta que estamos transando com um corpo inerte estendido na cama? A grande incógnita no intelecto masculino nessa hora envolve os motivos que levaram a pequena a se deitar com você mesmo aparentemente não querendo estar lá. Às vezes nem chega a rolar a penetração, já que quando questionadas, as mulheres tendem a assumir uma postura de defesa diante da situação.
"Conversar de forma franca sobre as dificuldades na cama, buscar entender como o casal 'funciona' durante o sexo podem ser maneiras de superar essa dificuldade. Caso necessário, buscar ajuda profissional pode ser uma boa alternativa", recomenda Lerner.
O sexo é um forte indicativo da satisfação mútua na relação, portanto tanto a ausência quanto o excesso de sexo são um sinal de que algo não vai bem, mas não necessariamente isto é emocional. Alterações hormonais e especialmente as dores durante as relações também podem reduzir a libído feminina de forma substancial.