É muito comum que homens inseridos em relacionamentos com, pelo menos, mais de um ano de duração reclamem da famosa "umazinha". São caras que não conseguem transar mais de uma vez por dia com suas parceiras e, geralmente, são relações rápidas. Na verdade, é o mix das infames "umazinha" e "rapidinha".
Segundo o psicoterapeuta Ralmer Nochimówski Rigoletto, os motivos são vários, desde a perda do afeto até a rotina estafante nas grandes cidades.
“De fato, com o passar do tempo, a sexualidade do casal tende a se estabilizar num padrão de forma (o jeito de fazer) e de frequência (quantidade). Se o casal não estiver atento e deixar de cuidar da relação, principalmente no campo afetivo, entrará num processo que é conhecido no senso comum por monotonia sexual. O desejo diminui e com isso vem o automatismo”, alertou o profissional, especializado em terapia sexual.
Outro aspecto importante abordado por Rigoletto é o fato de que alguns relacionamentos se iniciam com base apenas no tesão.
“Há um momento em que esse tipo de vínculo não se sustenta pelo fato de que aquele ‘objeto de desejo’ já o saciou e, então, internamente inicia-se a busca por um novo. Essas formas de relacionamento resultam da banalização da sexualidade e do afeto”, disse.
O terapeuta responde, abaixo, algumas perguntas sobre as causas dessa monotonia sexual:
Onde está a raiz do problema neste tipo de caso?
Muitos casais da atualidade desprezaram o afeto, o apaixonar-se, o cuidar um do outro, o companheirismo e passaram a interpretar o desejo (tesão) como único e principal elemento para o estabelecimento do vínculo. Isso aconteceu por conta da banalização da sexualidade. Estamos vivendo uma fase em que o casal primeiro transa e depois verifica se tem outros aspectos de interesse para a convivência.
Apimentar a relação com artigos de sex shop ou a realização de fantasias ajuda?
Para alguns casais, o uso de recursos que oferecem variações no sexo significa a salvação do relacionamento. Mas vale lembrar que isso funciona bem e recupera a relação quando há afeto. Caso contrário, será uma medida útil, porém temporária.
O famoso dar um tempo resolve?
Depende do casal. Nos casos em que a relação já se deteriorou, isso significa apenas esticar o sofrimento. Para aqueles que têm afeto mútuo e desejo sincero de resolver a questão, às vezes, é necessário o recolhimento para avaliar melhor o que está acontecendo. Basta respeitar a individualidade e o espaço do outro e ter o seu próprio respeitado. No momento certo, a conversa e as propostas para solução acontecem.
É uma atitude madura e eficaz a mulher permitir que o cara transe com outra para chegar a certas conclusões?
Primeiramente, temos que ter claro que um homem ou mulher não tem a posse da sua parceria. Em seguida, vale lembrar que quando um dos parceiros decide ter uma experiência extraconjugal, ele(a) não espera ou se expõe à aprovação do outro. Portanto, é uma hipocrisia propor um "pulo de cerca" permitido. Essa é uma forma de gerar dor e sofrimento no parceiro, culpa e deterioração na relação. O inverso abre chance para entender o que digo: um homem maduro permite que sua mulher transe com outro para chegar a certas conclusões? As pessoas (homens e mulheres) temem muito a comparação que pode se estabelecer nessa situação. Existem casais que optam, por exemplo, pelo swing ou pelo ménage à trois como alternativa, mas é necessário muito preparo emocional e psicológico para viver experiências assim.
Como a terapia pode ser útil, de forma individual ou com a presença dos dois?
A psicoterapia com enfoque na sexualidade pode ser aplicada tanto individualmente quanto em casal. Serão verificados e defalgrados os possíveis motivos para o esfriamento da relação, trabalhados os medos, as falsas crenças e, principalmente, a questão da comunicação do casal. Além disso, são propostos exercícios e técnicas que ajudam no restabelecimento do desejo e no fortalecimento do vínculo.
A abstinência temporária pode ajudar?
Quando bem administrada e respeitada sim. Inclusive, na psicoterapia com enfoque na sexualidade, quando necessário, aplica-se a abstinência enquanto são tratados outros aspectos dos indivíduos na relação. Mas o carinho, a parceria, a cumplicidade e o afeto precisam muito acontecer nessa etapa. Para tal, é muito importante contar com o acompanhamento de um especialista.
Caso queira fazer uma pergunta ao terapeuta, acesso o site: http://www.ralmer.psc.br/