Fazia mais de seis anos que eu não tocava outra mulher além de minha esposa. Mas agora eu me via em uma sala acariciando a mão de outra mulher. Era uma situação meio absurda, confesso. Enquanto a tocava, lembro de pensar que sequer sabia o nome dela.
Trinta segundos depois, a experiência ficou intensa. Tipo, intensa demais. Arranquei o Oculus Rift e me levantei da cadeira na qual estava sentado. Ao sair do local, estava convencido que a realidade virtual não é apenas o futuro do sexo, mas também o futuro da infidelidade.
Tudo bem, tudo bem, pode ser exagero. Quando narrei a experiência para minha mulher, ela riu da minha cara; disse que "aquilo é só um programa. Uma mulher bonita feita de 'zeros e uns' programados para enganar seu córtex visual”.
Talvez ela esteja certa. Mesmo assim, uma pergunta continuava a martelar na minha cabeça: e quando o software parece mais real do que a realidade?
Meu primeiro contato com a infidelidade virtual aconteceu depois do meu discurso na WEST, a Conferência de Entretenimento, Esportes e Tecnologias Portáteis de Toronto, no Canadá. Empresas especializadas no desenvolvimento de software enchiam os corredores do centro de convenções — e cada uma delas disponibilizava um número impressionante de gadgets para testes. Sentei-me em um estande da Cinehackers, uma empresa que prometia uma experiência cinematográfica com o Oculus Rift.
A Cinehackers havia inventado uma forma de colocar seus clientes dentro de cenas filmadas em primeira pessoa. Alguns segundos depois de colocar o Oculus Rift e os fones de ouvido, me vi imerso em outra realidade. Era difícil compreender que eu estava olhando para um programa, e não para algo real. O filme no qual eu segurei a mão da mulher misteriosa se chamava I Am You.
Este texto é uma produção da VICE, para ler na íntegra, clique aqui.