Mas não vamos nos ater apenas aos nossos pensamentos primitivos e instintivos. Que tal um exercício de reflexão? Vamos encarar a realidade e enxergar as coisas como elas realmente são? 

Entretanto, para isso, nós precisamos entender o que aquelas belas mulheres estavam fazendo sem a parte de cima do biquini na praia fluminense.

Embora seja sempre delicado falar sobre machismo e feminismo - principalmente em um mundo onde o radicalismo parece tendência - tentaremos explicar o que é o “toplessaço” por um ponto de vista humano, pela ótica da liberdade. 

De acordo com a organizadora do evento, Ana Paula Nogueira, o objetivo do evento não é fazer com o que o topless vire moda e sim que tal ação desnude as hipocrisias e faça com que as pessoas passem a questionar a falta de liberdade da mulher em pleno século XXI.

A luta por liberdade - embora tenha sido injusta até aqui - é uma luta honesta. É notório que até hoje o nosso modelo de sociedade ainda reprime e violenta as mulheres das mais diversas maneiras. Valores são distorcidos a todo instante e novas ideias e tendências são frequentemente podadas pelas laminas sagazes do conservadorismo. 

De fato nós brasileiros sofremos de uma síndrome de vira lata crônica, neste caso é valido à comparação com países - digamos - mais evoluídos, onde a prática do topless é vista com naturalidade. Prática esta que educa os homens a olharem as mulheres pelo o que elas são e não apenas - com o perdão da expressão - como um pedaço de carne que sacia o desejo sexual.  

O que parece não entrar na cabeça de muitas pessoas é que de fato tanto o corpo da mulher, quanto o do homem são naturais, mais naturais inclusive do que os adereços que usamos para “esconder” nossa nudez. 

Tudo bem que no mundo moderno sair por aí peladão não é bem visto, mas qual o problema das mulheres tirarem a parte de cima do biquíni na praia, se nós homens não usamos camiseta desde sempre. O problema é a nudez da mulher? Nudez esta que é natural e não a difere em nada de nós homens.

Talvez se olharmos por este ponto de vista, um homem sem sunga é milhares de vezes mais ofensivo, o corpo do homem muda diante do desejo sexual, mudança esta que fica clara aos olhos de todos. Diferente das mulheres que visualmente não mudam em nada, o que deveria desvincular a imagem do topless a imagem de qualquer coisa minimamente sexual.

Pode ser que seja um longo processo, e que tenhamos que aprender aos poucos a lidar com isso, mas no mundo de hoje onde há tanto com o que se preocupar, a última coisa que devemos nos importar é com o que cada um faz com seu próprio corpo.

Em uma sociedade onde a conotação sexual é regra, não seria ruim apoiar as mulheres como elas realmente são: livres, leves, belas e naturais.