De difícil diagnóstico, a caquexia é uma síndrome associada a doenças como câncer, Aids e insuficiência cardíaca. Ela provoca perda de peso e atrofia muscular. Embora não haja dados sobre quantas pessoas sofrem com essa síndrome no país, a caquexia pode atingir 85% das pessoas com câncer de pulmão e até 30% das pessoas com insuficiência cardíaca.
“A caquexia é uma síndrome que acelera o metabolismo do corpo e leva à perda de peso, perda de músculo e diminuição do desempenho. É diferente de desnutrição. Tem pessoas que são magras e desnutridas, mas que continuam a fazer suas atividades. A caquexia leva a uma aceleração do metabolismo, independentemente da quantidade de comida que ela consuma”, explicou o pesquisador e médico geriatra do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, André Filipe Junqueira dos Santos.
Para facilitar o diagnóstico da doença no futuro, o médico usou um aparelho para avaliar a atividade física diária e o instalou em idosos que desenvolveram ou não a síndrome. Ele observou que atividades simples, por exemplo, como ficar em pé ou caminhar, tornam-se mais difíceis para as pessoas que desenvolvem a síndrome.
“Esse aparelho é tipo um cartão de crédito que foi colocado na coxa das pessoas, com um adesivo. Ele conseguia medir, em tempo real, o período que elas ficavam andando ou em pé. E estudei essa diferença em idosos saudáveis e idosos com caquexia para ver se o aparelho conseguia pegar essa diferença”, explicou o médico sobre a pesquisa de doutorado que desenvolveu, chamada de Correlação da Atividade Física Espontânea com a Composição Corporal, a Capacidade Funcional e a Qualidade Muscular em Idosos com Caquexia Associada ao Câncer.
O aparelho, segundo o médico, é uma espécie de sensor que avalia atividades cotidianas e foi desenvolvido na Escócia. O equipamento custa em média R$ 1,5 mil e pode ser usado diversas vezes. Na pesquisa, o aparelho foi colocado na coxa de 45 idosos (22 deles saudáveis e 23 portadores de caquexia e com câncer em estágio avançado) pelo período de uma semana. O resultado demonstrou diferenças na atividade física praticada por idosos com ou sem caquexia.
“O homem idoso saudável caminha, em média, sete mil passos. Um idoso com caquexia andava, em média, em torno de três mil ou quatro mil passos. E uma mulher saudável que andava oito mil passos, passou a andar cinco mil passos. O tempo em pé, de uma mulher saudável, que no dia a dia é em torno de cinco horas, caía para pouco mais de uma hora e meia [no caso em que ela tinha caquexia]”, informou o pesquisador.
Segundo o médico, o estudo conseguiu demonstrar essa diferença, o que pode auxiliar os médicos no diagnóstico precoce da doença. “Quando a gente consegue fazer o diagnóstico primário, quanto mais cedo e mais rápido, melhor o tratamento. Se a caquexia evolui para um estágio mais avançado, mesmo com tratamento, não se consegue ter mais o efeito desejado”.
Depois da pesquisa, a ideia do médico, agora, é fazer mais testes e validar o aparelho em várias pessoas para depois começar a usá-lo no Hos