O veneno de cascavel pode ser um aliado no tratamento do estrabismo. Pesquisadores de Minas Gerais usam o produto extraído da cobra, chamado de crotoxina, para desenvolver um novo medicamento. O efeito é semelhante ao da toxina botulínica, conhecida como Botox. A medicação, porém, tem efeitos mais duradouros do que a existente no mercado.
A estudante Simone de Almeida Vaz ficou estrábica após uma cirurgia para retirada de um tumor no cérebro. "Eu vejo uma coisa de um lado e do outro. Pode ser que esteja perto ou longe. Não tenho noção de distância", contou. Há um ano ela começou um tratamento com aplicações de toxina botulínica, conhecida como botox, produto que também é usado em tratamento estético.
"O músculo para de contrair. Ele relaxa e você tem um novo posicionamento do olho. Com isso, para de ter a visão dupla", explicou o especialista em estrabismo Geraldo de Barros Ribeiro.
Porém, o efeito do produto, que era para durar até quatro meses, está terminando antes. "Eu vou dormir enxergando normal e no outro dia eu já começo a ver duplo", diz Simone.
As pesquisas acerca da crotoxina começaram em 2001. O produto retirado a partir do veneno foi testado em animais com bons resultados. Os testes em humanos já foram autorizados pelo Comitê Nacional de Ética. Os pesquisadores estão otimistas.
O produto usado atualmente precisa ser importado e custa caro. Cada aplicação custa R$ 1.500. A expectativa é de que com a nova descoberta o custo caia pela metade, o que dá um novo ânimo para quem precisa do medicamento. "A notícia de que ele pode ser mais barato até alegra e anima a gente que precisa desse tratamento”, afirmou Simone.
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