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Depressão é doença complexa, afirma especilista

27/08/2015 00:00

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"Nada na minha cabeça fazia sentido, nenhum texto era compreensível. Os pensamentos não fechavam e uma pressão insuportável dava a nítida sensação de que o peito ia explodir”. Foi assim que Ricardo Boechat, apresentador da Band, definiu o surto depressivo agudo que o afastou do trabalho nas últimas duas semanas.

Boechat, que falou publicamente sobre o problema na manhã desta quinta-feira (27), não está sozinho. Segundo dados do IBGE, cerca de 11 milhões de pessoas sofrem com a doença no Brasil. No mundo, conforme dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), são 350 milhões de afetados pelo mal, que deve se tornar o mais comum entre a população do planeta até 2030.

O psiquiatra Fernando Fernandes, do programa de transtornos afetivos da USP (Universidade de São Paulo), explicou em entrevista à BandNews FM que a depressão é um quadro muito complexo,  que afeta diversos órgãos e sistemas do corpo, além de ser incapacitante.. “Está muito longe de ser só uma doença dos sentimentos, da mente, ou mesmo cérebro”, explica o especialista.

Mas como detectar a doença e diferenciá-la de uma tristeza? Segundo Fernandes, na tristeza normal o paciente mantém a sua funcionalidade, já que ela sempre tem uma motivação definida e vai diminuindo ao longo do tempo.

Na depressão, a tristeza não tem uma razão definida e é desproporcional, nem diminui quando seu motivo é solucionado. Além disso, o sentimento é percebido pelo paciente de uma maneira diversa.

“O que define a depressão não são os sintomas afetivos”, pontua o psiquiatra. “Haverá também sintomas cognitivos: dificuldade de concentração, fragilidade na memória recente e diminuição na velocidade do pensamento, com o fluxo da ideias prejudicado”, enumera o médico, ao explicar que a pessoa para a ter uma visão acinzentada e pessimista da vida.

Gatilho genético não tem ativador específico

Segundo o especialista, o desenvolvimento da doença é favorecido por uma fragilidade genética e episódios estressantes podem servir como gatilho para que a pessoas seja afetada. Apesar disso, alguns pacientes são atingidos pela depressão sem que vivam nenhum quadro que precipite o aparecimento do mal.

“Hábitos de vida saudáveis podem ajudar a prevenir episódios depressivos ou alterações patológicas do humor? Claro que podem, mas não existem alterações específicas”, diz Fernandes.

As recomendações para evitar o aparecimento de problemas são para não abusar do álcool ou usar outras drogas, respeitar o ciclo sono-vigília e reservar espaço nas atividades para descanso e lazer.

“São orientações gerais de qualidade de vida. Não existem orientações específicas para depressão”, explica o psiquiatra. “Eu costumo dizer assim: depressão é uma doença médica. Muitas recomendações de vida saudável que valem, por exemplo, para doenças cardiovasculares, vão valer também para a depressão.”

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