Quem desconfiaria de uma criança? É claro que aqueles que já têm filhos sabem muito bem que, em alguns momentos, os pestinhas conseguem ser mais maquiavélicos que sogra ciumenta em almoço de domingo. A imaginação da criançada parece mesmo não ter limites, a ponto de ultrapassar as barreiras morais e judiciais que nos mantém agrupados em sociedade.
Talvez seja importante reforçar que não estamos aqui incentivando os pivetes a cometer crimes, ou aplaudindo as ações desses pequenos crimonosos. Ao contrário, um tanto impressionados, apresentamos alguns casos que mostram até onde os filhotes de gente podem ser perigosos.
LADRÃO DE OBRAS DE ARTE
Nos anos 70, Laurence McCall, 16, era um supernerd que gostava de cabular as aulas no colégio para frequentar museus, e passava horas diárias admirando os quadros expostos. Na verdade, ele gostava tanto que um dia decidiu roubar uma delas e levar pra casa. E depois outra, e mais outra. Ao todo, ele levou 20 quadros avaliados em mais de US$ 300 mil. E adivinha qual foi o grande plano?
Ele gentilmente retirou cada uma delas da parede e as deslizou pelo parapeito de uma janela. É sério! Você pode achar que faltou uma boa dose de originalidade, porém a simplicidade do feito sem dúvidas não teve a menor graça pra galera da segurança. Em seguida, McCall entrou em contato por telefone com a casa nova-iorquina Sotheby e solicitou a abertura de um leilão para se livrar das pinturas. Como fazer perguntas “não é elegante”, a empresa aceitou sem pestanejar.
Com o lucro, o garoto passou a ter uma vida típica de cafetão norte-americano da época. Aos 16 anos, ele tinha um apartamento de luxo em Phily, um Jaguar verde e muitas, muitas joias. Somente três anos depois, já aos 19, McCall finalmente deixou a peteca cair e foi preso pelo FBI. Entretanto, não havia qualquer prova concreta de que ele havia roubado os quadros.
Ainda assim, o governo botou o fedelho no xadrez por transporte interestadual de bens roubados, fraude postal, sentenciando o moleque a 15 anos em cana – dos quais ele só cumpriu três. Além disso, o cara era espirituoso, pois quando saiu declarou à imprensa que ele “dava mais risadas lá dentro do que aqui fora”. Hoje em dia, mais de 20 anos depois, ele tem seu salário cortado mensalmente pela Receita Federal dos EUA para compensar o estrago.
VIGARISTA DA BOLSA
Se há uma coisa que todos sabem sobre a bolsa de valores é que ninguém realmente entende muito bem esse lance de comércio de ações. Por causa disso, nem todo mundo consegue arrematar grandes quantias, e nesse meio até os palpites mais insólitos podem se concretizar. Jonathan Lebed, de 15 anos, sabia muito bem disso.
Sob o consentimento dos pais, o pivete começou a trabalhar com papéis aos 13 anos. Em vez de estudar duro para produzir boas sugestões, ele criou centenas de contas falsas em sites como o Yahoo! Finance e o E*Trade e forrou seus fóruns com dicas sobre quais ações comprar no mercado.
Tudo mentira! Ele indicava que suas próprias ações sofreriam um salto em breve, atraindo compradores. Nessa brincadeira, uma estratégia conhecida como pump and dump, o moleque conseguiu “arrecadar” US$ 800 mil. Aos 15 anos ele foi a pessoa mais nova a enfrentar acusações de fraude na bolsa de valores, e ele ainda conseguiu se safar, de certa forma.
Com o apoio dos pais, Lebed lutou na justiça alegando ter ganhado o dinheiro por mérito. No entanto, ainda assim teve que devolver US$ 285 mil num processo civíl, ficando com mais de US$ 500 mil no bolso. Pelo visto, às vezes o crime compensa mesmo!
SWAT A SEUS PÉS
Matthew Weigman era um garoto cego de 11 anos com uma audição impressionante – e também um phreaker. No geral, essa é a designação para aqueles que escaneiam redes de telefonia em busca de “brechas” na segurança. Como se não bastasse, o tampinha conseguia imitar os tons dos números de discagem, permitindo acesso irrestrito em termos de telecomunicação. Já imaginou o trabalho que uma criatura dessa pode dar?
Além de memorizar números de telefone apenas pelo tom de discagem, Weigman conseguia imitar perfeitamente as vozes das pessoas. Dessa forma ele conseguiu coletar dados de empresas como Verizon e AT&T, onde fez inúmeras compras virtuais. Pra fechar sua grande sacanagem, o moleque chegou fazer ligações falsas calculadas à polícia para acionar a SWAT. A intenção foi apenas fazer uma “visitinha” à casa de um cidadão – por coincidência, o pai de uma garota que deu um pé na bunda de Weigman. Foi condenado a mais de 11 anos de prisão em Dallas, nos EUA.
PEQUENAS LADRAS DE BANCO
Homem faz estardalhaço até na hora de roubar um banco: armamento pesado, reféns e muita tensão. Agora dá pra falar – até uma garota é capaz de roubar um banco sem alarde.
No estado norte-americano de Ohio, duas meninas, uma de 14 e outra de 12, provaram isso num assalto sem vítimas em que levaram uma quantia tão grande de dinheiro que os banqueiros ficaram até com vergonha de divulgar a soma. Não houve truques: a mais nova ficou lá fora dando cobertura enquanto a mais velha, que tapava a cabeça com uma blusa, passava um papel com a frase “me dê o dinheiro” ao atendente. Depois de pegarem a sacola, as pequenas ladras deram no pé sem deixar rastros para os cães e helicópteros da polícia, e jamais foram encontradas – mesmo tendo levado centenas de notas marcadas.
ONDA DE CRIMES
Nos últimos seis anos, a cidade britânica de Essex sofreu uma onda de crimes que custaram à população mais de 1 milhão de libras em bens roubados de várias residências. O crescimento de 500% nas estatísticas criminais levou muitos especialistas a pensar na possível presença de uma máfia ou tráfico de drogas. Porém, esse salto dos roubos na cidade foi obra de apenas um adolescente chamado Bradley Wernham.
Ele entrou no crime aos 12 furtando casas e igrejas, passando para automóveis de luxo, como Mercedes-Benz, Audi e uma Porsche enquanto crescia. Ao todo, Wernham cometeu 660 crimes, e acabou preso quando a polícia detectou um aumento descomunal na criminalidade da cidade para onde se mudou, Chelmsford. Ele foi condenado a 150 horas de trabalho comunitário e 5 anos de prisão, dos quais cumpriu apenas um ano e meio.