Casado ou não, o homem sofre com o nervosismo ao saber que será pai pela primeira vez. Logo em seguida à confirmação da gravidez da parceira, as preocupações começam a pipocar na cabeça. Os temores vão desde as condições para bancar o(a) filho(a) até o fim da liberdade para se jogar em qualquer aventura, já que, depois do parto, uma pessoinha contará com a presença pai.
Mas isso não é motivo para desespero. Através de relatos de quem passou por isso ou está prestes a sentir essa grande mudança é possível perceber que aquilo que poderia ser adiado pode proporcionar uma melhora significativa em várias áreas de sua vida de imediato.
É o caso do despachante aduaneiro Ricardo Louro, de 37 anos, que é pai do Antonio há pouco mais de um mês. Ele conta que um fator foi determinante para que o desespero não batesse logo depois que soube que teria um rebento. “Quando soube que a Renata (noiva) estava grávida, depois que fizemos três testes de farmácia, por incrível que pareça, não pirei porque estava tendo um relacionamento bom e via nela uma ótima mãe. O que, graças a Deus, está se concretizando”, disse.
Segundo Ricardo, o que muda é que muitas coisas passam a ser vistas por outra ótica. “Eu não vou morrer se deixar de ir ao estádio para ver um jogo do Flamengo ou se, por um tempo, não puder ir ao cinema. Importa-me mais saber se eu posso ajudá-lo a amenizar a cólica do que qualquer coisa que seria do meu interesse. Pode parecer besteira, mas, antes de ser pai, eu não me via limpando a caca de uma criança. Hoje, eu nem ligo. Limpo o meu filho amarradão”, contou.
Proporcionar um ambiente sadio para o desenvolvimento da criança é fundamental. Além disso, um dos grandes desafios do pai é a obrigação de melhorar o patamar salarial para arcar com todos os gastos que a criação exige.
“Minha maior preocupação é com o bem estar dele, se o plano de saúde está em dia e se terei dinheiro para dar tudo de melhor. Mas, fora os gastos, o que busco é tentar criá-lo num ambiente feliz e de paz. Sempre falo para minha noiva que não podemos passar tensão e estresse para o bebê. Se por acaso nos desentendermos, temos que conversar os dois, afastado dele, para que possamos resolver com calma o assunto”, relatou Ricardo Louro.
Já o engenheiro civil Helder Machado, de 33 anos, um baladeiro de carteirinha, mesmo casado
há três anos, e que está prestes a ver seu garotão nascer, está passando por um momento de avaliação de valores. “A paternidade parece que cola um adesivo na sua cabeça de que agora, sim, você terá que ter responsabilidade e é preciso pensar muito nas ações, desejos e vontades, pois, do contrário, qualquer coisa pode afetar o seu herdeiro. Antes de pensar em si, automaticamente, pensará primeiro nele”, afirmou.
Segundo Helder, a confirmação da gravidez causou um misto de preocupação com desespero, pois ele achou que era o fim da boa vida e que a rotina mudaria completamente. No entanto, por outro lado, ele sentiu uma felicidade absurda ao imaginar como seria o rosto do menino e a alegria dos parentes.
“Há uma renovação de vida na família. Você nota sua mãe e pais recebendo uma injeção de adrenalina e de vontade de viver para cuidar e criar junto com você o novo neto. Isso é legal. Por outro lado, desde que foi confirmada a gravidez, você passa a ser mais cuidadoso com a sua mulher, passa a querer cuidar mais, pois dentro dela está a pessoa mais importante do mundo. Por isso é bom estar numa relação estável para ter como planejar ao máximo. Será preciso abrir mão de muitas baladas, dos shows de rock, dos bares, etc. Paciência é tudo, pois, às vezes, enche um pouco o saco ter que ficar em casa sábado a noite vendo TV. E tem o lado chato que a mulher grávida, que, além de perder o tesão, todo mundo fica querendo tocar na barriga da minha mulher na rua”, revelou.
Mas o que os pais de primeira viagem mais ressaltam é o amadurecimento que a paternidade proporciona. Muitos sentem que se tornam homens de verdade mesmo após o nascimento do primeiro filho.
“Quando você mora sozinho, não deve nada nem satisfação a ninguém, tudo é do seu jeito e no seu horário. Por outro lado, é legal uma companheira para compartilhar emoções. Por isso, é legal que ela tenha os gostos parecidos com o seu. Por exemplo, temos quase toda a certeza que o Igor (nome que escolheu para o filho) foi gerado na época do show do Aerosmith, em São Paulo. Foi um baita show de rock como não via há muito tempo e entre a gente estava rolando uma vibe e uma química muito grande. Agora, tenho que selecionar mais as coisas, pensar no bem estar e no conforto da minha família e investir em coisas pensando neles. Já foi o tempo que eu gastava tubos de dinheiro na farra. Hoje, não sinto falta disso nem faria essas loucuras novamente”, concluiu o engenheiro, que aguarda a chegada de seu garotão para os próximos dias.