Se existe um assunto que mete medo nos homens é a ejaculação precoce. De acordo com os especialistas, este problema é responsável por 40% das consultas ou terapias sexuais no Brasil. Ela é caracterizada quando, em meio ao ato sexual, o homem não consegue controlar o momento de ejacular e acaba chegando ao ápice antes de satisfazer a mulher.
Motivo de piada para alguns, esta dificuldade deve ser tratada com seriedade, principalmente entre o casal, já que seu impacto na autoestima e vida do homem pode ser gigantesco.
"Muitos homens sentem-se extremamente frustrados, pois não são compreendidos por suas parceiras, que muitas vezes os culpam por ter orgasmo e elas não. Na verdade, o homem que não controla sua ejaculação não sente prazer, ao contrário, fica muito frustrado. Há casos de homens que se sentem menos homens, incompetentes e incapazes, não apenas na esfera afetivo-sexual, mas em todos os demais papéis sociais que exerce," afirma a terapeuta sexual e Mestre em Ciências da Saúde da UNIFESP Maria Cristina Romualdo Galati.
Causa e consequência
Ao contrário do que se diz por aí, a ejaculação precoce é um problema exclusivamente psicológico e a grande vilã da história é a ansiedade. Na adolescência é comum que os jovens ejaculem antes do esperado, isso pelo nervosismo que envolve a primeira transa e a pressão psicológica por um bom desempenho. Porém, com o passar do tempo e o aumento da confiança, normalmente o problema desaparece.
No caso dos adultos ou até mesmo dos adolescentes que enfrentam esta dificuldade, o medo de deixar a parceira na mão é um dos inimigos, pois o homem acaba perdendo a concentração e ejaculando antes do previsto. "O encontro sexual é sempre tenso, é sempre uma prova a ser vencida e, infelizmente, em função do medo e da ansiedade, geralmente perdida. Há casos de homens que se sentem menos homens, incompetentes e incapazes, não apenas na esfera afetivo-sexual, mas em todos os demais papéis sociais que exerce," explica Cristina Galati.
Para evitar que o problema ganhe grandes dimensões, os especialistas aconselham que ao notar algo de errado, o homem deve procurar ajuda de um médico.
"Se ele não está satisfeito com o seu controle ejaculatório, deve buscar orientação o mais rápido possível, ou seja, evitar prolongar o sofrimento, pois isso contribui para o agravamento do problema."
Maria Cristina ainda exalta a importância do acompanhamento de um terapeuta sexual. "Muitas vezes, basta uma orientação sexual para resolver a dificuldade. Quando a causa envolve aspectos mais profundos do psiquismo ou relacionamento, se faz necessária a terapia."
Como foi abordado, o psicológico é o grande responsável pela ejaculação precoce. Em função disso, os tratamentos terapêuticos ou até à base de remédios são os mais indicados para sanar o problema.
"O tratamento pode ser medicamentoso, com ansiolíticos ou antidepressivos que servem para retardar a resposta ejaculatória, mas somente médicos e psiquiatras podem receitar tais medicamentos. A terapia sexual, que busca entender o que causa a disfunção sexual e oferece técnicas para a aprendizagem do controle ejaculatório, é a que traz mais benefícios por não se ater apenas ao retardo da resposta ejaculatória, mas sim em possibilitar que o homem desenvolva seu controle," salienta Cristina.
Na alegria e na tristeza
Para que o homem consiga superar esta dificuldade, além dos inúmeros tratamentos, o apoio da mulher é imprescindível para o sucesso. Mas para que isso aconteça, o homem deve ser sincero para sua esposa e admitir o problema. Ela, por outro lado, precisa ser compreensiva e apoiá-lo.
"Se ela percebe a dificuldade do parceiro em controlar a ejaculação, deve conversar com ele a respeito e, se possível, acompanhá-lo no tratamento. Jamais deve cobrá-lo por ter prazer e ela não e também não culpá-lo por sua falta de prazer. Sexo tem a ver com comunicação, negociação, pois é feito a dois, se um não está satisfeito, sempre deve conversar com o outro," finaliza a terapeuta sexual Cristina Galati.