O impacto imprevisível das redes sociais começa a mostrar seus primeiros sinais negativos sobre a convivência das pessoas. Embora a página do Google ainda seja a mais acessada nos EUA, o Facebook é o segundo site mais visitado com 137,6 milhões de visitantes únicos por mês, sem falar nos seus mais de 800 milhões de usuários no mundo inteiro, segundo a empresa global de informações e mídia Nielsen. O Brasil está em primeiro lugar no ranking mundial de uso de redes sociais, afirma a agência, onde oito em cada dez brasileiros tem uma conta no Twitter, Facebook ou no Orkut.
No Japão, onde há mais de 10 milhões de usuários do Twitter, empresas já vêm sofrendo prejuízos com funcionários viciados em receber e enviar as mensagens de até 140 caracteres. Apesar de parecer piada, o caso é levado a sério pelo governo japonês, que iniciou até uma campanha publicitária para combater este vício.
Segundo uma especialista norte-americana, trata-se de uma compulsão onde o indivíduo prefere se distanciar do mundo real e "viver" no mundo virtual das redes sociais, principalmente no Facebook. O problema não seria proveniente das redes sociais em si, mas começaria a partir do momento em que o usuário passa a evitar a família, o trabalho e o contato direto com amigos por encontrar nos sites de relacionamento um escape de sua realidade. Pensar frenquentemente em acessar seu perfil mesmo quando desconectado, perder a noção do tempo quando se está respondendo postagens e sentir ansiedade por receber respostas virtuais seriam indícios do vício em redes sociais.
Porém, a diretora do Media Psychology Research Center, Pamela Rutledge, questiona a validade dos estudos publicados pela imprensa internacional sobre a suposta doença. Segundo ela, as conclusões publicadas até agora colocam o "vício" em redes sociais no mesmo patamar de depoimentos de pessoas que se dizem viciadas em chocolate ou televisão, por exemplo. Isto está de acordo com o discurso do sociologista Duncan Watts, pesquisador do centro de pesquisas do Yahoo! em Nova York, que afirma que as redes sociais nos dão a possibilidade de contabilizar amizades e medir informações nunca medidas antes, alterando nossa percepção da realidade.
De fato, a quantidade de vezes que nos relacionamos com os outros, mesmo que online, não poderiam ser consideradas necessariamente um vício, pois as interações reais com amigos e parentes entrariam no mesmo gênero, de acordo com Watts. No entanto, diante das opiniões divergentes de especialistas, ainda parece cedo demais para saber se os benefícios das redes sociais superam seus pontos negativos.