Condenável ou comemorável, ainda resta saber se o periguetismo veio mesmo pra ficar ou se as calças acima do umbigo um dia podem voltar pra infelicidade dos homens. O fato é que ele significa mais uma vitória feminina rumo à igualdade de direitos em relação ao homem, que pode mostrar os mamilos em público e coçar o saco sem virar notícia no bairro, ou ser atacado por uma tarada. A iniciativa divide valores com outros movimentos globais, como a Marcha das Vadias -- ação canadense que surgiu no ano passado contra a ideia de que as mulheres vítimas de esturpo provocam o abuso por conta de suas roupas.
Em qualquer horário do dia, não é raro cruzar com gatinhas vestidas como se tivessem saído da academia ou de uma balada carnavalesca, porém não se engane: cada vez mais espécimes femininos estão na vibe do “o que é bonito é pra se mostrar”. Depois que o funk saiu dos morros cariocas e conquistou as baladas de patricinhas e playboys em todo o Brasil, o novo “movimento” vem ditando moda entre as mulheres descoladas.
Conhecidas como periguetes, elas estão sempre usando roupas que valorizam curvas e volumes, provocando conservadores com uma atitude aberta em relação ao comportamento das mulheres. O assunto chamou até a atenção da Rede Globo, que personificou o tema através da devassa Suelen, a “ariranha” do bairro fictício do Divino na novela Avenida Brasil, interpretado pela belíssima Isis Valverde. Mas afinal de contas, o que é uma periguete?
Segundo a rainha das periguetes, Nathalia Freitas, 28, uma regra geral para reconhecer uma verdadeira periguete pelo traje é: “o que não está justo é curto”, revela a estilista. “Barriguinha de fora, pernas à mostra, salto alto e decote cavado não podem faltar”, lembra Freitas que além de periguete assumida comanda sua grife voltada para as mais atiradas no saudoso bairro do Tatuapé. Em parceira com seu irmão, Bruno, ela transformou sua antiga loja de roupas numa butique sofisticada voltada para a mulherada que não tem vergonha de mostrar o corpo. A aposta deu certo: após dois anos de suor Nathalia vende cerca de 300 vestidos por mês a uma média de 200 reais cada.
A jovem estilista que frequenta casas respeitadas como Cafe de La Musique, Disco e Mynt Lounge defende que, apesar do estereótipo popular, nem todas as periguetes são atiradas em relação aos homens.”Tudo se trata de uma fantasia que elas representam na noite -- embora muitas mulheres levem adiante. Na Bahia é que algumas periguetes ficam com vários na mesma balada. As paulistanas são as mais comportadas, enquanto no Rio elas mostram um pouco mais”, esclarece Freitas.