Há milhares de anos, em um planeta ainda habitado majoritariamente por répteis gigantes chamados de dinossauros, os garotos bronheiros não tinham acesso a uma ferramenta que embora muito importante, é algo banalizado nos dias de hoje: a internet.
Ter acesso a um material digno de uma punheta era - quase - impossível, mais que isso, era necessário habilidades sobre-humanas para cumprir tal missão com êxito. Lembre-se,eu estou falando de um mundo que ainda não conhecia os prazeres do Pornhub.
Para dar mais emoção para a nobre arte do amor solo, todos aqueles que foram jovens até meados dos anos 90 tinham desafio cruel pela frente, acesso a informações necessárias para tais feitos. Curiosamente, tal escalada para o sucesso era constituída por três passos básicos, então vamos relembrá-los (ou para os jovens gafanhotos, conhecê-los).
# COMPRAR A PRIMEIRA PLAYBOY
Conseguir sua primeira revista Playboy era um marco, algo tão precioso que há quem diga que a sensação era semelhante a de conquistar a Copa do Mundo. Para conseguir uma era preciso mais que sorte ou planejamento, o universo tinha que conspirar a seu favor.
Lembro-me bem, Sheila Mello era a gata na capa da minha primeira Playboy. Após muitas tentativas frustradas pelo dono da banca, eu finalmente pude ter em minhas mãos a minha primeira Playboy graças ao namorado da minha prima que era maior de idade e se sensibilizou com o meu drama. Entretanto, nem todos podiam contar com um bom samaritano, e eram poucos os donos de banca que vendiam revistas de “mulher pelada” para menores de idade, e meu amigo, naqueles tempos este era o único meio de ver as tetinhas das famosas, imagine a treta!
# SE MANTER ACORDADO ATÉ O HORÁRIO DO CINE PRIVÊ
Ficar acordado até tarde é moleza, eu mesmo viro algumas noites por semana e me mantenho firme, porém no mundo pré-internet a quantidade de opções de coisas para se fazer era bem menor. Geralmente quando você estava em casa, ou assistia TV, ou lia um livro, ou jogava videogame. E meu amigo, se você quisesse ver erotismo na televisão, saiba que seria um desafio e tanto.
Vira e mexe aparecia um peitinho na TV, às vezes em um filme hollywoodiano, por vezes em novelas, minisséries e afins. Contudo o Santo Graal era o Cine Privê que sempre passava na madrugada de sábado para domingo em um horário cruel para os jovens gafanhotos daquela época. Por vezes tentei e fracassei, sempre sucumbindo ao sono, e para ajudar a Band sempre passava os piores programas antes do fantástico Cine Privê, porém após se deparar com Sylvia Kristel dando vida a lendária Emanuelle você sabia que todo aquele esforço valia 2 minutos de bronha. Aos meus contemporâneos, lhes pergunto: quem nunca?
# A SAGA DAS FITAS PORNÔ
Se você quisesse ser o maioral do pedaço, era necessário um artigo muito, muito valioso. Um VHS pornô. Para os adultos havia uma ala inteira direcionado a arte da pornografia nas vídeo locadoras. Porém, o acesso para os mais jovens era algo muito, mas muito difícil.
O acesso aos filmes se dava das seguintes maneiras:
- Através das bancas de jornal (que era o arauto da putaria)
- Sex Shops (poucos se arriscavam a entrar em um desses)
- Vídeo locadoras (que não alugavam para menores de idade)
Por isso, sempre que alguém arranjava uma fita pornô (muitas vezes era do irmão mais velho, ou alguma alma caridosa fazia a intermediação da compra) era algo a ser comemorado. Porém, assim como acontecia com as Playboys ou qualquer outra revista pornográfica (Hustler, Penthouse, Doutor Tarado, etc...), este tesouro deveria ser guardado a sete chaves bem longe dos olhares de um ser chamado "mãe".
Outro grande desafio era assistir o filme, primeiro você tinha que esperar por uma oportunidade para ficar sozinho em casa e certificar-se que existiria tempo de sobra para chegar até o final, fazer o que deveria ser feito, rebobinar a fita e guardá-la em um lugar seguro. Qualquer erro de planejamento poderia ser fatal, até porque o vídeo cassete não era um equipamento sofisticado como um computador ou até mesmo o já datado DVD Player, ele certamente te entregaria se você fizesse um calculo errado.
Embora fosse difícil ter acesso à pornografia, saiba que era gratificante finalmente assistir aquele filme, ou ver aquela revista. A sexualidade como um todo era algo muito mais restrito e proibido naqueles tempos, algo muito diferente da liberdade que existe hoje, e que por incrível que pareça não é bem usada por aqueles que a detém. Por isso pense duas vezes antes de ver aquele pornozinho, saiba que ele tem sim seu valor, e pense mil vezes antes de expor alguém na internet, porque ainda existem pessoas que prezam por sua intimidade.
Sobre Marcel Costa
Amante do bar, da música e da literatura. Mais retardado que fantástico.
Toca tão mal quanto escreve. Acredita que no final do dia é tudo por ela.
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