Recentemente eu me deparei com mais uma bizarrice que só os anais da internet têm o poder de nos mostrar. Uma matéria em um grande portal que dá “dicas” de como esconder – ou disfarçar – sua "pepeca gordinha". A matéria foca-se muito nas vestimentas que podem vir a maquiar o seu monte de Vênus. Entre as dicas, estão estampas de biquínis, saídas de praia, short-saia e outros absurdos como a lipoaspiração. 

Contudo, eu como homem achei um disparate que esse tipo de desserviço seja prestado. Não digo isso pela ótica do homem malicioso que olha uma mulher como se estivesse fazendo um exame de raio-x nela - sejamos francos, admiração é outra coisa. O negócio é que assim como o pênis que possui vários tamanhos e formas, a vagina não é nem um pouquinho diferente, e acredito que todos saibam disso. Eu entendo que assim como homem tem algumas encanações com seu órgão sexual, é plausível que a mulher também tenha. Mas uma coisa deve ser deixada bem clara nas linhas subsequentes, homem, homem mesmo, está cagando pra isso.

Não vou mentir, nós temos preferências que variam de homem para homem, seja referente aos pelos – ou ausência deles -, seja referente ao formato, ou uma série de outras micro questões, digo micro, porque no fim das contas elas não têm relevância alguma, um homem que se atem a detalhes de uma vagina provavelmente tem sérios problemas, a mulher não é, nunca foi, e nunca será apenas sua vagina, ou sua bunda, sua barriguinha malhada, seus seios, o que quer que seja.

A mulher é o norte, é onde queremos chegar, é a mais bela peça de piano de Ludovico Einaudi, a mais bela paisagem já pintada por Monet, um corpo, por mais escultural que seja, não tem valor nenhum se a alma é vazia. A todo instante nos é empurrado goela abaixo um padrão de beleza que simplesmente não existe, e faz com que as pessoas se engajem nessa busca doentia por algo que não é real. Esqueceu-se que muitas vezes o belo é o imperfeito. Por isso, meninas – e porque não os caras também -, entendam que vale muito mais uma companheira, uma pessoa com quem nós possamos conversar, aprender, ensinar, somar, trocar, crescer, evoluir e nos libertar, do que alguém que se tornou refém de um mundo de futilidades estéticas e a preocupação com a opinião alheia.

Não vamos nos tornar todos obesos mórbidos por isso, ser saudável não tem nada a ver com uma busca enlouquecida por um corpo perfeito, não tem nada a ver com o descontentamento e particularidades do seu próprio corpo, particularidades estas, que faz cada um cada um. Então, se algum dia um cara encanar com a sua pepeca, entenda que o problema NUNCA estará nela, mas sim, nele, porque no fim todas as pepecas são dignas do amor.