Por Emílio Boechat
Um dia desses, um grande amigo meu, o músico Pedro Lima, me saiu com a seguinte questão: por que nos filmes os únicos homens que tocam punheta são os losers? Então, pedi a ele permissão para refletir sobre o assunto nesta coluna.
Enquanto a sociedade, médicos, terapeutas, psicanalistas e nós, homens, estimulamos as mulheres a se tocarem, se conhecerem, se masturbarem porque vemos nisso algo extremamente positivo, qual é o problema com a masturbação masculina?
Você já viu algum galã tocar uma punheta em um filme? O Brad Pitt, o Matt Damon, o Ben Aflec, o Gerard Buttler, o Rodrigo Santoro, esses caras não se masturbam porque a masturbação é para os fracassados. E se você vir um desses caras tocando uma bronha é porque o personagem dele está numa pior.
Mas a verdade é que todo homem se masturba. Ele pode ter a Angelina Jolie do seu lado, ou a Geisy Arruda, mas em algum momento, ele vai se trancar em algum lugar e, solitariamente, vai praticar o cinco contra um. Porém, no cinema (principalmente o norte-americano) é como se não fosse permitido que homens bem sucedidos se masturbassem. Você consegue imaginar o Paul Giamatti tocando umazinha, o Philip Seymour Hoffman, o Ben Stiller, um cara feio, trapalhão, engraçado. Nunca um galã conquistador.
Na série Californication é o agente careca e barrigudo quem se masturba. Nunca o protagonista, bonitão e comedor. Mas há alguma dúvida de que Hank, um sacana, não tocaria uma punheta de vez em quando? Mesmo comendo uma mulher atrás da outra?
É de se espantar que a masturbação masculina ainda carregue essa carga negativa. Essa culpa católica, certamente, calcada no medo da não reprodução da espécie. Mas a verdade é que a masturbação, assim como sexo em geral, é divertida e prazerosa. E todo homem que é homem, se masturba.
Será, então, que a cena de um homem se masturbando é realmente deprê, transmite uma dose de fracasso e solidão? Ou é o cinema que a utiliza nessas circunstâncias? Ou será que somos nós, homens, que preferimos não assistir a cena de outro homem se masturbando porque este é um ato que deve ficar restrito a quatro paredes?
De qualquer forma, aí vai a dica para os cineastas: no próximo filme, deixe o galã tocar uma p*****a. É, no mínimo, relaxante.
*Emilio Boechat nasceu em Niterói, mas mudou-se para São Paulo aos 24 anos para trabalhar, é claro (e parar de se sentir mal por não ser bronzeado). Queria mesmo tocar guitarra. Mas, em 1991, escreveu a Camila Baker e não parou mais. Ainda em teatro, destaque também para: Luluzinhas, Tudo De Mim e Eu Era Tudo Pra Ela... E Ela Me Deixou, que lhe rendeu uma indicação ao Troféu Mambembe de melhor autor, que ele não ganhou, lógico. Desde 1999, escreve para televisão porque sobreviver de teatro é dureza. Já passou pela GLOBO (Zorra Total e Angel Mix); BAND (Floribella); e GNT (Mulheres Possíveis). Atualmente, está na RECORD, onde escreveu como colaborador Luz do Sol, Amor e Intrigas, Os Mutantes, Promessas de Amor e Bela, a feia.