Imagine a seguinte cena: você conhece uma super gata na balada e, de primeira, ela topa sair com você para um lugar mais reservado. Você a leva para casa dela e descobre, no ápice do clima, que esqueceu o pacote de camisinhas em casa. Sabendo que você, sem querer, pode contrair AIDS ou qualquer outra DST séria – afinal, você não conhece a moça – ainda sim transaria com ela? Pergunta delicada, resposta preocupante.
Para lembrar a sociedade da importância do uso do preservativo e da intensa luta travada contra a AIDS por soropositivos, foi criado em 1987 o Dia Mundial de Luta Contra a Aids, comemorado no 1º de dezembro. Desde então, a cada ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) coleta novos dados sobre a doença e define campanhas com ações de impacto e sensibilização sobre a questão em todo o mundo.
Mas, apesar do número de casos de soropositivos diagnosticados caírem consideravelmente todos os anos, em alguns lugares do mundo o número de pessoas que contraem AIDS ou HPV anualmente ainda é alarmante, mesmo com o alto investimento em campanhas, remédios e conscientização. E acredite: o Brasil é um desses lugares.
De acordo com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS), o nosso país registrou, em 2015, um alto número de pessoas em tratamento de HIV e AIDS: 81 mil brasileiros começaram a se tratar no ano passado, um aumento de 13% em relação a 2014, quando 72 mil pessoas aderiram aos famosos “coquetéis” disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). Ainda mais preocupante, segundo a UNAIDS, de 2009 a 2015, o número de pessoas em tratamento no SUS aumentou 97%, passando de 231 mil para 455 mil pessoas. Isso significa que, em seis anos, o país praticamente dobrou o número de brasileiros que fazem uso de antirretrovirais. Quem são essas pessoas? A maioria jovens, entre 15 e 25 anos.
Segundo o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, a incidência da doença entre os jovens, principalmente entre os homens, está acontecendo porque muitos acreditam que são “novos demais para contrair AIDS” ou que é só tomar uma bomba de remédios e está tudo certo. Bom, não está. Quem é soropositivo terá de tomar coquetéis de remédios para toda a vida.
Pois é, colega. Transar sem camisinha pode ser bem gostoso, mas esconde um perigo mortal – e que poderia muito bem ser prevenido. Segundo uma empresa especializada em pesquisa de mercado, a Gentis Panel, em 2014, 52% dos brasileiros disseram nunca ou raramente usar preservativos. No caso dos jovens, entre 15 e 25 anos, o índice caia para 40%.
No Brasil, estima-se que 830 mil pessoas estejam contaminadas, sendo que, desse total, apenas dois terços sabem que têm a doença. Para evitar uma epidemia no país, os remédios e o tratamento são de graça pela rede pública desde 1996. Já o aumento na procura por tratamento nos últimos anos, segundo o Ministério da Saúde, se deve à mudança de protocolo para a oferta do medicamento: antes, recebia remédio somente quem desenvolvia a AIDS ou tinha carga viral muito alta, mas, desde 2013 todos os soropositivos podem tomar o antiretroviral.
Embora o número de pessoas que procuram pelo tratamento tenha crescido em 2015, em comparação com 2014, o Ministério ainda afirma que a epidemia está estabilizada no país e que, a cada ano, são notificados aproximadamente 39 mil novos casos.
Apesar de os números parecerem minimamente preocupantes para o Órgão, devemos sempre lembrar que a AIDS é uma doença silenciosa, que não escolhe cor, religião, etnia ou sexo. Muitas pessoas, inclusive, podem se infectar e não ter reações do organismo durante semanas ou até mesmo anos. Sendo assim, colega, a única maneira de se prevenir efetivamente – e evitar todo um problema sério de saúde por causa de um sexo gostoso, porém desprevenido, com a gata da balada – é usar a camisinha em todas as relações sexuais e procurar regularmente o serviço de saúde para realizar os exames de rotina.
Sobre Nathalia Marques
Curiosa e heavy user de internet, sempre amou tudo que envolve o universo do jornalismo. Nas horas vagas é fotógrafa, mãe de cachorro e leitora compulsiva.
[+] Artigos de Nathalia Marques
Curiosa e heavy user de internet, sempre amou tudo que envolve o universo do jornalismo. Nas horas vagas é fotógrafa, mãe de cachorro e leitora compulsiva.
[+] Artigos de Nathalia Marques