Ela lembra a sua mãe? Saiba porque até hoje você não entende o Complexo de Édipo e de que forma isso acomete até os mais bem resolvidos no amor gplus
   

Ela lembra a sua mãe?

Saiba porque até hoje você não entende o Complexo de Édipo e de que forma isso acomete até os mais bem resolvidos no amor

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Você, homem seguro e que confia no seu taco. Acha que esse negócio de "complexo" não passa de baboseira inútil de mulherzinha entediada? Que jamais se aplicaria a um macho de verdade como o rosto que aparece no seu espelho? Pois prepare-se, pois o assunto envolve mitologia grega, mas a mensagem é clara: você pode ter se baseado na sua mãe para escolher aquela gata pra casar!

O tema é mais antigo que o próprio Sigmund Freud, pai da psicanálise e formulador do Complexo de Édipo. Inspirado na antiga lenda Édipo Rei, de Sófocles, o neurologista austríaco descobriu o processo durante uma autoanálise. Na peça do dramaturgo grego, Édipo se apaixona por sua mãe Jocasta e mata seu pai para se casar com ela. Segundo os estudos de Freud, quando o bebê nasce, ele é egocêntrico, narcisita e enxerga a mãe como uma extensão de si mesmo.  

Grosso modo, de acordo com a Dissolução do Complexo de Édipo, o Complexo é uma explosão de desejos amorosos e violentos pelos pais que acomete o indivíduo num determinado momento da infância. Porém, ao contrário do que muitos pensam, se trata de um estágio do desenvolvimento psicossexual humano – não necessariamente um problema. Na verdade, tudo vai depender da maneira como a pessoa lida com as mudanças, e principalmente, as separações.

Você ainda fica puto e dá espetáculo quando leva pé na bunda? Pois a primeira vez que você se sentiu assim foi no parto, onde te "expulsaram" do útero, aquele paraíso confortável e quentinho, onde não falta comida – quem iria querer sair dali? Ao alcançar a fase fálica (entre os 3 e 6 anos), a criança começa a sentir o gostinho do abandono quando a mãe tem que deixá-la por conta de outros afazeres.

É aí que começa a disputa com o homem da casa. Inconscientemente, o moleque começa a disputar o amor e a atenção da mãe com o pai. Aqueles que já têm filhos jamais vão esquecer desta fase: as crianças ficam pegajosas, chegando até a lamber, morder e beijar. 

Quando tudo ocorre como de costume, a criança "seduz" a mãe até perceber que o pai dá as ordens na casa, e não cede diante dos mimos do pivete perante a matriarca. Após uma revolta inicial contra o homem, o moleque acaba se identificando com o velho e cedendo com o tempo, por medo de expor seus sentimentos,  a mais uma separação, como no parto.

No entanto, quando a figura masculina é ausente (seja física ou emocionalmente), o filho tem seu desejo e identificação voltados para a mãe, desta vez sem o impedimento do pai. Por sua vez, a mãe acaba encontrando no rebento um "parceiro", o marido que não teve, para suprir a carência matrimonial. Freud explicou ainda que, quando não extravasamos uma frustração oriunda do Complexo de Édipo, ele permanece em nosso incosciente, até virar uma doença. 

Tudo isso foi divulgado pelo psicanalista em 1924, e naquela época o pesquisador foi alvejado por críticas ao sugerir que as crianças também tinham sexualidade. Até hoje a relação entre Hamlet de Shakespeare é relacionada ao Complexo de Édipo, já que para Freud o personagem não passava de um neurótico que negava fogo na cama.

Nem Jim Morrison escapou dessa. Na última faixa do álbum de estreia The Doors, Morrison sugere padecer da disfunção de Édipo quando canta dois diálogos: "Father? Yes son. I want to kill you. Mother...I want to...("Pai? Sim, filho. Eu quero te matar. Mãe...eu quero...). No cinema, o Complexo é bem ilustrado pelos filmes do cineastra franco-argentino Gaspar Noé, o mesmo do inescrupuloso Irreversível. Em Seul Contre Tous ("Sozinho Contra Todos"), ele aborda a relação edipiana entre um pai e uma filha, e no filme Soudain le vide ("Entre no nada"), que concorreu a Cannes em 2009, Noé destila com seu estilo incisivo os fundamentos da libido masculina.

De acordo com o professor de Antropologia da Universidade Anhembi-Morumbi, "a proibição do incesto é a base de nossa sociedade, pois ao admitir o cruzamento de pessoas com relação genética tão próxima, estaríamos diminuindo a capacidade de sobrevivência", explica ele. Isto porque, ao deixar de cruzar genes diferentes, limitamos nosso desenvolvimento em inúmeros aspectos, inclusive em termos de proteção imunológica.

O fato é que nem os gatos conseguem superar a separação de suas mães. Ou você acha que elez estão só fazendo exercícios quando pressionam seu travesseiro com as patas por duas horas? Eles estão é com saudades das tetas. E os homens também. 
Como jamais vamos nos livrar da sombra das qualidades de nossas mães, talvez o melhor a fazer seja encarar a experiência de frente e superar nossos desejos e angústias o quanto antes. Caso contrário, os homens estão condenados ao mesmo destino dos gatos domésticos.