Embora a palavra soe demasiadamente forte, fazemos parte de uma geração amaldiçoada.
Segundo o escritor John Ulrich,a geração X significou um grupo de jovens nascidos a partir do início dos anos 1960 e até o final dos anos 1970, a enfrentar um incerto, mal definido, talvez hostil futuro.
Apesar de concordar com ele, ainda carregamos (sim, eu me incluo nessa geração) várias “maldições” como: somos a geração da transição, aquela que foi criada nos costumes antigos, na rigidez das regras e sob a ditadura militar (Não vamos entrar aqui no mérito ou demérito do militarismo, isso é assunto pra um outro debate) e tivemos que adaptar essa educação, essa disciplina a épocas mais moderadas digamos assim, em que novas ditas doutrinas ou modismos são lançadas a cada semana.
Não nascemos na era do computador, fazíamos trabalhos de escola consultando a Barsa e datilografando os resumos, mas tivemos que aprender a usar computadores, tablets, celulares e a internet na era touch.
Não obstante à praticidade que a tecnologia nos proporciona, garanto que muitos concordam que a adaptação a isso nos deu muita dor de cabeça.
Vimos nossos heróis morrerem (nem todos de overdose),mas fomos como que destinados a ver artistas como Elvis Presley, John Lennon, Bob Marley, Raul Seixas, Freddie Mercury, Prince, David Bowie, Amy Winehouse, Lou Reed entre outros (sem incluir nessa lista Jimi Hendrix, Janis Joplin e Jim Morrison que morreram bem no início dos anos 70)falecerem, alguns no auge da fase criativa e provocadora de suas carreiras. Será que alguma outra geração verá tantos talentos desaparecerem em tão pouco tempo?
Pra ser mais regional, será que alguma outra geração (Y, Z, etc) verá um esquema de corrupção de volume estratosférico como esse engendrado nesses últimos 10,12 anos? Verá uma divisão do país em esquerda e direita, uma polarização jamais imaginada nem na época dos regimes mais fechados? Verá um Congresso tão alinhado com seus “parceiros comerciais “ como empreiteiras, frigoríficos expandidos a conglomerados com dinheiro público e uma incrível dança das cadeiras de presidentes cada vez mais enlameados nos esquemas contagiosos e prejudiciais do toma lá-dá cá ? Verá sua cultura ser tão preterida como nesses tempos e uma música de qualidade e gosto discutíveis (pra usar termos mornos) disputar as paradas de sucesso?
Veremos tanta gente desempregada e tantas empresas fechando suas portas ou mudando para países que nunca disputaram espaço com nossa eco.
(*)Eduardo Malavasi tem 48 anos é casado e tem 2 filhos. É empresário do ramo de autopeças, corinthiano quase doente, músico amador por hobby, fã de cinemas e séries