Não tem jeito, por mais que muitos pais lamentem, os filhos não serão crianças eternamente. Como qualquer ser vivo, se desenvolver é algo natural e, mais cedo ou mais tarde, vai chegar o momento em que os rebentos não vão querer mais ser colocados no colo (pelo menos em público), vão odiar ser chamados por apelidos "carinhosos" na frente dos amigos, além da vontade de sair de casa sem dar maiores explicações e com hora incerta para voltar.
Serem buscados pelo pai na frente daquela festinha cheia de amigos? "Não tem vergonha maior!", dirão alguns jovens.
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De acordo com a psicanalista Cristiane Martin, assimilar essa nova fase dos filhos não costuma ser uma tarefa das mais fáceis para os pais. "É uma fase complicada, a adaptação é demorada e dolorosa para ambos. Conforme os filhos vão crescendo, os pais sentem que já não são mais úteis e começam a se sentir descartados."
Mas como é possível perceber essas mudanças? Apesar de serem graduais, algumas características podem ser indícios de que o jovem não se reconhece como criança e já aspira pela vida adulta. Confira alguns sinais:
#DISTANCIAMENTO
Em busca de cada vez mais autonomia, os jovens geralmente evitam ficar muito tempo em um ambiente com os pais, seja em uma conversa trivial, durante o jantar, ou até mesmo por se "isolarem" nas relações com amigos, principalmente através do ambiente virtual.
#CORPO
Um dos sinais mais claros da saída da fase infantil é a mudança física que os jovens começam sofrer. Surgimento de pelos pelo corpo, início de mudança na voz, e surgimento da acne são algumas das características. Explicar essas transformações de forma transparente e natural pode facilitar a compreensão do jovem em meio a tantas mudanças.
#VAIDADE
Intervenções contundentes na hora de comprar roupas, no corte de cabelo, no perfume que irão usar, maior cuidado com a pele... Nessa fase, a aparência passa a ser um fator importante na formação de identidade do jovem que, muitas vezes, enxerga no corpo e no vestuário também uma maneira de protesto e um meio para aceitação em determinados grupos.
#PRIVACIDADE
Nessa fase de transição, é comum que as portas do quarto e do banheiro ganhem chave, que algumas informações sejam mantidas em segredo dos pais, e que algumas perguntas sejam vistas como invasivas. "É importante o pai deixar claro que está à disposição para conversar e tirar dúvidas. Às vezes o adolescente é muito tímido, aí é importante que o pai crie situações para tentar se aproximar mais do filho", diz a psicanalista.
#EXAGERO
Os jovens começam a fazer uso cada vez mais da Hipérbole - figura de linguagem usada quando há exagero. Nos discursos, muitas vezes, os acontecimentos tomam proporções bem maiores do que realmente são. O objetivo, às vezes, é convencer os pais de algo que querem muito.
#COMO LIDAR?
De acordo com a psicanalista, entender as mudanças e a nova fase que se inicia é fundamental. "Os pais devem aceitar que os filhos não são uma extensão deles, são pessoas independentes com desejos e comportamentos diferentes. Como em qualquer relacionamento, o diálogo é fundamental, o respeito com a privacidade de cada um na relação entre pai e filho é de extrema importância", diz Cristiane Martin.
É muito comum, no entanto, que os responsáveis pelo jovem tentem limitar ao máximo suas ações, o que é alertado pela especialista. "Os pais não devem permitir tudo, mas também não devem utilizar de sua autoridade para medir forças com o adolescente, pois isso o distanciará mais. Se dinâmica familiar estiver muito complicada, o melhor a fazer é buscar orientação psicológica familiar, para que seja possível superar essa fase de uma maneira menos traumática para todos", finaliza.
Sobre Rudiney Freitas
Apaixonado por livros, esportes, cinema, música, a vida e seus passageiros. No mundo do jornalismo porque gosta de se comunicar, até por sinal de fumaça.
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