Foi-se o tempo da serenata, da declamação de poemas e das juras de amor aos joelhos das damas. São táticas de conquistas de um passado longínquo que, muito dificilmente, surtirão efeito hoje em dia. Até as clássicas atitudes de enviar flores ou mimos como caixas de chocolate já soam um tanto démodé ou mesmo despertam desconfiança.
Mas isso não quer dizer que tudo está perdido para os homens que valorizam e acreditam no romantismo. A questão é que tem que se ter consciência que a atualidade é outra, bem diferente da época de ouro do vovô galanteador, já que vivemos um momento de liberdade comportamental. Elas, apesar de cada vez mais independentes, ainda gostam de ser cortejadas, mas na medida certa, a ponta de a coisa não descambar para a pieguice.
E nada melhor do que escutar nossas fêmeas do terceiro milênio para saber o que elas querem ouvir, mas, principalmente, sentir. Na opinião da professora goiana Solange Araújo, o romantismo não caiu em desuso. Mas, para ela, o exagero incomoda.
“Todo mundo se sente carente e quer alguém retribuindo um sentimento de amor. Mas ficar vomitando felicidades nas redes sociais o tempo todo, foto do casalzinho no profile e demonstrações de afeto em público em demasia é extremamente piegas. É importante orgulhar-se da pessoa, admirá-la. Ter cuidado e preocupação. Gosto do ‘surpreenda-me se for capaz’. E qualquer atitude que fuja da rotina e demonstre que a pessoa merece um esforço extra é bem-vinda”, disse a educadora.
Já a analista de marketing digital carioca Ana Lemos, radicada há um bom tempo em Brasília, acredita que o romantismo atual está associado a cuidado, carinho e atitudes em que o homem tem de abdicar do que eles são por natureza para demonstrar afeição e importância para com a mulher.
“Ao meu ver, (o romantismo) já caiu em desuso, mas voltou à cena. Está cada dia mais ‘in’ – inversamente proporcional ao liberalismo. A mulher moderna valoriza a sua liberdade e por isso não vai gastar seu tempo com um troglodita qualquer. O sujeito tem que mostrar que se importa, senão...”, afirmou.
Quando o assunto é expressar o amor, a estudante paulistana Paula Ribeiro entende que não existe medida certa quando um está interessado no outro. Tem que haver reciprocidade. Mas ela faz um “mea culpa” em nome da classe feminina.
“Difícil é quando existe o interesse, mas não existe romantismo nenhum. Deveria ser bilateral, mas a mulherada espera as atitudes só dos homens, o que também estraga tudo (risos)”, declarou.
A empresária do ramo de beleza carioca Taissa Albagli acha que uma atitude romântica pode ser piegas ou não. Depende muito de onde e quando ela é tomada e, principalmente, se é feita de coração. Mas ela duvida da existência do velho Don Juan.
“Agora, se estamos falando não de uma única atitude, mas de um homem que abre a porta do carro, que manda flores sempre que pode, que é compreensivo até mesmo com a minha TPM... Isso ainda existe (risos)? Eu gosto dos homens de tacape que, no momento certo, me surpreendem com algo bem romântico”, concluiu.