A primeira impressão que causamos é fundamental para a construção de qualquer laço de respeito ou admiração entre aqueles com quem convivemos. Por isso, a diferença entre um traje “básicão” e um traje mais trabalhado pode, sim, influenciar na imagem que construirão a seu respeito, principalmente no mundo dos negócios.
Essa diferença, entre o simples e o sofisticado, é facilmente notada e transformada (há anos) pelos serviços oferecidos por especialistas em criar peças customizadas. Chamado de “sob medida” o trabalho é um pequeno luxo masculino que remete à secular arte da alfaiataria.
Considerada uma das profissões mais tradicionais do mundo, a alfaiataria ganhou evidência apenas no início do século XVll, quando os homens da alta sociedade optaram pelo serviço para demonstrar riqueza e superioridade. Mas, bem diferente daquela época, atualmente o serviço é oferecido à aqueles que buscam se destacar com trajes personalizados, ou seja, adaptados exclusivamente para seu corpo”, comenta Luiz Lucchi Jr, alfaiate e consultor de estilo há mais de 20 anos e dono da Alfaiataria São Jorge, em São Paulo.
Ainda de acordo com o especialista, graças à internet, nos últimos anos o antigo ofício ganhou ares modernos através das redes sociais e aplicativos. “Existe um mito que cerca a palavra alfaiate: “Apenas trajes sociais ou para grandes eventos”. Mentira. Ao contrário dessas premissas, o serviço de alfaiataria atualmente existe para adequar peças do vestuário, oferecer informações, adaptar padrões e conceitos ao estilo de vida do cliente”, afirma.
Diferente do trabalho exercido por um costureiro, o alfaiate - além consertar e realizar pequenos acabamentos - desenha moldes de trajes, recorta e acerta as medidas corporais de acordo com o gosto do cliente. “O verdadeiro alfaiate tira medida, orienta o cliente sobre o que seria mais adequado para uso, utiliza as máquinas de costura e executa seu trabalho”, exemplifica o profissional. “Geralmente, nos deparamos com roupas confeccionadas em grande quantidade e com isso perdemos qualidade na costura, acabamentos e acerto dos tamanhos, pois a numeração não é universal. Agora, quando o traje é feito sob medida, não existe um “tamanho médio”, existe a exclusividade e qualidade de um traje feito com as medidas do cliente. Nem mais, nem menos”, completa.
Apesar da alta procura por ternos sob medida, o profissional explica que este não é o único trabalho realizado por uma alfaiataria. Ajustes e confecção de outras peças, como camisas, calças, blazers, colarinhos e bermudas, também fazem parte serviço de alta costura. “O homem está saindo do básico e buscando seu estilo. Atualmente existe uma preocupação maior com saúde e aparência, o que deixou os homens mais vaidosos do que nunca. Eles querem estilo, conforto e variedade”, enfatiza o alfaiate.
Ainda de acordo com ele, os fios com que cada peça é fabricada faz toda a diferença no resultado final. No Brasil, o fio mais procurado é a lã fria (fio super 120’), que adequa a temperatura do corpo, quase não amassa e traz um caimento impecável. Entretanto, o material não está entre os mais baratos, já que, acordo com Lucchi Jr, os melhores fios de lã estão concentrados nos rebanhos de regiões mais frias, o que faz com que os profissionais tenham que importar esse e outros fios.
Devido a toda essa exclusividade e serviço diferenciado, uma peça personalizada não sai tão em conta quanto em uma loja de departamento. “Existe um nicho muito grande de preços, devido à variedade de fios oferecida pelo mercado. A faixa de preço para um terno sob medida, por exemplo, começa em aproximadamente R$ 2 mil”, revela Lucchi Jr. Embora o preço seja um tanto salgado, há quem diga que tal luxo compensa, uma vez que uma peça criada por alfaiate “é roupa para a vida toda”.
A dica final é ficar atento e começar a repensar seus conceitos (e preconceitos) em relação ao trabalho de uma alfaiataria e as roupas sob medida. Lembre-se que independente do seu estilo, vestir-se bem é uma maneira de se diferenciar em uma época tão “igual” como a nossa. “Hoje a moda está mais “despadronizada”. Vários tabus foram quebrados na moda masculina, ou seja, tudo é permitido desde que se alinhe com a ocasião”, reforça Lucchi Jr.
DICAS DE ESTILO
Para não fazer feio na hora de usar uma roupa social ou casual, Lucchi Jr nos deu ainda algumas dicas de estilo importantíssimas para você seguir de acordo com cada ocasião e gosto. Confira!
• SE QUER USAR BLAZER, MAS NÃO ABRE MÃO DO ESTILO ESPORTIVO: use calça jeans, camiseta básica, blazer de algodão e tênis; lembrando que este look serve para momentos casuais, que exigem uma postura mais polida.
• SE NÃO QUER SOCIAL, MAS A SITUAÇÃO PEDE TRAJE MAIS SÉRIO: calça algodão bolso faca, camisa com cor escura e sem estampas ou gravata, colarinho mais estruturado, cinto e sapatos coordenados; neste caso, não use tênis ou sapatênis.
• SE GOSTA DOS TRAJES SOCIAIS, MAS A OCASIÃO NÃO EXIGE: calça e blazer de alfaiataria, camisa mais estruturada, sapatos e cinto coordenados.
• QUANDO É OBRIGATÓRIO USAR ROUPAS SOCIAIS: ternos (calça, blazer, colete), camisas com punho duplo, abotoaduras, gravatas mais ousadas, cintos e sapatos coordenados e bem polidos.
Por fim, o profissional ainda lembra que o mais importante é se sentir bem, com a roupa adequada ao corpo. “Quando puder (e se gostar) aproveite e abuse também de acessórios como relógios, abotoaduras, pulseiras de aço, gravatas de seda com estampas exclusivas, lenços de seda e perfumes elegantes”, recomenda.
Sobre Nathalia Marques
Curiosa e heavy user de internet, sempre amou tudo que envolve o universo do jornalismo. Nas horas vagas é fotógrafa, mãe de cachorro e leitora compulsiva.
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