Roteiro clássico de ficção científica e sonho antigo da classe médica, a realização de cirurgias cada vez menos agressivas à saúde e ao corpo já deixou há muito tempo de ser apenas um sonho. Boa parte dos hospitais particulares do Brasil já investe pesado na modernização de seus centros cirúrgicos para a realização da cirurgia minimamente invasiva, procedimento cirúrgico menos agressivo ao organismo e que promove uma recuperação mais rápida do paciente.
Conceito que vem desde a década de 80 e teve seu maior desenvolvimento nas últimas duas décadas, a cirurgia minimamente invasiva tornou-se muito mais efetiva e acessível nos últimos anos, com o desenvolvimento de tecnologias de materiais, comunicação e computação. Além disso, a maioria dos hospitais do Brasil não ofereciam condições o suficiente para a realização deste tipo de procedimento. Isso mudou.
"O investimento nesse tipo de tecnologia envolve vários aspectos. O primeiro deles é o humano, no treinamento dos profissionais que atuarão no perioperatório. O segundo aspecto é a adaptação do espaço físico das salas de cirurgia e material cirúrgico para o ato propriamente dito; e esse material varia conforme a especialidade em que será utilizado. Seus valores também variam em torno de 30 a 150 mil reais", explica Renato Bauab Dauar, cirurgião cardiovascular do Hospital Santa Cruz.
Áreas de atuação
"A indicação não é genérica, mas sim individualizada a cada paciente e portanto não limitada somente a patologia, mas a cada indivíduo especificamente. Praticamente em todas as áreas da área médica há aplicação, desde a cirurgia cardíaca, cirurgia torácica, urologia, ginecologia, neurocirurgia, ortopedia, cirurgia geral e vascular, etc.", explica.
Renato também explica que o procedimento em cardiologia possibilita não somente menores incisões, mas menor manipulação e ativação do sistema inflamatório e metabólico, podendo o paciente receber alta hospitalar em até três dias no caso de uma troca de válvula cardíaca e revascularização do miocárdio.
Quanto às incisões elas variam de acordo com cada processo cirúrgico, mas em média elas atingem de dois a cinco centímetros e correspondem a cinco ou seis orifícios. O tempo anestésico é um pouco mais prolongado, mas não há repercussão em morbidades nos serviços que adquiriram rotina.
Ideal para resolver os joanetes
A Cirurgia Minimamente invasiva da joanete vem ganhando destaque em todo o mundo por ser mais estética e causar menos dores. O procedimento cirúrgico consiste em fazer pequenas incisões, de cerca de 3 mm por onde são introduzidas fresas (brocas de dentistas) modificadas para correção das deformidades. Ao contrário das cirurgias convencionais, não se usa gesso (somente fitas adesivas), enfaixamento simples, calçado adequado e o paciente marcha sobre o pé operado já no momento da alta hospitalar, no mesmo dia da cirurgia.
Ou seja, os procedimentos minimamente invasivos são aqueles em que a intervenção cirúrgica é restrita apenas à área doente, com a introdução de uma ótica conectada a uma câmera e alguns instrumentos cirúrgicos longos, através de pequenas incisões. O objetivo é o mesmo das cirurgias convencionais, com vantagens como a redução da dor pós-operatória, riscos de infecção, tempo de internação e recuperação.