Perdas e ganhos Em um mundo de obesos, os remédios para emagrecer precisam ser usados com cautela. Aprenda como não vacilar gplus
   

Perdas e ganhos

Em um mundo de obesos, os remédios para emagrecer precisam ser usados com cautela. Aprenda como não vacilar

Confira Também

Em um mundo onde a aparência se tornou uma verdadeira obsessão, os cuidados com o corpo vão muito além de preocupações com a saúde. Todos os dias as pessoas são bombardeadas com propagandas mostrando homens musculosos e mulheres com tudo em cima. Este estereótipo, criado pela indústria, causa uma corrida desenfreada para academias e farmácias de pessoas em busca de desfilar por aí como as belas atrizes e os galanteadores atores de Hollywood. O problema é que, na ânsia de entrar em forma o mais rápido possível, alguns se esquecem dos perigos que o uso de remédios para emagrecer sem prescrição médica podem trazer. 

Visto com uma das piores doenças do século 21, a obesidade afeta boa parte da população mundial, de acordo com estudo publicado pela revista inglesa The Lancet, o número de obesos da década de 80 pra cá dobrou. Hoje, mais de meio bilhão de adultos acima dos 20 anos em todo o mundo sofre com este problema. A endocrinologista Glaucia Carneiro, membra da Associação Paulista de Medicina, afirma que alguns cuidados precisam ser tomados antes de ingerir qualquer tipo de medicamento para perder peso. 

"É necessário seguir as indicações corretas do uso do medicamento, o índice de massa corporal, por exemplo, deve estar acima de 30. O paciente também não pode apresentar diabetes, doença arterial coronariana ou transtornos alimentares. O indivíduo ainda deve ter idade inferior do que 65 anos."

Exercícios e dependência 

De diversas aparências, algumas projetadas para seduzir o cliente, estes produtos não deixam de ser remédios e por isso, inspiram cuidado, pois o uso prolongado destas substâncias pode trazer sérios problemas ao corpo e inclusive viciar. A sibutramina, utilizada especialmente em casos graves, como a obesidade, por exemplo, pode causar complicações no sistema nervoso, além de infecções no ouvido e dores nas costas. 

"Esse medicamento (sibutramina) é de ação no sistema nervoso central e está indicado para uso máximo de dois anos. Entretanto, ainda não existem estudos dos efeitos que este remédio pode causar com um tempo de duração maior," explica Glaucia Carneiro. 

Como já foi abordado, em função do crescimento quase que desenfreado do número de obesos, algumas pessoas acabam recorrendo aos remédios para sanar de vez o problema. Em determinados cenários, o medo ou a falta de tempo de enfrentar o processo de frente – praticando atividades físicas regularmente, fala mais alto. Entretanto, os especialistas garantem, não é aconselhável apostar apenas nos medicamentos. "É fundamental associar ao tratamento um programa de reeducação alimentar e atividade física," salienta a endocrinologista Glaucia. 

Trocando em miúdos, estes medicamentos causam efeitos que vão dos menos nocivos, como uma simples dor de cabeça, até complicações cardíacas. "A sibutramina, que é um medicamento de ação central, induz a saciedade e aumenta a termogênese (efeito de calor causado por hormônios, muito comum após a prática de atividades físicas). Sua ação no organismo pode provocar boca seca, cefaleia, anorexia, insônia e até constipação."

Glaucia também fala sobre o orlistat, remédio que atua no trato gastrointestinal. "Ele reduz em até 30% a absorção da gordura ingerida na dieta e não interfere nas funções do sistema nervoso central. Todavia, sua ação no organismo pode provocar esteatorreia (presença de gordura nas fezes) diarreia, flatulência e piorar hemorroida," alerta a endocrinologista. 

É importante destacar também que alguns remédios podem ser prejudiciais à tireoide, principalmente os que garantem uma alta perda de peso. "Os problemas de tireoide aparecem quando são utilizadas fórmulas para emagrecer contendo hormônios tiroidianos em sua formulação," diz Glaucia. 

Homem vs. Mulher 

A procura de mulheres por remédios e fórmulas para emagrecer é muito maior do que a dos homens. Glaucia Carneiro ressalta que a eficácia dos medicamentos não depende do exclusivamente do sexo, porém, pelos motivos citados acima, as mulheres encontram maiores dificuldades. "Os homens apresentam maior quantidade de massa magra (músculo) no corpo e a taxa metabólica basal (quantidade calórica) do organismo está diretamente relacionada à massa muscular. Portanto, os homens perdem peso mais rápido e com mais facilidade que as mulheres."

Outro ponto que conta muito e tem influência direta no processo é a ansiedade. "Algumas pessoas encontram muitas dificuldades em emagrecer. Apesar de realizar dietas e praticar exercícios regularmente, elas não são bem sucedidas na perda de peso. Nesses casos, está indicado o uso de medicamentos, principalmente para controlar a saciedade que muitas vezes está relacionada à ansiedade," explica a endocrinologista.

Em situações extremas como a obesidade, é necessária a intervenção destes medicamentos, todavia, para os que brigam com a balança e buscam uma estabilidade no peso, seja por motivos estéticos ou para manter um bom condicionamento físico, é aconselhável optar pela velha e boa prática de exercícios. Os remédios para emagrecer não devem ser demonizados, entretanto é necessário o acompanhamento de um especialista e sobretudo aliá-lo com a rotina de corridas ou treinamentos na academia.