Foi-se o tempo em que apenas os pacientes escolhiam seus médicos. Nos EUA, eles estão deixando de operar pacientes que fumam mais de um maço de cigarros por dia -- o que consideram demais para uma recuperação segura. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 5 milhões de pessoas morrem por doenças relacionadas ao fumo anualmente -- mais que o álcool e a obesidade. No Brasil, já são 80 mil mortes por ano.
“A nicotina reduz o diâmetro dos pequenos vasos e dificulta a distribuição de oxigênio e nutrientes às células por meio da corrente sanguínea. Com isso, a pele perde vitalidade e envelhece precocemente”, afirma Luis Henrique Ishida, diretor da Regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
O cirurgião explica que esse processo compromete o sucesso das plásticas. Em operações nas quais a pele da pessoa é deslocada, a vascularização do tecido diminui naturalmente. Se ela estiver fragilizada e sem a mesma flexibilidade, há riscos de ocorrer sérios danos pós-operatórios, como necroses ou gangrenas. Mesmo que não chegue a tal ponto, em alguns casos a sutura pode romper, formando cicatrizes inesperadas e grosseiras.
Ishida esclarece ainda que a velocidade da cicatrização é reduzida porque o cigarro impede a oxigenação do sangue. Segundo o médico, isso torna o indivíduo mais suscetível a problemas relacionados à anestesia, como trombose e embolias, já que reduz bastante o desempenho do sistema respiratório.
“É importante conscientizarmos as pessoas que os malefícios causados pelo cigarro afetam não só o organismo, mas também vários aspectos da vida dos fumantes. Afinal, em uma sociedade na qual a estética e o bem-estar são tão valorizados, uma das principais vítimas do tabagismo é justamente a aparência”, conclui o cirurgião.