Em mesa de bar, no papo depois da pelada, na piada com o porteiro do prédio. Vira e mexe, o macho toca no assunto. Não, não é futebol, política, economia, música ou mulher, temas sempre presentes quando dois ou mais homens se juntam. A questão é mais embaixo. E mais profunda. E em algum momento da sua vida, macho leitor, você pensa sobre ele. Sim, ele, o exame do toque! Ou exame de próstata.
Para falar sobre tema tão importante e esclarecer dúvidas, o AreaH conversou com Sidney Glina, urologista do Hospital Ipiranga, em São Paulo, e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). A primeira pergunta que vêm à cabeça quando se fala no assunto é: por que o exame do toque é indispensável? E, na sequência, outra dúvida: com o avanço da tecnologia na área da medicina, não existe método mais eficaz no diagnóstico de câncer de próstata?
Sim, diz Glina, o exame é indispensável, porque é o modo mais eficaz de diagnosticar a doença, o que responde à segunda questão. “Você tem dois jeitos de diagnosticar o câncer de próstata. Você faz a dosagem de uma substância no sangue que se chama PSA (Prostatic Specific Antigen, na sigla em inglês). E também tem o toque”, esclarece, lembrando que o diagnóstico final e preciso é dado com os dois exames.
O PSA é produzido na próstata e eliminado junto com o sêmen, ajudando o espermatozoide no processo de fecundação. As células cancerosas produzem uma quantidade maior de PSA do que as células normais. Por isso, se há altas taxas da substância no exame de sangue, existe a possibilidade de tumor na próstata.
Segundo o urologista, existem tumores pequenos (cerca de 85% do total) que não são identificados quando se faz o exame físico, mas apontam o PSA alto. Mas, os 15% restantes não apontam PSA alto, porque são tumores piores.
O exame físico é rápido, simples e indolor. Com luvas de plástico ou látex, o médico usa o dedo indicador para sentir a próstata, o que leva menos de 10 segundos. O toque possibilita ao urologista notar se há alguma nodulação, alguma alteração na consistência e no tamanho. Isso é fundamental para o diagnóstico, porque há endurecimento e crescimento da próstata em caso de presença de tumor. Nesse caso, normalmente o urologista indica a realização de biópsia da região para confirmar a suspeita de câncer.
O câncer de próstata é o tumor mais detectado entre os homens e atinge boa parte da população acima dos 50 anos. Mas, se constatado no início, pode ser curado. Por isso, é importante realizar os dois exames todos os anos.
“Se você tiver caso na família, é preciso realizar o exame do toque a partir dos 40 anos, porque o antecedente genético é importante nesse caso específico do câncer de próstata. Se não há casos na família, entre os 45 e 50 anos”, recomenda Glina.
É comprovado que se o médico examinar pacientes com câncer de próstata somente com o PSA, vai identificar o tumor em 70 a 90% dos casos. Se realizar somente o exame do toque, o urologista detecta câncer em 80 a 95% dos casos. Por isso, o diagnóstico mais preciso acontece com a combinação dos dois exames.
Segundo Glina, em geral, o brasileiro faz o exame, apesar das piadas e do machismo. Mas tem muitos que não fazem. “Não são muitos, mas tem homem que se recusa, não quer, não vai ao médico. Tem paciente que chega já com câncer avançado porque não fez o exame. O pessoal tem muita preocupação com o toque. A maioria vai ao consultório e brinca, faz piada. Quando há campanha para se detectar câncer de próstata no Brasil, o pessoal vai. O homem brasileiro vai, procura fazer o exame. A maioria faz piada, tudo, mas acaba fazendo”.
Por isso, amigo e macho leitor, faça como a maioria dos brasileiros e seja feliz! Não deixe de realizar os exames todos os anos. Para mais informações acesse www.sbu-sp.org.br.