Já alertamos anteriormente aqui no AreaH, mas vale repetir: os homens jogam na vida, sim, mas saem pra comemorar; enquanto isso, as mulheres estão jogando o tempo inteiro. Elas estão disfarçadas a todo momento, encarnadas em mães, irmãs, primas, amigas e principalmente, nas amantes.
Fernanda Factory sabe muito bem disso. Com 38 anos e esbanjando alto-astral, ela coleciona inúmeras confissões e informações “privilegiadas” do universo do futebol. “Se eu for falar tudo o que sei, casamentos serão destruídos e vai ter uma chuva de processos (risos)”, brinca Factory. A jornalista esportiva conseguiu desde balançar o casamento do atual técnico do Grêmio, Vanderlei Luxemburgo, até arrancar de David Beckham que ele é mesmo “um cara sensível”, mas que nunca usou “calcinha”.
Há dez anos, ainda no jornal Agora, a ousada jornalista criou Mari Futy, uma típica maria-chuteira sem papas na língua, personagem sob qual ela começou a especular a vida dos jogadores de futebol. Quando atraiu o interesse do Lance!, Mari Futy era definida pelo impresso esportivo como uma maria-chuteira “descolada que faz comentários na coluna e entrevista jogadores para tirar deles tudo o que você quer saber, mas não tem coragem de perguntar”.
Amiga de Roberto Carlos e Cafú, Factory conta que apesar de ser uma negação na hora de jogar uma pelada, admira bastante personalidades do esporte como Muricy Ramalho, Felipão e principalmente Tele Santana. A comunicadora garante que estes técnicos não levam, ou levavam, “grana de empresários pra por [jogadores] no time (não estou dizendo que os outros levam). Mais de 90% faz isso. Estes ninguém compra, não têm conchavos”, revela ela.
Filha do ex-craque, Dionízio Viel, o Mexicano, zagueiro do Palmeiras em 1958, Factory chegou a passar no colo de grandes ídolos alviverdes na infância, como Ademir da Guia e Oberdan Cattani. “”Quis ser repórter muito cedo por causa disso. Com 15 anos já cobria os grandes clubes fazendo redação na Gazeta Esportiva”, relembra ela. Insistente, sua entrevista com Romário mudou o curso da história do futebol, já que nela o jogador e atual deputado federal comprometeu sua convocação na seleção, desabafando que “tem tudo pequeno” e “detonando todo mundo”, de acordo com a jornalista.
“Demorou três meses para conseguir. Quando finalmente marcamos o dia, pouco antes da entrevista rolar, Romário deu para trás. Aí eu falei: ‘Se liga, você disse que iria dar a entrevista e agora não vai dar?! Você tem palavra ou não tem? Eu brigo com eles!’, revela Factory.
Quando o Flamengo foi tricampeão em cima do Vasco, Mari Futy também estava lá, porém não para comemorar. A astuta maria-chuteira descobriu que o capitão do time vencedor também havia sido assaltante. “É engraçado, eles se entregam comigo. Eu acho que vou com jeitinho e eles confiam que eu não vou deturpar”, sugere a modesta criadora da personagem.
Beto, ou Beto Cachaça como era chamado pelos mais próximos, concedeu uma entrevista a Factory por telefone, que pacientemente aguardou o momento certo para fisgar a bola-fora. O jogador admitiu à jornalista que havia entrado no Botafogo em troca de 50 pares de chuteiras, embora passasse fome. Quando questionado sobre a origem do dinheiro para comprar as chuteiras, ele se abriu: “Já fiz muita coisa na vida. Já rodei e meti bala em nego, mas nunca acertei um tiro. Nunca matei ou mexi com droga. Fui chefe de uma gangue, seis homens e duas mulheres trabalhavam pra mim. Se não fosse o Botafogo, eu já teria sido morto ou preso”, disse o capitão, de acordo com a filha do ex-craque.
Alguns jogadores realmente se empolgam e acabam expondo traços muito particulares de suas personalidades. Numa entrevista com o Ronaldinho Gaúcho, Mari Futy perguntou o que ele faz “se ela pede pra bater na hora H?”. O humilde e talentoso craque do Flamengo foi categórico: “Aí eu desço o braço!”. Já o Viola (lembra dele?) reafirmou sua masculinidade perante Factory, declarando: “Eu nunca abrochei”.
A mentora por trás de Mari Futy admite que já foi alvo de paqueras por diversas vezes, no entanto relembra que nem todos os atletas jogam no time dos héteros. “Eles tentam não porque gostam de mim, mas só pra falar que pegou a Mari Futy nos vestiários. Não vou dar ‘arma pra bandido’. Pode ter havido alguns pouquíssimos que gostaram realmente de mim. Acho que alguns deles pegam traveco porque estão enjoados de mulher”. A jornalista vai mais além e revela o voyerismo entre jogadores, afirmando que “eles adoram dividir mulheres e ficar observando uns aos outros.”
Diante desta verdadeira “wiki” dos escândalos esportivos, o AreaH fez um bate-bola com Fernanda Factory para saber um pouco mais sobre seu personagem e como é viver “agarrando” as bolas-foras das celebridades do futebol.
AreaH: Como e quando surgiu a Mari Futy?
Factory: A personagem já tem dez anos. Eu trabalhava no jornal Agora e sugeri uma coluna de entretenimento juntamente com uma personagem que faria comentários engraçados sobre os jogadores. No início era só uma carinha. Surpreendentemente comecei a receber ligações no jornal onde os leitores perguntavam se poderiam falar com a Mari Futy. Eu achava estranho e atendia. Comecei a perceber o potencial da personagem. Recebi um convite para ir trabalhar na revista do Lance! e lá eu ganhei quatro páginas de coluna e a Mari tomou um corpo. Ficou como eu imaginava: uma "imitação" das marias-chuteira. Mas desde o começo ela nunca foi maria-chuteira. Pelo contrário.
Ela satiriza as marias-chuteira porque se sente a poderosa. Afinal de contas tem acesso aos jogadores mais famosos. Sonho de consumo de toda maria-chuteira (risos).
AreaH: Quais são as historias mais escabrosas que você sabe sobre jogadores?
Factory: Se eu for falar tudo o que sei casamentos serão destruídos e vai ter uma chuva de processos (risos). Não vou dizer que são todos. Só que jogador de futebol costuma ser mulherengo mesmo. E tem os que são homossexuais. Existe em todos os meios e também no futebol. O preconceito ainda é muito grande; por isso nenhum saiu do armário em público. É tudo verdade o que sai no jornal sobre eles: as festinhas com marias-chuteiras. As bebedeiras... Hoje está tudo muito exposto. Na concentração – quando é em hotel – rola de a mulherada se hospedar e ter festinhas nos quartos onde ninguém é de ninguém. Não são todos os times e nem em todas as concentrações. O fato é que isso existe. E a esposa acha que o marido está concentrado para o jogo... Complicado! Nas entrevistas mesmo que eles dão para a Mari às vezes confessam que são infiéis e eu falo: ‘Se liga no que está me dizendo’. Aí eles:’Eu fiquei empolgado com a entrevista e falei demais. Não coloca aí não’. Tem uma história engraçada que aconteceu em um grande time paulista. Fizeram uma aposta que um jogador casado e machão teria que fazer sexo na concentração com um outro assumidamente homossexual para o grupo ver. Tudo por diversão. Aí o tal machão falou que por R$ 50 mil ele fazia. Na hora apareceu o dinheiro. Eles amam uma farra. Mas antes de acontecer dizem que a mulher do machão descobriu e não rolou. Eu acho que rolou...
AreaH: Você já recebeu alguma represália ou crítica incisiva por satirizar jogadores?
Factory: Acredita que não! Eles morrem de rir de tudo que a Mari fala. Levam numa boa quando diz que o cabelo está feio. Que a roupa é brega. É que a personagem tem um jeitinho todo especial de satirizar. Ás vezes eles nem percebem! Porque na real são meio inocentes. Se acham super espertos...É um meio machista e difícil. Você pensa que eu não sofro? Pelas costas falam que eu transo com jogadores para conseguir entrevistas (risos). Se eu fizesse isso, jamais conseguiria. Os repórteres de futebol não gostam de “perder” para a mulher.
AreaH: O quão difícil é acessar uma celebridade como David Beckham?
Factory: Diria que é quase impossível. Eu só consegui uma entrevista exclusiva com ele porque conhecia o Roberto Carlos desde a época em que ele chegou no Palmeiras. Eu cobria o clube todos os dias. E o Roberto Carlos (lateral) é muito amigo do David Beckham. Aí ele fez um pedido pessoal para ele me conceder uma exclusiva quando jogavam juntos no Real Madrid. Eu fui para a Espanha e fiz exclusivas com ele; com o Figo e outros. Foi bem legal. Os dois foram muito simpáticos e concederam as entrevistas sentados em uma escada na maior simplicidade. No futebol tudo é questão de ter os contatos certos e credibilidade. Por isso que sempre consegui entrevistar quem eu tive vontade. Tem que ser insistente. Dá trabalho.
AreaH: Você usa alguma técnica para "arrancar" segredinhos dos esportistas?
Factory: Acho que a melhor técnica de entrevista é você realmente prestar atenção nas respostas durante a entrevista e pelas respostas ir fazendo outras perguntas. Não pode ter vergonha de perguntar. Eu pergunto tudo. O segredo é saber como perguntar. Eu não tenho problemas de perguntar para um jogador se ele já foi traído ou se é homossexual. Perguntar não ofende. Eu digo a eles que quando pergunto estou dando a chance de eles esclarecem uma situação que geralmente já está na boca do povo! Tem que ir com jeitinho...
AreaH: O que a Mari Futy está fazendo atualmente?
Factory: Está mais quente do que nunca e voltando a atuar no futebol. Ainda não posso revelar onde. Só posso falar que está mais bonita. Meu projeto – além da mídia escrita – é colocar a Mari na TV como desenho animado. Ela vai entrevistar o jogador como um personagem animado. O problema é que animação tem um custo alto e aí tem que achar um bom investidor ou uma emissora disposta a bancar. Tirinhas com a Mari também ficariam muito boas. Enfim: ela virá com uma nova roupagem e com aquele pique para perguntar tudo o que todos querem saber dos jogadores e não tem coragem de perguntar! Essa é a fórmula do sucesso da Mari. Ela joga no ataque (risos).
AreaH: Quem você não tolera no futebol?
Factory: Pra começar acho que não sou só eu (risos). Todos sabemos que ele não é nada querido. Não gosto do Leão porque ele me desrespeitou em algum momento. Prefiro não falar de que maneira, pois acho muito baixo. Ele não merece que se fale dele. Não gosto de gastar vela com defunto barato. Ele também não gosta de mim.
AreaH: Você é solteira?
Factory: Sim, estou solteira atualmente.
AreaH: Como é a rotina da Fernanda Factory?
Factory: Eu não tenho muita rotina. Cada dia é um dia. Trabalho, vou à academia, cuido de uns outros negócios que tenho, faço compras para casa, viajo; pago contas... Não sou de sair muito à noite. Estou bem tranquila. Prefiro ficar em casa e ler um bom livro. Não tem glamour nenhum em minha vida. E ao contrário do que imaginam eu não vou em festinhas de jogador de futebol e nem sou a melhor amiga de ninguém. Essa coisa de andar com celebridade não me anima! Tem gente que se deslumbra. Eu não. Quem tem fama e dinheiro são eles e não eu. Vivo a minha realidade e gosto de da minha vida como é.